Cenas de Peçanha Contra O Animal, filme do Porta dos Fundos, disponível no Amazon Prime VideoDivulgação

Rio - Intitulado como ‘Peçanha Contra o Animal’, o novo filme do Porta dos Fundos, que acaba de estrear no Amazon Prime Video, não tem grandes expectativas a não ser, claro, a de provocar intensas risadas no público. Roteirizado por Antonio Tabet, o longa traz o próprio comediante no papel principal, o do policial militar Peçanha, que fica responsável por descobrir a identidade de um serial killer que aterroriza a cidade de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.


“O filme do Peçanha não tem pretensões. Não tem pretensão de ganhar um Oscar ou um Kikito. Quando eu escrevi esse filme, a ideia era rir. Era fazer o pessoal rir e se divertir com aquela personagem que é a mais popular do Porta. O filme do Peçanha fica no meio do caminho entre ser um filme ou um especial do Peçanha”, destaca Tabet.

Para o ator, a produção chega, inclusive, a marcar a entrada de um novo sub-gênero da comédia na empresa. “É um filme despretensioso, um besteirol. Eu acredito que esse seja o primeiro besteirol do Porta dos Fundos. As primeiras reações que a gente tem recebido de quem tem assistido é que ele cumpre esse papel, de ser divertido e leve. Não é para ser um filme profundo, denso”, reforça o roteirista que se inspirou na série ‘Corra Que A Polícia Vem Aí’, de Leslie Nielsen.

Des(polarizado)

E se na sociedade, a figura do policial gera muitas discussões e divide de forma radical as opiniões, o personagem Peçanha chega para unir esses polos. “O Peçanha mostra o pior do melhor do melhor brasileiro. Ele é o cara péssimo que tenta melhorar, só que de uma maneira completamente torta. E é por isso que ele é tão querido nesse cenário polarizado que a gente. Quem entende que milícia é um negócio péssimo, que ser machista, racista e homofóbico em 2021 nao tá com nada, enxerga no Peçanha uma crítica. E ele é de fato uma crítica. Mas as pessoas que acham que isso é mimim, que é frescura, se identificam com aquela personagem, entendem que aquilo é tosco, mas no fundo sabe que precisa melhorar. Então ele acaba agradando todo mundo”, declara Tabet, que vai mais longe ao falar sobre o estereótipo que seu personagem representa.

“E o Brasil de hoje é um pouco isso. O Brasil de hoje tem muitos Peçanhas por aí, uns melhores, uns piores, mas tão por aí. Se tu for pra Zona Oeste do Rio de Janeiro, tem um em cada esquina. Se você for pra Brasília, tem alguns em cargos de poder, de verdade”, afirma o roteirista.

Mesmo entendendo que o filme e o personagem atraiam dois públicos muito distintos, Tabet faz questão de reforçar seu posicionamento e mostrar qual o seu lado da história. “Só o fato do Peçanha existir já é uma crítica. O fato de existir uma polícia assim, que trabalha dessa forma, já é uma crítica. Os personagens falam frases que as pessoas falam nas ruas, mas quando você vê um personagem como ele falando isso no filme, você entende como é ridículo. É um personagem de humor exagerado, escrachado. É para todo mundo entender que ali existe uma crítica, uma sátira em relação a tudo o que a gente está vivendo. Fazer humor é uma forma de pedagogia, de você ensinar, de informar”, reforça o ator..

Cidade maravilhosa?

E além de contar com um roteiro robusto e com personagens curiosos, o filme ‘Peçanha Contra o Animal’ ainda traz um outro elemento que agrega ainda mais valor - e humor - à narrativa: a escolha de uma cidade da Baixada Fluminense como pano de fundo.

“A escolha por Nova Iguaçu é porque o embrião do Peçanha surgiu em um embrião do Porta dos Fundos. A gente fazia uns vídeos na época do Kibe Louco e dos Anões em Chamas chamado ‘CSI: Nova Iguaçu’. Ali é a primeira vez que o Peçanha aparece, ainda sem se chamar Peçanha, só como a personagem do policial. O Peçanha e o parceiro dele iam em cenas do crime e tinham conclusões óbvias. O cara com buraco de bala e ele falava: ‘isso aí é tiro’. O que era uma sátira aos ‘CSI’ mostrando que o ‘CSI’ no Brasil era só o óbvio. Então Nova Iguaçu sempre ficou guardada no nosso coração. Até porque, naquela época, a gente filmou algumas vezes em Nova Iguaçu e a gente sentia que o pessoal de Nova Iguaçu se amarrava. Era muito legal e Nova Iguaçu acabou virando nossa queridinha. E nada mais natural que o primeiro especial do Peçanha fosse baseado em Nova Iguaçu”, conta.