Rio - São poucos minutos na tela, mas a visão é inconfundível. Quando as imagens de Marechal Hermes surgem na abertura e nos capítulos de ‘Além do Horizonte’, da Globo, os moradores do bairro da Zona Norte do Rio se enchem de orgulho, como se ali fosse Hollywood, a capital mundial do cinema. Além de ser o endereço onde mora o protagonista da trama das sete, William (Thiago Rodrigues), o local serve de cenário ainda para produções como a novela ‘Pecado Mortal’, da Record, e a próxima série da Globo, ‘A Segunda Dama’, que estreia em 2014. Com ruas calmas e arborizadas, próximo à área militar, o bairro do subúrbio virou o cenário preferido das emissoras e até do cinema — lá também foi filmado o longa-metragem ‘Billi Pig’ (2011).
“Isso traz uma grande visibilidade para Marechal. A área passou por obras uns cinco anos atrás e,
por isso, acho que vem atraindo as produções de novelas e filmes. Além de aparecer muito na TV, pode trazer o interesse do governo para fazer as melhorias de infraestrutura que o bairro ainda precisa. Na última chuva, isso aqui encheu”, diz o militar Sérgio José de Souza Junior, de 27 anos, criado na região desde “moleque”.
Na esquina da Avenida General Osvaldo Cordeiro de Farias com a Rua Jorge Schmidt fica a casa do protagonista de ‘Além do Horizonte’. Além da fachada da residência do personagem, muitas cenas são gravadas em frente à estação de trem e na Praça Montese, frequentada por muitas crianças e idosos. Quando os atores estão por lá, os moradores se juntam para assistir à gravação, tirar fotos e pedir autógrafos. “Gosto de ver o bairro na novela da Globo. Se ele está sendo tão solicitado, é porque tem algo bom a oferecer. Eu e minha neta sempre assistimos”, conta a dona de casa Maria Elisabeth dos Santos, de 55, ao lado da netinha, Lilian, de 11.
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Como todo ‘marechalense’, a assistente de contabilidade Claudia Alves, de 45, e a mãe, Alnira Maria Alves, de 66, também apontam vantagens na exposição nacional que o bairro ganhou. Elas lembram, inclusive, que outras novelas da Globo se passaram no local, como o remake de ‘Pecado Capital’ (1998), em que Lucinha, a operária de uma fábrica de roupas vivida por Carolina Ferraz, morava numa rua de Marechal.
“Como se trata de um bairro residencial e é muito usado como cenário, gostaria que fizessem
melhorias”, reivindica Claudia. “Assisto à novela das sete, vejo a casa do William, mas acho que a
prefeitura tem que dar uma olhadinha também para o nosso bairro”, faz coro a aposentada Alnira.
Há três meses, a convite do ‘Vídeo Show’, Carolina Ferraz voltou à região onde gravou o remake como a suburbana que namorava o taxista Carlão (Eduardo Moscovis). Ela passeou pela estação, visitou a casa de rua da personagem e encontrou uma antiga moradora que ainda guarda revistas da época e uma foto da atriz com os vizinhos. “Gostei muito de visitar Marechal Hermes. Foi reviver o passado”, disse a atriz.
melhorias”, reivindica Claudia. “Assisto à novela das sete, vejo a casa do William, mas acho que a
prefeitura tem que dar uma olhadinha também para o nosso bairro”, faz coro a aposentada Alnira.
Há três meses, a convite do ‘Vídeo Show’, Carolina Ferraz voltou à região onde gravou o remake como a suburbana que namorava o taxista Carlão (Eduardo Moscovis). Ela passeou pela estação, visitou a casa de rua da personagem e encontrou uma antiga moradora que ainda guarda revistas da época e uma foto da atriz com os vizinhos. “Gostei muito de visitar Marechal Hermes. Foi reviver o passado”, disse a atriz.
Moradora de Marechal há apenas quatro meses, a professora Carolina Souza, de 29, ressalta as
qualidades do local para ser escolhido como locação: “Tem ruas bem tranquilas. As melhores coisas são o comércio e o transporte, tanto ônibus quanto trem, que nos levam para qualquer lugar da cidade.” Mas a segurança, apesar da proximidade da Vila Militar, ainda deixa um pouco a desejar. “É complicado”, lamenta.
Em breve nas telas
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O conjunto habitacional que fica entre as Ruas Edésio e Francis Hime, chamado carinhosamente pelos próprios moradores de “pombal”, é o endereço das gêmeas Marili (a boa) e Analu (a má) vividas por Heloísa Périssé na série ‘A Segunda Dama’. A atriz já fez cenas num dos apartamentos e no meio da rua com José Loreto, o corretor de imóveis Caíque, com quem trocou tapas e beijos.
As gravações, que começaram mês passado, sempre juntam uma pequena multidão. “Acho legal, a gente vê os artistas. Outro dia, vi o Thiago Rodrigues gravando por aqui. Mas, às vezes, atrapalha um pouco o movimento da rua, e os moradores têm que dar a volta para passar”, conta a dona de casa Marileusa Araújo Ferreira, de 55 anos. Apesar de um ou outro problema, as equipes são sempre recebidas de braços abertos. “Aparecemos entre outros tantos lugares bonitos. Isso valoriza o bairro”, festeja a estudante Jéssica Medeiros Rodrigues, de 20.
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Rua com casinhas que mais parecem cenográficas
As casinhas até parecem cenográficas, mas são de verdade. Na Rua Engenheiro Emílio Baumgart, em Marechal Hermes, duas residências que mantêm o estilo arquitetônico dos anos 70 foram escolhidas como cenário da novela ‘Pecado Mortal’, da Record. Foi lá que o autor Carlos Lombardi colocou para morar o bancário Anjo (Daniel Del Sarto) e o alfaiate Jurandir (Fabio Villa Verde).
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“Era necessário um lugar em que nós pudéssemos chegar de trem, já que Anjo utiliza esse meio de transporte para se locomover pela cidade. Além disso, Marechal Hermes é um bairro suburbano que possui um charme e um apelo histórico”, explica o diretor da novela, Alexandre Avancini.
Apesar de ser um dos poucos bairros do Rio que não estão em obras, Avancini garante que a opção, feita pelo autor, pouco teve a ver com os projetos da prefeitura na cidade: “A escolha foi feita a partir do texto e das ideias do autor. Precisávamos apenas de duas casas vizinhas no bairro e optamos (por um local) onde a vizinhança fosse mais tranquila.” Os donos das casas recebem cachê da emissora para ceder o lugar para gravações.
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Na mesma rua usada pela novela da Record, Grazi Massafera, Preta Gil e Selton Mello filmaram algumas sequências do longa-metragem ‘Billi Pig’, há dois anos. “Foi um alvoroço, a rua ficou cheia de gente para ver a filmagem. A Grazi foi muito simpática com todo mundo”, lembra a dona de casa Heloísa Franco, de 59, orgulhosa moradora do bairro.
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