Por daniela.lima

Rio - Há quem diga que família é tudo igual, só muda o endereço. Mas, para Júlia Lemmertz, a vida real tem poucas coincidências com a história de sua personagem, a Helena de ‘Em Família’, que sofre o drama de uma paixão pelo primo que teve desfecho traumático e dividiu a família. Em comum, só o nome de sua filha, Luiza, o mesmo da personagem de Bruna Marquezine. A Luiza de Júlia tem 25 anos e é irmã de Miguel, 13, fruto do relacionamento da atriz com o ator Alexandre Borges, com quem está casada há duas décadas. 

Júlia Lemmertz conta que sua relação com o marido e os filhos é bem diferente da vida de HelenaMaíra Coelho / Agência O Dia


“Tenho uma família estruturada. Eu e minha filha somos parecidas fisicamente, mas diferentes no temperamento. Passamos por embates na adolescência dela, mas isso já acabou. Hoje, ela vive em São Paulo, onde faz teatro, e já segue a própria vida. O Miguel, até pela idade, é mais companheiro. Sou presente e protetora, mas crio os meus filhos para o mundo, pois quero que entendam, ouçam os outros, sem preconceito, não façam distinção e sejam responsáveis por seus atos. Criar filho sempre foi tarefa importante. Não digo difícil, porque fica parecendo uma coisa ruim. É incrível. Aprendi a ser mãe com minha filha. Fiquei melhor, mais corajosa, mais forte.”

E se o assunto é a sua protagonista, a atriz defende que Helena amadureceu. “O passar do tempo trouxe vivência e, por isso, o seu amadurecimento. Mas ela não esqueceu o passado. É um pouco guardiã de sentimentos controversos: tem uma vida bacana, uma filha e é feliz no casamento. É uma mulher pra frente, que não ficou amarrada a uma bola de ferro no mesmo lugar. Mas não perdoa”, avalia.

Para Júlia, diferentemente de Helena, o passado ficou para trás. “Neste ponto, a gente diverge. Sou muito budista neste sentido. Vivo o dia de hoje. O que passou tento deixar no passado. A coisa já foi, já causou dor ou alegria e já te transformou. O que vale é o dia de hoje. O futuro a gente também não sabe. Hoje é o resultado do que se viveu mais a sua percepção do que está acontecendo. Mas compreendo a Helena e o seu apego ao passado, porque há um senso de justiça muito forte. Helena é feliz? É. Mas foi para um lado que não tinha planejado. Ela é heroína trágica. Quer consertar as coisas, mas sabe que não é possível. Mas é o autor quem vai decidir. O que vai acontecer, eu não sei.”

Sobre as críticas à diferença de idade entre a atriz e a personagem — ela tem 50 anos e Helena, 40 — Júlia rebate: “Isso é teatro, estamos brincando de ser alguma coisa. Já fui mãe do Wagner Moura em ‘JK’ e do Selton Mello em ‘Meu Nome Não é Johnny’, em que minha personagem começa como mãe aos 28 anos e vai envelhecendo. Na época, ninguém achou isso estranho. As pessoas viram e gostaram. A gente está aqui para fazer o que pode. Se o diretor achou que pode e o autor também, pronto. Isso é assunto encerrado para todos. Ou prestam atenção na história e como se desenvolvem as relações ou vamos viver a vida real. Então, para ter vida real, é melhor ver ‘Big Brother’. Novelas têm personagens, e não pessoas reais. Temos que parar com esse preciosismo.”

A atriz jura que nunca fez plástica. “E não faria para uma novela”, garante. O segredo para manter a forma? Meditação e alimentação. “Cuido de mim desde sempre. Faço meditação há 30 anos e me alimento direito. Sou atriz e preciso estar bem, ter corpo ágil. Eu quero me sentir bem.”

DEDICAÇÃO TOTAL

Quando Júlia Lemmertz descobriu que viveria a última Helena do autor Manoel Carlos, no folhetim do horário nobre, veio a excitação. Era 2011, a atriz ainda gravava ‘Fina Estampa’, em que interpretava Esther, e percorria o país com a peça ‘Deus da Carnificina, uma Comédia sem Juízo’. “Primeiro, fiquei muito excitada. Todos me perguntavam como seria. Depois, preferi me desligar, para relaxar. Quando recebi a sinopse — em meados de 2013 —, eu religuei. Foi então que comecei a me encontrar com Natália (do Vale) e Bruna (Marquezine) para falar sobre as personagens e também a visitar leilões. Foi um período incrível, muito rico”, conta Júlia, que interpreta uma leiloeira, filha de Natália e mãe de Bruna, na terceira fase de ‘Em Família’.

Desde o final de ‘Fina Estampa’, a Globo reservou a atriz, que seguiu apenas com o teatro até julho do ano passado. “A ideia era mesmo ficar um tempo sem fazer nada, me dedicando a mim mesma, à minha casa, à minha família, e pensando em espetáculos para depois da novela”, lembra a atriz.

Ela garante que não terá projeto paralelo enquanto der vida à heroína de Maneco. “Não dá para fazer tudo ao mesmo tempo. Se desdobrar entre teatro e TV é muito cansativo. Não temos dia de folga, o fim de semana é todo comprometido. É custoso”, avalia.

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