Por bferreira

Rio - A exemplo do que aconteceu em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, a mudança no perfil de consumo dos brasileiros, que passaram a usar cada vez mais aparelhos eletroeletrônicos e ar condicionado, está abalando a credibilidade de uma medida que é quase instituição do setor energético: o horário de verão, que terminou no último dia 19.

Segundo o governo, a iniciativa gerou, no verão desse ano, economia estimada em R$ 160 milhões. A queda no consumo reduz em 4,5% a necessidade de despacho de energia nos horários de pico. É como se a necessidade de geração pudesse ser reduzida em 5% porque alguns usos de energia que se concentram no início da noite fossem postergados. As pessoas acendem menos a luz, atrasam horário do banho e, como chegam mais tarde, demoram a ligar a televisão.

O que alguns especialistas dizem, porém, é que novos hábitos deslocaram o horário de pico no consumo de energia para o meio da tarde, o que torna a medida quase inócua. É que, ao contrário da televisão, os computadores permanecem ligados durante quase todo o dia. Já os aparelhos de ar condicionado acabam sendo ligados nos horários mais quentes do dia, ou seja, no meio da tarde.

No Brasil, ainda não existem estudos sobre esse efeito, mas pesquisas feitas nos Estados Unidos apontam para redução significativa na economia gerada pela medida. Mesmo assim, além dos estados do Sul, Sudeste e Centro Oeste do Brasil e de vários estados norte-americanos, cerca de 70 países ainda adotam o horário de verão.

É que a medida, pensada para gerar economia no consumo de energia, acabou incorporada ao calendário emocional dos brasileiros. Enquanto alguns reclamam, muitos comemoram a possibilidade de aproveitar mais a luz natural, sair do trabalho em plena luz do dia e ficar mais tempo na praia e em outras atividades de lazer.

Sérgio Malta é presidente do Conselho de Energia da Firjan

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