Paulo Betti, Ana Beatriz Nogueira, Fernanda Vasconcellos e Marjorie Estiano na trama
Paulo Betti, Ana Beatriz Nogueira, Fernanda Vasconcellos e Marjorie Estiano na tramaGlobo/João Miguel Junior
Por Filipe Pavão*
Rio - "A Vida da Gente" é daquelas novelas que ficam guardadas na memória afetiva do público e do elenco. A trama, que fala sobre as relações familiares contemporâneas, retornou nesta segunda-feira, na faixa das 18h, na Rede Globo. Apesar de ter sido exibida originalmente há dez anos, segundo a autora Lícia Manzo, a história das irmãs Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manu (Marjorie Estiano) se mostra oportuna em tempos de pandemia porque faz um convite a refletir sobre a consequência dos nossos atos.
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Na trama, Eva (Ana Beatriz Nogueira), mãe controladora da tenista Ana e da doce Manu, é casada com Jonas (Paulo Betti), pai de Rodrigo (Rafael Cardoso). Eles vivem uma crise no casamento e decidem se separar, mas não esperavam que os irmãos postiços Ana e Rodrigo estivessem apaixonados. Eva, lesada financeiramente pelo ex-marido que a traiu, e a treinadora de Ana, Vitória (Gisele Fróes), decidem que a esportista deve passar um tempo fora do Brasil para fugir do amor e esconder a gravidez.
De volta ao Brasil, a relação entre Ana e Eva desgasta e faz a tenista buscar refúgio na casa da avó, Iná (Nicette Bruno), e leva junto a pequena filha e a irmã Manu. O que elas não esperavam é que um grave acidente interromperia a viagem e Ana entraria em coma. É nesse momento que Manu conta a verdade a Rodrigo e, juntos, decidem criar a filha de Ana. Quando ela desperta do coma e vê a filha sendo criada pela tia e pelo pai, os três se percebem envolvidos em um triangulo amoroso.
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Fernanda Vasconcellos relembra que a história dividiu o público, que criou as torcidas “Time Ana” e o “Time Manu”, em especial, no Twitter. “Começou uma torcida que, de alguma forma, não deveria existir porque o amor daquela novela era o amor entre as irmãs. O que fazia com que eu me concentrasse na minha personagem era o amor que a Ana sentia pela Manu, não o contrário”, relembra a atriz.
Já Marjorie pondera que esse debate foi positivo. "Se criou uma discussão, que é o mais interessante que a gente pode absorver em uma obra. É você poder discutir, refletir, mudar de ideia, concordar ou não. E revela uma tendência nossa de tomar um lado nas nossas relações. Você acaba sempre se relacionando a partir disso: do certo e do errado. A gente tem dificuldade de equilibrar esses lados", pensa a atriz.
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Dez anos depois
Além da torcida pelas irmãs, os atores Gisele Fróes e Paulo Betti ficam curiosos para saber como o público vai reagir hoje aos personagens que foram criticados há dez anos. “Ela é muito opressora, não enxerga o outro. É determinada a chegar onde acha que deve a qualquer custo, humilhando as pessoas, bem barra pesada. Para defender essa mulher, eu tive que buscar uma compreensão do que fazia uma pessoa ser tão cruel com a outra. Não justifica, mas tentei fazer esse caminho", conta Gisele sobre Vitória, treinadora de Ana e mãe de Sofia (Alice Wegmann).
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"Nunca tive muito tempo para ver novela e agora estou com tempo. Vou ver como eu envelheci. Há dez anos, eu estava no meio da jornada da minha vida e, agora, parece que passou muito tempo. Já me vejo no outono, quase entrando no inverno. E é bacana e muito apropriado que se fale do tempo quando ele nos parece mais escasso", revela Paulo Betti.

Repercussão internacional
Lícia garante que não sabia se conseguiria escrever bem a sua primeira novela como autora principal, mas não esconde a felicidade de ter realizado, junto ao diretor Jayme Monjardim, uma das novelas mais exportadas pela Rede Globo, sendo vendida a mais de 100 países. Para ela, o tema da maternidade é o que desperta toda essa atenção.
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“Maternidade é uma palavra muito forte e mexe com nossas entranhas mais profundas. Quando as duas personagens dizem que são a mãe daquela criança, é verdade e é legítimo. Assim, a novela convida a dessacralizar esse lugar da mãe, inclusive, por meio da vó Iná, que se torna mãe da personagem da Marjorie. Não é a mãe que pariu, mas é a que nutriu esse lugar. É uma novela sobre laços familiares, maternidade e irmandade”, conta Lícia, que ainda brinca: “O casal romântico são as irmãs porque elas se amam”.
* Estagiário sob supervisão de Tábata Uchoa