Seleção do Samba, da GloboLeandro Ribeiro

Rio - O fim de ano está chegando e os preparativos das escolas de samba para os desfiles do Carnaval de 2022 já estão a todo vapor. Depois de longos e tristes meses de perdas, as escolas do Grupo Especial carioca vão mostrar, na TV aberta, os bastidores das escolhas de seus sambas-enredo. Chamada de 'Seleção do Samba', a série de cinco programas especiais estreia neste sábado, na Globo, após o 'Altas Horas'. 
"O público vai ficar surpreso com a importância da escolha do samba. A gente vai conseguir passar para as pessoas o clima de emoção, o clima de tensão e também como isso toca a diretoria da escola, os componentes, jurados e ritmistas, de como é importante essa escolha. Acho que as pessoas vão ter essa dimensão através do programa que, além de ser algo novo, vai ser divertido e emocionante", declara Luis Roberto que será o apresentador da atração.

Símbolo de resistência

Fã das escolas de samba, o apresentador também acredita que o programa pode ajudar a fortalecer o já tão sagrado imaginário em torno do Carnaval. "Eu acho que o Carnaval, cada vez mais, tem um espaço nobre na cultura brasileira. O Carnaval retrata um pouco da criatividade, da alegria, que o brasileiro construiu ao longo do anos como imagem diante da opinião pública mundial. Acho que isso significa para o Brasil uma forma também de continuar mantendo aquela imagem que nós temos de uma gente criativa, de uma gente feliz, de uma gente que consegue transformar grandes histórias em um espetáculo audiovisual potente e maravilhoso", pondera Luis Roberto que ainda fala da importância afetiva que o Carnaval terá em um momento de retomada à vida.

"Se tudo der certo, as pessoas tiverem vacinadas e a pandemia controlada, essa retomada vai ser bem importante para a cultura brasileira. Certamente, esse é o Carnaval do renascimento, do renascimento do cotidiano e do renascimento da manifestação cultural. Se controlarmos o vírus até lá, o Carnaval talvez seja o ponto de partida dos grandes espetáculos. Então é o Carnaval que pode ficar como símbolo de esperança na retomada do nosso cotidiano e da nossa vida como um todo", completa.

Alegria e informação

Além de Luís Roberto, Milton Cunha e Teresa Cristina se juntam à programação para agregarem comentários à disputa. Para o carnavalesco, a transmissão das escolhas dos sambas foi a melhor alternativa para o momento que ainda requer distanciamento social. "A outra opção sem ser esse programa era tristinha: eram lives na quadra. Então ia ser uma coisa anticlímax. Imagina todos nós que sempre estivemos nas quadras olhar uma câmera de live doméstica filmando o palco e sem público…", brinca Milton Cunha, que vê na transmissão em escala nacional a oportunidade de revelar ao grande público os bastidores do mundo do samba.

"Isso mostra ao resto do Brasil que as escolas de samba estão vivas e que nós, do Carnaval, somos direitinhos e organizadinhos. Interessa muito mostrar para o Brasil que a escola de samba é um núcleo de negritude, de povo, de família, com hierarquia, com talento. Mostra a riqueza além da que eles conhecem do desfile, a da variedade, do artista popular. Quando eu entro na quadra, eu me reconheço na solução para a dor. Mesmo no perrengue, ali não se deixa de celebrar. O Carnaval, o efêmero, a loucura, o pobre que vira Rei, isso me interessa tanto... E vamos fazer do limão à limonada", pondera Milton.

Para o carnavalesco, portanto, agora é oportunidade de refletir e focar em dias melhores. "Nesse momento de separação, em que não se pode aglomerar, a gente lembra como era feliz no Carnaval: suados, cantando, babando um na cara do outro, cuspindo os perdigotos. Eu acho que o distanciamento nos lembra que a gente vivia colado um no outro nos arrastões da alegria. O Carnaval é o alento, é a bonança. O Carnaval é o sorriso largo do 'vem cá, meu bem'. s, celebrando a vida que é milagre", declara.

A cada semana, três escolas apresentam seu trio de sambas finalistas e o vencedor é escolhido por jurados selecionados por cada agremiação. No programa de estreia, as primeiras escolas a escolherem seus sambas são Mocidade Independente de Padre Miguel, que exalta o orixá Oxóssi, a São Clemente, que vai homenagear o ator Paulo Gustavo, e a Estação Primeira de Mangueira, que presta homenagem a Cartola, Jamelão e Mestre Delegado, três dos maiores ícones da sua história.