Rio - Aos 50 anos de carreira, completados no último dia 29, Tony Ramos se sente um ator realizado. Como ele diz nesta entrevista: “Sou muito feliz do jeito que sou. Satisfeito com os meus pelos, com o meu nariz, e sei o lugar que ocupo como ator. Este ano está sendo muito legal. Fiz o longa-metragem ‘Os Últimos Dias de Getúlio’ e agora estou na novela ‘O Rebu’, como Carlos Braga, que estreia dia 14, às 23h, na Globo. Realmente, não tenho do que me queixar.”
Você assistiu a ‘O Rebu’ em 1974?
Na época, eu fazia teatro de terça a domingo e trabalhava na TV Tupi. Só tinha folga às segundas-feiras. Mas sei o sucesso que foi, a novidade da história que se passava em uma noite. Braulio Pedroso saiu na frente da série ‘24 Horas’, tão falada hoje. Quando terminei de fazer ‘A Mulher do Prefeito’, em dezembro passado, já sabia que ia fazer ‘O Rebu’, e fiquei animado. É um clássico, assim como foi ‘Selva de Pedra’, que também era maravilhosa e não quis ver. Gosto de sair do zero, assim como foi na novela ‘Cabocla’. O ator, quando pega um texto, tem que dar ao personagem o seu colorido, interpretar o papel pela sua ótica.
Que diferenças tem o remake da versão original?
O George Moura e equipe têm uma grande história nas mãos sobre Carlos Braga e Angela Mahler (Patrícia Pillar), empresários e sócios. Angela fez um dossiê com sua advogada, Gilda (Cassia Kiss), e Carlos não imagina do que se trata. Angela ficou à frente dos negócios depois que o marido morreu em um acidente de helicóptero com os dois filhos. O George Moura já avisou que há potencialmente 14 suspeitos na história.
Na versão original, José Lewgoy interpretou Carlos Braga. Você tem receio das comparações?
Sempre haverá alguém que vai gostar mais da primeira do que da segunda versão. Mas acho que estabelecer comparações é perigoso. Como diz o ditado: “Apressado come cru.” Mas não ligo, faz parte do jogo. Como não tenho Facebook ou Twitter, fico alheio. Não sou contra, mas não é a minha praia. Não sou escravo de nada. Gosto de ler o jornal quando tomo café, faço ginástica, ando com minhas cachorras — a Mel, uma labradora de 10 meses, a Preta, de 14 anos, da raça cocker spaniel, e a Estrela, uma basset, de 11 anos — e falo até meu texto pra elas.
É seu primeiro vilão na TV. Está satisfeito?
O vilão tipo capa e espada prefiro não fazer, acho meio bobo. São mais interessantes os sociopatas, psicopatas ou um cidadão como o Carlos Braga, que não tem constrangimento e acha que pode comprar tudo. Ele é muito bem casado, adora os netos, mas, se passa uma mulher que lhe chama a atenção, ele faz uma proposta indecorosa.
Como está sendo a parceria com Bel Kowarick, que interpreta Lídia, sua mulher na novela?
É uma beleza de atriz, muito conhecida em teatro em São Paulo, que está estreando na TV. Ela tem excelente tempo dramático e divide bem as frases, mostra o que está nas entrelinhas. Nas primeiras leituras, nos entendemos. É uma grande profissional e acredito que o público vai amar.
O que você ainda não fez e adoraria fazer, seja na TV, cinema ou teatro?
Você está perguntando para o ator errado. Gosto de ser surpreendido, como fui nesses últimos papéis.
O Aguinaldo Silva disse recentemente que sonha em ter você, pelo menos em participação, na série ‘Doctor Pri’, que terá Gloria Pires como protagonista. Que tal?
É muito simpático da parte dele e faria com a maior alegria. Em setembro, terminado ‘O Rebu’, vou à Europa lançar ‘Os Últimos Dias de Getúlio’ e, quando voltar, não sei se estarei escalado para alguma novela. Fiz uma participação afetiva em ‘Duas Caras’, novela dele. Fui na inauguração do bar do Bernardinho (Thiago Mendonça) com a minha mulher, Lidiane (foto) — eles estão casados há 45 anos —, a convite do Aguinaldo e do Wolf Maya.
Sua participação no comercial da Friboi fez sucesso. A assessoria de imprensa do frigorífico divulgou que a sua presença garantiu o aumento de 20% nas vendas no último ano. Sinal de que sua imagem tem credibilidade, não?
Acredito que sim, mas acho também que a matéria sobre o abate clandestino de carne exibida no ‘Fantástico’, em maio de 2013, chamou a atenção e a empresa, que saiu na frente com uma boa campanha, conquistou a atenção das pessoas.