Por thiago.antunes
Rio - Dizem que as redes sociais são campo fértil para muita bobagem — e é verdade. Mas também é verdade que às vezes se vê por ali iniciativa, campanha ou manifestação até louváveis.
A que mais me chamou a atenção recentemente trouxe uma sugestão bem interessante e conveniente. Tratava-se de uma curiosa dica sobre presentes de Natal em época de crise — quando, não por acaso, sendo Natal e havendo crise, deve-se praticar ainda mais solidariedade. O texto chegou a mim anônimo, por isso peço perdão ao autor por não citá-lo e, se for o caso, por não reproduzir suas palavras como no original. 
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Mas eram mais ou menos assim:
'Sobre o outro'
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“Compre presentes de autônomos, de artesãos, de parentes desempregados ou de vizinhas que vendem por catálogos. Dê preferência às idosas que fazem doces caseiros, às amigas que abrem lojinhas no bairro, aos conhecidos ou desconhecidos que têm pequenas bancas por perto. Faça o seu dinheiro chegar a quem mais necessita”.
Ou seja, o que se tem aqui é um apelo em benefício de quem mais empreende, mais se arrisca, mais se vira, mais tem urgências; um apelo para quem pode a favor de quem precisa.
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Além de ser uma ótima ideia financeira, é também uma ótima ideia humanitária — porque, além de ser uma ideia generosa, é também uma ideia poderosa. A generosidade tem o poder de levar a pessoa a fazer o melhor, não para ela, mas para o “outro”. O autor desconhecido nos oferece uma daquelas lições que não têm preço, mas têm valor: a importância do “outro”, a relevância do “outro”, pensar no “outro”.
O “outro” representa uma das chaves que nos ajudam a desligar o egoísmo e o autocentrismo; uma das chaves que nos ajudam a melhorar como gente. A vida não é sobre “nós”, mas sobre o “outro”. Entender o “outro” e saber resolver o problema do “outro” é entender e saber resolver a si mesmo. Às vezes demora, mas a gente aprende!
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Quando cai um avião...
Assim como a vida não é sobre “nós”, essa coluna (hoje) não é sobre dinheiro, mas sobre solidariedade — essa velha “moeda” que nos enriqueceu de emoção, clemência e sentimentos diversos desde a notícia do acidente aéreo que matou jogadores, jornalistas e outros profissionais direta ou indiretamente ligados ao time da Chapecoense. Por isso essa coluna (hoje) não é sobre dinheiro, mas sobre o que acontece e o que não acontece quando cai um avião...
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A fragilidade das coisas e das escolhas
Quando cai um avião, alguém sempre pode lembrar aos parentes das vítimas que “perdas são necessárias” e que, mesmo depois delas, nossas vidas continuam cheias de perdas, mas continuam sendo necessárias.
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Também dá para dizer que “incertezas são inevitáveis” e, mesmo antes delas, nossas mortes são cheias de incertezas, mas são inevitáveis.
Definitivamente, viver é uma lição diária sobre a fragilidade das coisas e a realidade das escolhas que amamos, abraçamos e enfrentamos. Morrer é uma missão infinita, em que desafiamos o medo, a troco de nada, e buscamos a coragem, apesar de tudo.
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Só quem é pai ou quem é mãe...
Aparentemente, nós não morremos porque somos bons ou maus demais para este mundo. O fato é que não importa por que morremos, o que importa é como vivemos. Viver bem é dar sentido à vida, mesmo que a vida pareça tristemente sem sentido.
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Mas a verdade mesmo, para valer, é que não há consolo numa tragédia onde morrem planos, paixões e pessoas. Todos temos planos, vivemos de paixões e sonhamos melhorar como pessoas.
Foi tudo isso, muito mais e todo o resto que o avião da Chapecoense derrubou e levou para sempre. Até dá para lembrar que “perdas são necessárias” ou que “incertezas são inevitáveis”, mas só quem é pai ou só quem é mãe sabe o tamanho da dor de perder um filho.
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Força aos pais!
Força às mães!
Força, Chape!
Alex Campos é comentarista do Painel Econômico da Rádio JBFM (99,9)