Rafael Vitti, João Bravo, Dira Paes, Diogo Caruso e Jesuíta Barbosa  - Reprodução
Rafael Vitti, João Bravo, Dira Paes, Diogo Caruso e Jesuíta Barbosa Reprodução
Por Gabriel Sobreira

Rio - Desde 2010, quando atuou em 'Ti Ti Ti', novela da Globo, Dira Paes, 49 anos, não fazia uma novela ligada à comédia. De lá para cá, a atriz veio em uma toada de personagens fortes em tanto em novelas quanto em séries. Mas ela já tem reencontro marcado com o gênero no dia 29 de janeiro, quando estreia como Janaína Guerreiro em 'Verão 90', próxima novela das 19h, da Globo.

"Comédia não é fácil. Tem que se despir do julgamento e ao mesmo tempo você não pode virar o observador da cena, tem que estar nela. É um lugar muito sutil, mas é muito instigante. Quando dá certo é um voo. Convido vocês para voarem com a gente", clama a atriz. A novela de Izabel de Oliveira e Paula Amaral é ambientada entre os anos de 1984 e 1993. Na história, Janaína é a personificação de uma mulher batalhadora, ética e que luta para proporcionar o melhor para os filhos João (João Bravo/Rafael Vitti) e Jerônimo (Diogo Caruso/Jesuíta Barbosa), que ela criou sozinha.

AMOR MATERNO

Enquanto Jerônimo, o herdeiro mais velho, desde pequeno nunca se conformou com a vida simples que a família levava, João está longe de ter esse tipo de ambição. A disputa entre os dois - seja pela atenção da mãe e mais tarde pelo amor de Manuzita (Melissa Nóbrega/Isabelle Drummond) - é o que tira o sono da mãe dos Guerreiro. "Desde cedo eles já apontavam que não se davam bem. Isso para uma mãe é muito duro. Eu tenho dois filhos homens e fiquei me projetando um pouco nesse futuro", confessa, Dira, que é mãe de Inácio, de dez anos, e Martim, de três, frutos do relacionamento com o diretor de fotografia Pablo Baião.

"O João é o filho que entende melhor a mãe, mas ele não é aquele herói que não sabe o que está acontecendo. Ele tem a real noção de tudo e avisa à mãe. E ela entende que tem um problema (o comportamento egocêntrico do outro filho). E não desiste de Jerônimo, que tem uma inteligência que consegue fazer com que Janaína ceda e dê uma nova chance, mas isso até um dia", explica a atriz.

Dos anos 90, época em que a novela é retratada, Dira Paes tem várias memórias. "Foi a época da minha primeira novela. Eu já fazia cinema. Com o Confisco (o Plano Collor, em 1990) acaba a (estatal) Embrafilme e acabam as produções do cinema brasileiro, entre 90 e 94. Fiquei um pouco perdida, sem saber o que eu ia fazer da minha vida. Eu basicamente era uma atriz de cinema mesmo", lembra Dira, que nessa época resolveu se formar em Francês na UniRio.

ANOS 90

Com a retomada do cinema brasileiro, a paraense recomeça a carreira na sétima arte e recebe o primeiro convite para fazer a segunda versão para a TV da novela 'Irmãos Coragem' (1995), onde a personagem dela, Potira se apaixona por Jerônimo - os nomes dos filhos da personagem Janaína são em homenagem aos irmãos protagonistas de 'Irmãos Coragem'. "E acontece o meu encontro com a TV nos anos 1990. Isso, para mim, é muito marcante", resume. Ainda sobre essa época, ela diz: "Sinto uma nostalgia, no bom sentido da palavra, de um sentimento de liberdade antes dos eletrônicos, das relações humanas antes dos eletrônicos".

A trama da Globo não vai deixar de abordar atitudes que nos conceitos atuais seriam inaceitáveis. "Tem cena que estou puxando a orelha dos meninos, eu não puxo a orelha dos meus filhos", conta Dira. "Nós temos que aprender a nova normalidade. Fazemos parte do século 21, e o politicamente correto está sendo usado porque nós também cometemos excessos. É necessário a gente falar e aprender a criar um pensamento novo que exclui o racismo, o preconceito, todas as fobias sociais", defende a intérprete.

SUPERAÇÃO

Para a atriz, sua personagem não tem nada de amarga. É um exemplo de superação. Ela mostra que não tem tempo ruim e quase faz milagres com os problemas que enfrenta. "Ela é o retrato dessa mulher contemporânea, que a gente vê hoje no século 21. Ela é do século 20 em transformação", conclui.

O fato de Janaína ser uma mãe solteira e que sempre se preocupa com a relação dos filhos, Dira afirma que a personagem é complexa e que oferece muitas camadas. "É uma mãe guerreira, mas tem uma mulher dentro dela. Tem um apontamento dessa mulher contemporânea que sou hoje. Essa mulher que começou a perceber que ela dá conta de tudo, e preserva sua individualidade. Ela tem a vida dos filhos, a vida do trabalho e a vivência dela como mulher. Saímos daquele lugar da mãe que não tem vida própria", reforça.

PROJETO

A carreira no cinema continua a todo vapor. Quatro dias antes de estrear a novela da Globo, no dia 25 de janeiro, Dira vai apresentar o filme 'Divino Amor' no Festival Sundance de Cinema, em Utah, nos Estados Unidos. "Esse filme fiz com (o diretor) Gabriel Mascaro e está na seletiva oficial em que mais de seis mil títulos concorreram. Ele (Mascaro) é o mesmo diretor do filme 'Boi Neon', entre outros. Estou feliz pelo cinema brasileiro conseguir mais uma vaga em uma seletiva oficial de melhores festivais do mundo. Geralmente quando falamos de festivais de cinema sempre se pensa em Oscar, Cannes, mas têm outros que tem tanta importância para o mercado do cinema. É difícil estar em uma seletiva oficial com esse alto nível de concorrência", comemora. "Vou apresentar o filme e volto para nossa estreia da novela", avisa, aos risos.

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