Gal Costa, aos 75 anos de idade, disse a Bial que "quanto mais você fica velho, mais você vive" - Patrick Sister / Divulgação
Gal Costa, aos 75 anos de idade, disse a Bial que "quanto mais você fica velho, mais você vive"Patrick Sister / Divulgação
Por O Dia
Rio - Gal Costa foi a entrevistada da vez no programa "Conversa com Bial" que foi ao ar na madrugada deste sábado (20). Durante o programa, a "musa da Tropicália" relembrou alguns momentos de seus cinquenta anos de carreira, inclusive o período da Ditadura Militar, momento em que a artista sofreu censura.
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"E tem gente querendo voltar a esse tempo, não pode", enfatizou a cantora de 75 anos ao recordar o sofrimento da época. Pouco depois, o programa mostrou uma apresentação de Gal e Cazuza, da canção "Brasil", e a artista disse que seu posicionamento político, na época, era mais estético. Mas Gal declarou que existem momentos que pedem posicionamentos mais firmes, citando a situação política atual do Brasil.
"Eu me posicionei, né? Fora Bolsonaro. Tem momento que o artista tem que se posicionar", afirmou.
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A cantora também contou sobre sua experiência com o Candomblé, tendo se aproximado da religião após interpretar "Mãe Menininha" com Dorival Caymmi. "Minha relação com o Candomblé começou quando Caymmi fez a canção Mãe Menininha, me convidou pra cantar e foi um sucesso. Eu quis conhecer Mãe Menininha e fui lá e quando eu a conheci, comecei uma relação com as pessoas da casa e aí fui iniciada", explicou.
Durante a conversa, Gal descreveu a primeira vez em que se viu como cantora profissional de uma forma quase profética, quando ainda era conhecida como Maria da Graça Costa. Gal tinha sete anos quando observou, pela janela de casa, seus amigos deixando de brincar para pedir autógrafo de um cantor formado por uma TV local da Bahia. "Eu olhei e achei uma bobagem as pessoas pedindo assinatura num pedaço do papel e eu me vi no futuro dando autógrafo, foi uma projeção", revelou.
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"Eu acredito que a gente faz o nosso destino, a gente escolhe. Eu acho incrível, principalmente os artistas que nascem já sabendo o que querem. Tem alguma energia superior que nos conduz também, além do próprio desejo", disse a cantora, explicando sua crença no destino e na predestinação.
Relação com Caymmi e Tom Jobim
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Gal se emocionou com as apresentações resgatadas por Bial da cantora com Dorival Caymmi e Tom Jobim, declarando saudades de Tom ao se ver cantando com o artista que morreu em 1994 de parada cardíaca. "Eu falei com ele dois dias antes dele viajar, ele falou que quando voltar dos EUA iria fazer nosso disco, mas aí aconteceu isso. Chorei muito", revelou.
A cantora também expôs que ficava encantada pela beleza de Tom Jobim. "Eu dizia, 'Tom ainda bem que não conheci você quando era jovem, senão ia me apaixonar'", contou. A artista ainda comentou uma possível relação amorosa com Caetano Veloso, mas nega que os dois tenham tido um caso sério.
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Álbum novo e vida aos 75 anos
Gal Costa aproveitou para falar de seu novo disco, que trouxe colaborações como Seu Jorge e Rubel, e relembrou parcerias com ícones da música brasileira como Elis Regina e João Gilberto, o pioneiro da Bossa Nova que descobriu o talento de Gal aos 14 anos. A artista, agora com 75 anos, também revelou que tem medo da morte, mas diz que isso não a impede de viver.
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"Eu sei que eu estou com 75 anos e todo mundo tem medo da morte, mas eu quero fazer coisas ainda. Eu acho difícil envelhecer, mas ao mesmo tempo é bom. Quanto mais você fica velho, mais você vive. E a vida é tão linda, com todos os seus mistérios, dificuldades, sofrimentos e alegrias. Viver é igual alegria e sofrimento, mas eu adoro a vida", esclareceu.