Rio - "Me prende". "Com um policial desses eu ia para a cadeia na hora". "Nossa, com o Dudu Poeira é cárcere privado". Essas são só algumas das cantadas ouvidas nas ruas e lidas nas redes sociais por Igor Cosso, o policial corrupto Dudu Poeira em 'Apocalipse', da Record TV. O ator se diverte com as abordagens. "Mexe com o imaginário das garotas. Policial é herói, protege a cidade do crime. Rola esse fetiche que pega bandido. E o Dudu tem uma truculência e, apesar de ser mau caráter, tem humor e é muito vaidoso também", diz o ator, que estava acostumado com personagens românticos e mais meninos. "Esse é o personagem com maior destaque que já tive na TV", atesta.
MUDANÇA
Aos 27 anos, sendo três anos mais novo do que a idade "real" de Dudu Poeira, o ator deu adeus ao corpo esguio e investiu na musculação. Além disso, ele se consultou em um endocrinologista e também com uma nutricionista. "Comecei a regrar a minha alimentação. Malhei de segunda a sábado. Cresci bastante. Troquei massa magra por músculo. Muitas pessoas notaram a diferença", comemora ele, que também está no ar como o bom moço Besalel na reprise de 'Os Dez Mandamentos'. "Agora estou mais homem, me considerava mais menino", observa.
TRAMA
Na história de Vivian de Oliveira, Dudu Poeira faz qualquer coisa por dinheiro. Trai, prende e ameaça de morte o próprio amigo em troca de grana, rouba cargas de dentro da delegacia e tira tornozeleira eletrônica de preso por algum agrado, entre outras irregularidades. "Ele só nunca matou. E além disso, mais para frente, o Dudu vai virar o braço direito do Ricardo Montana (Sergio Marone)", antecipa Igor.
E quanto ao romance com a Celeste Beyonce (Thaissa Carvalho), é para valer? "Infelizmente, ele só a enxerga como uma mulher muito linda, só pensa em usá-la e traí-la bastante. O Dudu é totalmente desapegado, ele é bicho solto, malandro. O negócio dele é dinheiro, ele tem tesão por grana. A Celeste é só para curtir", esclarece.
SEM GENERALIZAR
Apesar de ouvir dos fãs que existem policiais iguais ao Dudu Poeira, Igor pondera. "Não podemos generalizar. Temos muitos policiais bons e de caráter. É igual aos políticos ou tantos outros profissionais", defende ele.
"Não sou do Rio, sou de Belo Horizonte (MG). Uma vez, há uns quatros anos, fui parado em uma blitz, eu tinha esquecido o documento em casa e tentaram me subornar. Perguntaram o quanto eu tinha na carteira. Fiquei assustado e fiquei sem saber o que fazer. Liguei para o meu pai, levei a multa e dois dias depois fui buscar o carro. Esse tipo de atitude não representa toda uma corporação. Meu tio é policial aposentado. É um trabalho muito digno", acrescenta.
COMPOSIÇÃO
Para interpretar o investigador sem escrúpulos, Cosso até emposta um pouco a voz. "Tenho uma voz muito leve e vai para o lado garotão. Quando entro em cena, elimino isso. Até mudo minha postura para ficar mais no estilo do Dudu", explica, aos risos.
O ator conta que, como seu personagem é egoísta, manipulador, interesseiro, vaidoso e tem prazer em ameaçar e colocar medo nos outros, cada cena é uma sensação diferente. "Temos vários lados dentro da gente. O que mais interessa ao ator é pegar essas caixinhas e colocá-las para fora, expurgar os demônios o tempo inteiro. Além de tudo, é muito prazeroso. Saio cansado, parece que acabei de sair de uma briga", revela.
TEATRO
Enquanto grava 'Apocalipse', Igor planeja voltar com 'Ponte Golden Gate', uma peça que ele mesmo escreveu. "Eu ganhei alguns prêmios com esse espetáculo, que ficou em cartaz em 2016. É sobre seis brasileiros que se encontram na ponte e decidem se matar juntos. A previsão de estreia é para o segundo semestre no Rio, mas ainda estou vendo o teatro", diz.
