Paulo Gustavo garante gargalhadas com o '220 Volts' na Globo: 'Superfeliz e orgulhoso'
Atração especial de fim de ano conta com personagens queridos do público como Dona Hermínia e a Senhora dos Absurdos, além das participações de Iza, Deborah Secco, Herson Capri, entre outros
Rio - As gargalhadas estão garantidas com Paulo Gustavo e o programa "220 Volts Especial de Fim de Ano", que vai ao ar na Globo, na noite desta terça-feira. A atração já é sucesso no Multishow e ganha espaço pela primeira vez na TV aberta.
Com participações de Herson Capri, Deborah Secco, Iza, Angélica, Mallu Vale, Rafael Zulu e Pedro Novaes, "220 Volts Especial de Fim de Ano" aborda situações típicas das festas de fim de ano, como aquele constrangedor amigo-oculto da empresa, ou a dificuldade para escolher a roupa ideal para o Réveillon. O programa foi gravado em meio a pandemia de coronavírus, o que deixou Paulo Gustavo apreensivo, mas deu tudo certo.
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"Eu amei gravar o programa. A gente [equipe do '220 Volts'] ficou com medo por causa da pandemia. É uma loucura gravar com aquele protocolo todo, com várias pessoas no estúdio. Quando você entra no estúdio, parece que você está em uma sala de cirurgia, né? Todo mundo com aquele negócio na cabeça, luva... Dá medo de pegar o coronavírus. Mas a gente amou fazer e se divertiu muito. Como eu não sou da Globo, eu não conheço a turma lá dentro. Mas uma coisa que me deixou muito superfeliz e orgulhoso foi que todo mundo que estava envolvido com o programa estava empolgado de estar trabalhando em um projeto que já conhecia do Multishow, da internet, enfim... A energia da gravação foi muito legal. Foi tudo um máximo", comemora o ator, que fez o caminho inverso e ganhou projeção na TV fechada antes de ir para um público maior, em uma emissora aberta.
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"Desde que eu estudava na CAL [Casa de Artes de Laranjeiras], a maioria dos alunos queria ser ator da Globo, fazer 'Malhação'. E eu lembro que eu tinha muito definido na minha cabeça que eu queria fazer teatro. Eu sonhava em me formar na CAL para ir pro teatro. Eu sei que essa coisa de sonhar com a novela, com a Globo, é uma coisa que está no nosso inconsciente. O brasileiro consome muito televisão, novela... Mas eu sonhava muito com teatro. E eu acabei enveredando pra essa área do teatro e acho que eu fiz aquilo com tanto amor, escrevendo meus próprios projetos, que o teatro foi ganhando projeção e foi me levando para esses outros braços, digamos assim, da arte".
Paulo Gustavo acredita que o teatro foi o que proporcionou a oportunidade para que ele atuasse em outros meios. "Eu faço televisão e faço cinema porque eu faço teatro. Para mim, o natural seria isso mesmo de estar na TV por último. Mas eu estou muito feliz. A Globo é uma empresa que realmente joga um holofote em cima do talento. Eu fico super orgulhoso de poder estar ali no especial de fim de ano, fazendo um trabalho que eu amo tanto, que é o '220 Volts'. O '220 Volts' foi o primeiro trabalho na TV que eu apresentei e escrevi. Fui eu que apresentei o projeto para o Multishow. Fui lá com uma pastinha embaixo do braço e eles mega compraram a ideia e acabou virando o maior sucesso lá dentro do canal".
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Dona Hermínia
Por ser um trabalho tão conhecido do público, alguns personagens muito queridos não podem ficar de fora do especial de fim de ano. É o caso da Dona Hermínia, que foi inspirada na mãe de Paulo Gustavo.
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Paulo Gustavo como Dona HermíniaGlobo/Victor Pollak
"Criar personagens vai muito da nossa observação. Eu sou um cara muito observador. Sempre fui. E tenho uma família de mulheres muito fortes, muito empoderadas. A Dona Hermínia foi sendo construída e lapidada ao longo desses anos. Por isso que eu fui criando uma propriedade para falar dela, para escrever para ela. Foi assim que eu acabei construindo essa personagem, que conquistou o carinho de tanta gente. Mas ela realmente é uma personagem que é a parte de mim mesmo. Quando eu chego no camarim e olho aquele bobe, aquela roupa, aquilo ali também é uma coisa que mexe comigo. Eu trato essa personagem, a roupa, a peruca, o sapato, como uma coisa meio sagrada pra mim. Porque eu acho que a personagem mudou a minha vida pra sempre. Nunca imaginei, quando eu estava morando na minha casa em Itaipu, escrevendo sozinho no meu quarto uma peça de teatro, que essa peça ia virar um programa, um filme. Que fosse ter essa repercussão toda nacionalmente", analisa.
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Os outros personagens também são fruto do olhar apurado do ator. "Eu vou pegando os tipos. Todo mundo tem um amigo playboy, sem noção. Todo mundo tem um amigo mais nerd, que é todo quietinho, sempre ligado nas coisas. Todo mundo tem alguém preconceituoso ou conhece alguém sem noção, como a Senhora dos Absurdos, que é uma ótima personagem para criticar e zoar esse tipo de gente. É colocar uma lente de aumento no que a gente vê no dia a dia".
Era do cancelamento
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E muito se engana quem pensa que o ator precisou mudar sua linguagem para se adaptar à TV aberta. "Eu amadureci como ator, mas eu amadureci muito como ser humano também. Então, coisas que eu fazia no passado no 220 Volts, não cabem mais eu fazer hoje em dia, né? Com esses anos todos que foram passando e esse ganho de consciência que a gente foi tendo, tem coisas que não tem mais graça fazer. Eu mesmo sou contra várias coisas que eu fiz, falei e brinquei no passado. Tem coisa que eu realmente gostaria de apagar para sempre. E apagar para sempre é uma forma de me redimir também, de me desculpar, porque inevitavelmente a gente acaba sendo preconceituoso numa piada ou outra", reflete.
"O filtro pra TV aberta, para mim, agora é o mesmo filtro para TV fechada. Eu já tenho esse filtro meu. Se vai passar na TV aberta ou fechada, não importa. O que importa é que quando sai de mim, já sai um trabalho pronto. Eu fico pensando no roteiro 'será que eu vou ofender alguém?', 'será que eu posso falar isso?'. Principalmente, nessa era do cancelamento que a gente vive, que é uma era que tem essa parte muito raivosa, essa galera na internet que não está querendo resolver, refletir. Uma galera que está querendo brigar".
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Mas o filtro de Paulo Gustavo não é apenas por conta do cancelamento. "Tem coisas que já me incomodam naturalmente, não importa se está certo ou errado. Me incomoda como artista e como ser humano, então eu já não escrevo e não faço. Já aconteceu de eu gravar e falar: 'Tira essa parte? me deu uma incomodada'".
Programa na Globo
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Apesar de estar fazendo o especial de final de ano e de "Minha Mãe É Uma Peça" virar um seriado na Globo em 2021, Paulo Gustavo não pensa em um contrato fixo com a emissora. "Eu tenho o sonho de ser ator, trabalhar durante muitos anos, ter saúde. Pode parecer clichê, mas não é. Mas o meu sonho é maior [que ter um programa na Globo]. Eu tenho o sonho de poder trabalhar com quem me dá liberdade artística. Isso é a coisa mais valiosa e importante para um artista. Então, eu gosto de ter liberdade para fazer o que eu estou a fim de fazer, do jeito que eu quero. O meu trabalho é muito artesanal, eu cuido muito. Eu estou no set, mas eu escrevo, eu participo da direção, eu vejo a cor, a mixagem, a trilha sonora. Se eu tenho um lugar que me dê essa liberdade, esse é o lugar certo para mim. Independente de onde seja", garante o ator, que é só elogios para a emissora.
"Eu acho a Globo uma empresa poderosa. A qualidade do '220 Volts' lá está incrível, tudo muito bonito, muito bem cuidado. Fui muito acolhido. Todo mundo me tratou com o maior carinho. A 'Minha Mãe É Uma Peça' virou seriado lá, vão ter 20 episódios. Acho que próximo ano eu vou ter programa lá, depois eu não sei como será a minha vida, não. Aí, deixa a vida me levar", brincou o ator, entoando os versos da música de Zeca Pagodinho.
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Pandemia e tempo para os filhos
O período de isolamento social não foi tão difícil para Paulo Gustavo, que tende a transformar os momentos pesados em humor.
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"Não é que eu nunca fique triste. Mas até quando eu começo a ficar triste, eu começo a transformar isso, de alguma forma, em risada. Não sei se é um dom, se é uma coisa que eu exercito ao longo da minha vida. Muita coisa que tem no 'Minha Mãe É Uma Peça' do teatro, na vida real não foi engraçado. E eu transformei aquilo em comédia. A Dona Hermínia é uma personagem muito sozinha, a minha mãe foi uma mulher muito sozinha durante um tempo porque eu e minha irmã moramos com nosso pai por um período... Minha mãe trabalhava muito, foi uma guerreira até se aposentar. Então muita coisa, na vida real, era triste, era difícil. Mas depois vocês morrem de rir no 'Minha Mãe É Uma Peça'. E eu pego aquela loucura toda e transformo em humor. Eu tendo a fazer isso na minha vida", explica.
"Mas, a gente viveu um ano muito triste. Eu não podia ligar a televisão que eu chorava. Fiquei muito tocado, muito emocionado. Muita gente normalizou essas perdas todas que a gente teve, mas não é normal o que a gente está vivendo e eu fico feliz de agora no final do ano estar podendo trazer esse programa, que eu acho que é um respiro para o que a gente está vivendo".
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O ator aproveitou o isolamento para cuidar da família e dos filhos gêmeos, Gael e Romeu, frutos do casamento com Thales Bretas. "Eu também tive um ano muito atípico porque eu me tornei pai. Então, estou falando de um lugar super privilegiado, de poder ficar em casa com meus filhos, mas no meio dessa loucura, dessa tragédia toda, eu também pude cuidar deles. Eles vão fazer um ano e três meses, ou seja, eu estou há um ano e três meses com eles. Nem todo mundo pode. A gente mesmo só tinha separado seis meses para isso. Então eu curti muito esses primeiros meses deles".
"E tem uma outra coisa também: eu faço análise há muitos anos, eu sou um cara muito transparente comigo, eu falo muita coisa pra mim mesmo, eu me enxergo direito. Nessa quarentena, em que muita gente ficou em crise, se separou... Como eu fiz análise esses anos todos, eu acho que é como se a minha conta estivesse paga. Eu não fiquei em crise comigo. Eu fiquei super na minha. Consegui ficar sozinho, olhar pro teto, escutar música. E, também, quando a gente está trabalhando muito no início da carreira, que a gente começa a ter projeção, a viajar, a gente fica numa excitação de trabalho e não percebe que a gente pode parar. E agora com esse um ano que eu fiquei parado, eu saquei que eu posso parar mesmo. Dois meses em casa eu achava que eu ia enlouquecer, mas não".
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O "220 Volts Especial de Fim de Ano" tem roteiro de Paulo Gustavo e Fil Braz e direção artística de Susana Garcia.