Por roberta.campos

Rio - A novela “O Dono do Mundo”, atualmente, reprisada no canal Viva, foi a estreia de Letícia Sabatella na TV. A atriz, hoje com 44 anos, cada vez mais linda (“modéstia à parte total, eu também acho que estou melhorando cada dia mais”) e um dos grandes nomes da nossa dramaturgia, confessou que não gosta de assistir à reprise da trama de Gilberto Braga. Se for para chamar o público, que seja para “Babilônia”, atual novela das 21h da Globo.

“Adoro o Gilberto Braga. Eu queria estar fazendo ‘Babilônia’, acho que é uma novela que vai entrar para história. De verdade. Assim como muitas novelas que não foram sucesso na época entraram para história, como ‘Saramandaia’. Foram tramas que não alcançaram o sucesso absoluto na época porque traziam alguma coisa para cutucar um pouco mais o público. Eu vejo assim ‘Babilônia’. As pessoas precisam ver ‘Babilônia’", afirmou na coletiva de lançamento da série "Amorteamo", na noite de quarta-feira.

Letícia Sabatella ao lado de Marina Ruy Barbosa e Arianne Botelho no lançamento da série 'Amorteamo'Marcello Sá Barretto / Ag. News

"‘O Dono do Mundo’ é legal, mas tenho um pouco de medo de as pessoas estarem me vendo. Eu era péssima atriz, pelo amor de Deus! Eu não consigo ver (risos)”, completou.

Letícia está no elenco de "Amorteamo", nova série da Globo. O projeto de cinco capítulos estreia no dia 9 de maio e tem texto de Cláudio Paiva, Guel Arraes e Newton Moreno. A direção geral é de Flavia Lacerda.

Letícia pode apostar que esse, assim como outros projetos que já participou, ela vai querer ver e rever: “Não tenho muita paciência de ficar me vendo no passado. Às vezes eu fico tão viciada em um trabalho que vejo sem parar, como ‘Hoje É Dia de Maria’. ‘O Clone’ é uma novela que me diverti muito revendo, por exemplo. Foi bem legal. E acho que esse aqui eu também vou ver sem parar”.

Na história, Letícia vive Arlinda, uma mulher que vê seu amor-amante ser assassinado e voltar à vida dos vivos como morto para assombrar seu marido, Aragão (Jackson Antunes). “Imagina, é o sonho realizado de Arlinda! O amor que morreu retorna da morte para estar com você. Num primeiro momento é uma utopia realizada, é o sonho que ela não podia ter sonhado melhor. Mas nada é como antes. A vida é cheia de movimento, e aquilo lá que eles viveram era uma ideia que ficou no passado. Depois vai chegar um reconhecimento de que temos que aceitar a morte, o fim de algumas coisas, e que elas não são as mesmas nunca”, filosofa.

Como o assunto é macabro, perguntamos como Letícia lida com o fato da finitude da vida. “Eu sou contra, totalmente contra a morte dos outros. A medida que vou experimentando perdas irrevogáveis que a morte traz, eu vou me preparando para a minha própria morte. Vai ficando mais barato morrer. Acho a perda pior. Eu sou muito contra morte, brigo mesmo, não gosto, não”, falou.

Arlinda tem um lado dark que constrói e exibe ao longo da história. Para Letícia, como todos nós, fazer a ponte do equilíbrio entre luz e sombra que é o grande X da questão. “Quando criança, somos mais livre e não temos esse julgamento do que é esse lado escuro. Mas em determinado momento você começa a se culpabilizar e se idealizar. Acho que por um tempo eu me idealizei e ficava querendo contar qualquer fagulha de qualquer coisa”.

Ela continuou: “Hoje em dia em percebo que o reconhecimento do meu não, do meu limite, é muito amoroso também. Antes eu sempre ia tentando alargar meu limite como se eu fosse muito capaz, porque eu queria perseguir esse generosidade absoluta como utopia. Cheguei à conclusão que a generosidade vai ser encontrada no equilíbrio. É ali que vou reconhecer que sou ser humano, que sou luz e sombra, que posso sentir todas as coisas e é correto você ter esses sentimentos de inveja, ciúme, mágoa, medo… O que seja. Se você quer a generosidade como objetivo - e eu quero -, te ajuda o reconhecimento dos seus limites, com certeza”.

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