Fernanda Lima apresenta o programa 'Amor & Sexo', da Globo
 - Ney Coelho / TV Globo
Fernanda Lima apresenta o programa 'Amor & Sexo', da Globo Ney Coelho / TV Globo
Por Gabriel Sobreira

Rio - Em época de polarização e de discursos inflamados, Fernanda Lima, 41 anos, volta ao ar na nova temporada de 'Amor & Sexo', hoje, às 23h, de maneira didática e leve, com temas que se tornaram comuns nos debates políticos como família, feminismo e discussão de gênero, entre outros.

PRESIDENTE

O que você prioriza na escolha do seu candidato à presidência? "Priorizo o 'Ele não'. Basicamente é isso. Qualquer coisa, menos o fascismo. Estou muito preocupada porque estamos em um quadro bastante delicado. As pessoas estão realmente venerando um fascista, e isso é muito triste. Sou a favor da democracia e da alternância de poder. Está na hora de a gente mudar, mas ao mesmo tempo jamais para esse homem inominável", diz Fernanda Lima, em bate-papo antes do primeiro turno das eleições.

"Acho que (o programa) tem um impacto muito grande porque muita gente não consegue ter nenhum tipo de diálogo sobre sexualidade dentro da própria casa. A maioria das pessoas da minha idade, ou um pouco mais velhas, é fruto de famílias que não discutiam sexo, relacionamento, dentro de casa. E quando a gente fala de aceitação, de pessoas saindo do armário, aí você está falando de um universo que é muito solitário, muito sofrido", conta ela, que se diverte com as reações do público nas ruas. "Me param no aeroporto ou em qualquer lugar que eu vá. As pessoas têm uma abordagem muito íntima comigo porque a gente entra na casa delas falando sobre amor e sexo, e falam: 'Ah, deixa eu te contar uma coisa...'", lembra, aos risos.

SERIEDADE

Apesar de tratar de todos os assuntos de forma natural como merecem, Fernanda faz questão de reforçar a seriedade dos temas e das suas implicações. "Quando a pessoa liga a TV e consegue ali ter algum entendimento de que ela é legal, só é diferente e que não por isso ela tenha que ser rejeitada, abusada, esculachada, violentada, eu acho que a gente cumpre o nosso papel. Em contrapartida, a gente encontra discursos de ódio e absolutamente retrógrados, que vêm para se chocar com essa tentativa de liberdade, mas eu acho que o bem vai vencer (risos). Eu espero que o bem vença", torce.

FILHOS

Mãe dos gêmeos João e Francisco, de 10 anos, frutos do relacionamento com o ator e apresentador Rodrigo Hilbert, 38, Fernanda Lima confessa que não tem assunto proibido ou censurado na educação dos filhos. "O diálogo lá em casa é muito aberto, sincero, direto. Estou de olho neles, muito atenta para saber o que eles andam ouvindo por aí, como é que eu posso ajudá-los a esclarecer, a desmistificar coisas, e tem sido muito bom", conta ela, que vive na ponte aérea com a família, dividindo-se entre o Brasil e o exterior. "Em relação onde estou morando, prefiro não falar. Não posso expor meus filhos e muito menos meu marido. A gente está por aí. Não tem exatamente um lugar certo", justifica, com bom humor.

EDUCAÇÃO

O fato de morar fora do país foi uma decisão tomada pela família de olho na educação dos herdeiros. "Minha ideia é de proporcionar para os meus filhos um outro tipo de educação, que eu tenho estudado muito e cheguei à conclusão de que vou dar algo diferente para eles do que eu tive. Pode dar certo ou pode dar errado, mas não tem no Brasil ainda", avisa. Sobre a metodologia, a apresentadora dá só alguns detalhes. "Não é um ensino formal, não tem quadro negro, não tem o quem é o primeiro grande vencedor, o melhor do mundo, nada disso".

SEM MACHISMO

A loura diz que, pelo fato de o machismo ainda estar enraizado na sociedade, é importante que as mães tenham um olhar mais atencioso na criação dos filhos. "Os meus meninos vão cozinhar, sim. Vão costurar, sim. Usam rosa, sim. Choram, sim. Não tem esse papo de 'engole o choro'. Jamais falei e jamais falarei 'engole o choro' ou 'não chora'", conta.

CASADA

Há 17 anos em união com Rodrigo Hilbert, Fernanda diz que as relações precisam ser revistas e conversadas. "Está tudo mudando. Não adianta você pensar: 'Eu sou dele, ele é meu, a gente se ama, só vou olhar para ele e ele só vai olhar para mim, e a gente vai ficar assim para a vida toda'. Querida, acorda, mudou. A gente precisa estar preparado para todo tipo de onda que pintar na nossa vida, sem necessariamente precisar de uma separação ou algo mais radical", defende ela. Quando questionada se saberia lidar com casamento aberto, a apresentadora destaca. "Sou ciumenta. Não tenho mais 20. Acredito que quem tenha 20, hoje, já lide de uma outra maneira. Eu ainda estou presa a modelos um pouco mais antigos de relação. Tenho ciúmes, tenho relacionamento monogâmico, mas venho refletindo muito e tentando entender como posso ser melhor nesse mundo de hoje", explica.

"Mas aí as pessoas vêm e perguntam: 'Mas o que vocês fazem para apimentar (a relação)?'. A gente é casado, dorme todo dia de pijama, dorme e acorda junto, não tem muita 'apimentação' de relação. Temos que ter sonhos juntos e se valorizar, se gostar, se cuidar, e se sentir bem para o outro te ver bem também. E olhar no olho, beijar na boca, se abraçar e ficar junto, querer estar junto. Não tem muito segredo. A gente tenta com um diálogo aprofundar a nossa relação", ensina.

A gaúcha conta que, apesar de ter uma relação conservadora, existe bastante diálogo dentro de casa com o companheiro. "Quando a gente tinha os nossos 20, a gente não falava sobre nada disso. A gente mudou muito. Hoje em dia, a gente conversa. Claro que tem assuntos que são mais difíceis de conversar. Antes, se eu sentia alguma coisa, eu ficava quieta. Hoje, eu falo", revela.

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