Caio Paduan - Globo/Estevam Avellar
Caio PaduanGlobo/Estevam Avellar
Por BÁRBARA SARYNE

Por quanto tempo você esconderia a verdade para não ter de encarar as consequências de um ato? Esse é o dilema de Quinzinho, personagem de Caio Paduan em 'Verão 90'. Na trama, o rapaz mentiu para não ser condenado pela morte de Nicole (Bárbara França) e acabou prejudicando João (Rafael Vitti), que tem sofrido as consequências mesmo sendo inocente.

Para quem acompanha a novela, está na cara que o personagem tem um desvio de caráter, mas Paduan acredita na redenção do dono da Pop TV. "Ele é fruto do meio, é um produto que projeta os pais, é formado pelo sistema", diz o artista, que não tira a responsabilidade de Quinzinho pelas atitudes erradas e acredita que toda situação difícil encarada por ele surgiu por causa de suas escolhas.

Para o ator, o personagem sensibilizará quando vir que João (Rafael Vitti) foi condenado e preso por três anos. O peso na consciência e a sensação de ter sido manipulado por Jerônimo (Jesuíta Barbosa), inclusive, ficarão cada vez mais em evidência.

"Ele sofre, acabou a graça na vida dele depois disso. Acho que qualquer ser humano mudaria ao passar por uma situação como essa. O Jerônimo fez o jogo, soube manipular. E o Quinzinho é um moleque bom, mas com éticas e valores deturpados", avalia.

Outra área complicada para o personagem é o amor. É cada vez mais claro que ele está apaixonado por Dandara (Dandara Mariana), mas nunca termina o relacionamento com Larissa (Marina Moschen) para ficar com a dançarina de lambada. O motivo? Medo de ser julgado.

"Tem esse lugar do social, ele não fala que é pela cor, mas sim pela situação. Ele tem um preconceito com ele mesmo, ele sabe que não pode namorar com ela, mas quem falou isso para ele?", comenta Caio, afirmando que esse tipo de preconceito, embora ainda seja comum, já foi mais forte na década de 90.

Para Caio, é por esses e outros motivos que o trabalho se tornou algo tão especial. Ele acredita que a novela pode instigar a reflexão do público no que ainda dá para melhorar, pois assim como o período atual, a época em que se passa a novela foi de muitas transformações para o Brasil.

"A gente começa 90 com esperança, aposta em um presidente que não dá muito certo, mas tem esse lugar. A moeda se fortalece, a abertura dos comércios, os Estados Unidos invadem o mundo inteiro, e a gente vira quintal declarado", analisa.

Com 32 anos, Caio Paduan já tem algumas experiências no currículo e pode dizer que costuma atrair personagens fortes. Quinzinho, segundo ele, é mais um a entrar na lista dos "presentes", mas não é o único a passar mensagens importantes para o público.

"Eu tenho uma sequência interessante de bons personagens, o Afonso ('Além do Tempo') foi legal de contar, o Gabriel ('Malhação'), o Alex ('Rock Story') tinha muita profundidade mesmo sendo vilão. E, logo depois, teve o delegado Bruno ('O Outro Lado do Paraíso'), que se envolveu com a Raquel (Erika Januza) e tinha várias questões", afirma.

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