Rio - Com ela não tem tempo ruim. Aos 36 anos, a paulista Maria Júlia Coutinho, ou simplesmente Maju, como prefere ser chamada, consegue transformar a mais complexa previsão meteorológica em informação leve e objetiva no ‘Jornal Nacional’. Mesmo sujeita a chuvas e trovoadas ao interagir com os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, a nova moça do tempo do ‘JN’ jamais perde a pose, a elegância e a naturalidade.
“O que cola é que sou espontânea. Sou uma pessoa fácil de se levar, meu astral é legal. Gosto disso. Sou daquele jeito que apareço no vídeo”, diz ela, que se encaixou ao novo formato do telejornal da Globo, cada vez mais informal, mas ficou insegura na estreia. “Não tinha ideia de como seria. Pensava em como seria ver o Bonner e a Renata em pé.”
Fora da bancada, o apresentador e editor-chefe do ‘JN’ também tem se mostrado mais descontraído nas brincadeiras com Maju. E ela garante que tudo flui naturalmente. “Acho que passa uma coisa de almas que se encontram. Eu adianto os temas que vou falar, dou algumas informações e deixo para ele fazer as perguntas. Isso está dando jogo. A gente combina pouca coisa”, conta a apresentadora, que fica na redação em São Paulo e mal conhece o chefe. “Nos encontramos uma vez e falei um ‘oi’.”
Ao vivo, Maju já corrigiu Bonner, quando ele usou a expressão “tempo bom” e ela questionou: “tempo firme?”. Na semanada passada, foi a vez de o editor-chefe pedir “calma” à jornalista, que queria começar logo dando as previsões do tempo. Mas, garante ela, não tem climão.
Maju é alvo de comentários racistas na página do Jornal Nacional em rede social
“Até agora, me senti à vontade com as brincadeiras. Em nenhum momento fiquei constrangida ou sem graça. Acho que os apresentadores estão lá para somar forças”, comenta Maju, recordando a primeira vez em que Bonner a chamou pelo apelido usado pelos colegas de redação. “Sabia que um dia ele ia me perguntar. Mas, quando ele tomou a iniciativa, me pegou de surpresa. Foi a única vez que eu fiquei sem jeito”, confessa.
Apesar do sucesso, a jornalista é bem pé no chão. “Ganhou uma dimensão que eu não esperava. Mas faço terapia há muito tempo, o que ajuda a dar uma baixada de bola. Tento levar isso com serenidade. É uma energia positiva que me alimenta e me impulsiona a fazer o melhor”, esclarece ela. “Estou vivendo uma lua de mel com o público.”
Maju começou a carreira na TV Cultura, onde foi repórter e apresentadora de telejornal. “A rua foi fundamental para o que faço hoje. Me deu esse traquejo. Tem que ser rápido”, explica. Em 2013, entrou na Globo como repórter do ‘SPTV 2ª edição’ e passou por ‘Globo Rural’, ‘Hora 1’ e ‘Bom Dia Brasil’ como moça do tempo. “Fiz teste e fui aprovada. Mas nunca foi o que pensei ou pedi para fazer”, diz.
O assédio aumentou muito, mas a jornalista, que é casada, lida bem até com quem pede previsões de tempo exclusivas. “Me perguntam se vai chover ou fazer sol. Mas costumo dizer que previsão não é precisão. Já aconteceu de eu prever uma coisa e, momentos depois, mudar tudo”, explica. Prevenida, ela não dá mole para as mudanças climáticas. “Carrego sempre um guarda-chuva na bolsa”, revela.
Nas redes sociais, Maju costuma postar informações curtinhas sobre o tempo no país e receber muitos elogios, inclusive pelas roupas que usa no ‘JN’. Mas, como ninguém é unanimidade, já foi alvo de comentários racistas, como “cabelo ruim”. “Quando é uma crítica ao meu trabalho, a uma expressão errada, eu procuro responder. Se é uma bobagem, eu não ligo. Mas se a crítica é racista e cerceia meu direito de liberdade, não deixo passar. Mas não me abalo. Gosto do meu cabelo crespo”, diz.