Eder Jofre (Daniel de Oliveira) em '10 Segundos Para Vencer' - Gui Maia/Divulgação
Eder Jofre (Daniel de Oliveira) em '10 Segundos Para Vencer'Gui Maia/Divulgação
Por Gabriel Sobreira

Rio - Um atleta de boxe tem dez segundos, depois de sua queda, para se levantar. Se não o fizer, a luta é encerrada e é declarada a derrota por nocaute. Éder Jofre, paulistano bicampeão mundial de boxe, hoje com 82 anos, nunca ouviu tal contagem. Foram 81 lutas, com 75 vitórias, sendo 52 por nocaute. Isso sem contar os quatro empates e só duas derrotas, ambas por pontos. A história, os altos e baixos, a força e perseverança desse atleta estão em ‘10 Segundos Para Vencer’, filme que virou minissérie e que a Globo conta em quatro episódios, a partir de hoje, às 23h.

“Em um filme de boxe não dá para não se machucar. Mas eu faço Krav Maga (técnica defesa pessoal de Israel) há onze anos. Então já estou acostumado com socos. Mas o boxe ainda dilatou isso porque comecei a viciar em soco. Falei até para o meu professor, o meu mestre de boxe, o Cesário. Falei: ‘Pô, Cesário, não é por nada não, mas levo umas pancadas, e estou gostando’. Ele: ‘É assim mesmo, normal’, conta, aos risos, Daniel de Oliveira, que interpreta Éder na produção.

Para dar vida ao protagonista, Daniel precisou passar um tempo com Éder. Inicialmente, a produção tinha preparado um almoço para que eles tivessem um entrosamento. Mas o ator achou que precisava ter mais encontros com o ex-lutador e por causa disso, Daniel se mandou para São Paulo, onde Éder mora. “A Andrea (filha dele) e o Oliveira, que é o marido dela, junto com o Éder, passavam todo dia às 8h no hotel onde eu estava e me devolviam às 21h. Eu passei uma semana bem intensa com ele, treinando na academia que ele vai. Ele contou as histórias, foi aos lugares de boxe de SP”, conta Oliveira.

“Foi importante saber como Éder está. Ele me mostrou fotos antigas, falou da família, da parte Zumbano (sobrenome materno do pugilista) e da parte Jofre. Falou muito do pai e da mãe. Eles foram bem carinhosos”, completa o ator.

EXTRAS

Para quem já assistiu ao longa na telona, há mais motivos para seguir os episódios na TV. Quem assegura é o diretor José Alvarenga Jr., que assina a direção do longa e da minissérie, e também dá expediente no roteiro. A minissérie tem 15 minutos de material inédito e alguns dramas que o filme não contemplou melhor, em função do tempo, mas que serão melhor abordados na TV. “Por exemplo, o conflito entre Kid Jofre (Osmar Prado), o pai do Éder Jofre, e o Parnassus (Victor Laplace), que era o organizador das lutas nos Estados Unidos. Ele insistia em humilhar o Éder constantemente, como se ele fosse um macaco. E também todo o conflito da Angelina (Sandra Corveloni), mãe do Éder, com a nora, Cida (Keli Freitas), em relação ao que é se casar com um lutador, que está o tempo todo lutando, sempre vivendo mutilações corporais”, adianta u da família, da parte Zumbano (sobrenome materno do pugilista) e da parte Jofre. Falou muito do pai e da mãe. Eles foram bem carinhosos”, completa o ator.

DEPOIMENTOS

Outro diferencial da minissérie é um documentário com cenas e entrevistas inéditas, incluindo um depoimento do japonês Masahiro Harada, de 82 anos, único adversário a derrotar Éder Jofre. Marcel Jofre, filho de Éder, revela que, apesar de ser um campeão consagrado, o pai também se preparou para perder. Já o comentarista de boxe Newton Campos conta que Mike Tyson admirava e estudava os movimentos do brasileiro. “Essa parte documental retrata toda a importância do Éder para o boxe mundial”, diz José Alvarenga Jr.

Osmar Prado, que dá vida a Kid, o pai linha dura de Éder, fala com saudosismo das suas recordações. “Esse filme trouxe muita alegria para todos nós. Particularmente para mim. Há momentos mágicos e muita alegria nesse elenco. Aos 71 anos poder fazer Kid Jofre no cinema... Eu tinha 13 anos quando o Éder sagrou-se campeão, era um grande herói na época. Nós éramos muito felizes. Tínhamos o Éder campeão, o Pelé artilheiro em 1958, a (Maria) Esther Bueno no tênis. Nós tínhamos democracia, nós tínhamos alegria, nós tínhamos comida, prazer, éramos felizes e não éramos ricos. Mal comparando com os dias de hoje, mas tudo bem”, provoca Prado, com ironia.

Na pele de Angelina Zumbano, a mãe do protagonista, Sandra Corveloni diz que se emociona sempre que fala do filme. E comemora o fato de que a história alcançará ainda mais pessoas ao ser exibida na TV. “Quem assistir, vai poder conhecer essa figura, o Éder. Além de Kid e as famílias Zumbano e Jofre. É uma história muito bacana e uma relação muito bonita. Tanto do casal, quanto de toda a família e como enfrentaram todas as dificuldades”, entrega a atriz. 

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