Fortaleza - A escolha de Niko (Thiago Fragoso) e Eron (Marcello Antony) por uma barriga solidária em ‘Amor à Vida’ não agradou ao público e mudou o rumo dos personagens. Segundo o resultado de um grupo de discussão sobre a novela, o casal foi considerado preconceituoso por não tentar a adoção para realizar o sonho da paternidade.
Então, além da filha gerada por Amarilys (Danielle Winits), Niko e Eron vão adotar uma criança negra e já crescida na trama. Na vida real, a atriz não descarta essa possibilidade. “Penso em adotar, mas teria que ser um encontro, uma coisa especial. Vamos deixar o tempo dizer”, frisa Danielle.
Portanto, uma nova família está prestes a se formar na novela das 21h. Amarilys não só topou ser a barriga solidária para os amigos terem o tão desejado filho como decidiu, sem consultá-los, ser a mãe biológica da criança. A médica teve o próprio óvulo inseminado.
Winits entende a atitude da personagem. “Ela agiu de forma antiética, colocando o óvulo dela sem avisar aos amigos, mas não fez isso em função de ser uma vilã. Amarilys é uma mulher de trinta e poucos anos que ainda não foi mãe, que não construiu uma família. É muito mais para preencher esse rombo emocional do que um ato de vilania. Claro que isso vai resvalar para um lado negativo. Mais para frente, haverá uma discussão jurídica. Se ela é mãe, terá ou não direitos sobre essa criança? E a paternidade? Agora, eles não querem saber quem é o pai biológico, mas e quando ela engatar o romance com o Eron?”, questiona a atriz.
Mesmo diante da polêmica, Winits diz que seria capaz de gerar o filho de outra pessoa. “Como ser mãe (de Noah, 5 anos, e Guy, de 2) é a coisa mais maravilhosa da minha vida, seria ótimo poder amenizar o sofrimento de uma pessoa que eu amo, dar essa felicidade mesmo que não seja 100% e da maneira mais tradicional. Eu faria, sim”, garante.
Para colocar ainda mais lenha na fogueira do casal homossexual, a dermatologista ainda terá um caso com Eron. Diante da situação, a atriz admite que não vê problema em se relacionar com um gay. “A Amarylis é uma mulher moderna. Se achar um homem bacana, interessante, por que não? Ela não tem esses conceitos tão tradicionais. Eu também não teria. A gente se apaixona pela pessoa, pelo que ela representa. O que fez ou deixou de fazer, se casou, descasou, teve filho ou não, faz parte da história dela”, justifica.
Para Winits, a trama tem essa função social: “É bom para as pessoas terem acesso ao que está acontecendo, senão fica todo mundo vivendo o que não é real. Estamos passando por uma série de questionamentos. Me sinto muito honrada de ter uma personagem forte, desbravadora, que está sujeita a ter uma família diferenciada, por mais que queira uma tradicional. Ela está buscando um caminho. Se vai ser ao lado dos dois, de um deles ou sozinha, eu ainda não sei”.
Danielle acredita que a criança criada em uma família assim está mais preparada para encarar os percalços: “Elas têm uma visão menos hipócrita da vida”. E o que faria se seu filho assumisse que é gay? “O medo que o filho sofra é o que empaca tudo. Se for uma opção, ele vai ter que passar por isso. Você lidar com a verdade desde cedo é muito mais fácil e menos doloroso. Meus filhos são pequenos. Ainda estou na fase do tobogã, mas não tenho essa preocupação porque tive uma criação transparente, de muito diálogo. Acho que vai ser bem natural quando eu tiver que conversar com eles sobre sexo, namoro, drogas. Sempre tive uma mãe muito mais amiga do que uma matriarca. Por não ter sido tão rígida, foi mais fácil para mim. Nunca precisei mentir nem fugir”.
RAZÃO OU EMOÇÃO
Pierre Baitelli, o médico Laerte de ‘Amor à Vida’, responsável pela inseminação irregular de Amarilys, condena a atitude antiética do personagem. “Não concordo com o fato de o Laerte infringir as regras do Conselho Federal de Medicina, de uma ética médica, mesmo que tenha sido guiado pela emoção para realizar o sonho de uma amiga. Mas estamos falando de uma obra de ficção, onde as tramas, criadas brilhantemente pelo Walcyr (Carrasco), se tornam mais interessantes quando contrapõem o ético ao antiético. Isso torna tudo mais crível dentro da realidade que vivemos. Independentemente disso, como ator e defendendo o meu personagem, espero que, se descoberta a infração, a punição não seja tão grave ao ponto de o Laerte ter o seu registro cassado. Acredito que, mais tarde, ele irá se arrepender em concordar com a proposta da amiga justamente pelo fato de ter posto em risco a sua carreira”, avalia Pierre.
RELAÇÃO FILHOS E PAIS
Mãe de Noah, 5 anos, do casamento com Cássio Reis, e de Guy, 2, da relação com Jonatas Faro, Danielle Winits, além de cogitar a possibilidade de adoção, ainda pensa em ter mais um filho, agora com o atual marido, Amaury Nunes. Em passeio no Beach Park, em Fortaleza, deu para perceber o carinho e o cuidado que ele tem, principalmente com o caçula da atriz. “Fui abençoada com ele na minha vida. Ele é tão pai quanto o pai biológico.