Rio - O trabalhador tem como calcular quanto tempo falta para se aposentar caso a Reforma da Previdência entre em vigor, inclusive considerando a regra de transição de 50% proposta pelo governo Temer. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em parceria com nove centrais sindicais, lançou aplicativo que permite que os trabalhadores simulem e comparem o resultado dos cálculos para concessão do benefício. A “calculadora da aposentadoria” está em www.dieese.org.br/calculadoraaposentadoria/
A ferramenta leva em consideração a atual lei da Previdência e as novas regras propostas pelo governo na Proposta de Emenda Constitucional 287, que trata da reforma, em tramitação no Congresso. Podem se aposentar hoje pelo INSS homens com 35 anos de contribuição e mulheres com 30. Por idade, trabalhadores aos 65 anos e trabalhadoras aos 60.
Com o aplicativo, que pode ser acessado em computadores, smartphones e tablets, é possível saber quando será alterada a situação e a perspectiva de aposentadoria para mulheres com menos de 45 anos de idade e homens com menos de 50. Além dos que se enquadram na regra de transição do governo, que são mulheres com mais de 45 anos e homens com mais de 50, que terão que cumprir pedágio de 50% sobre o tempo que falta para aposentar.
"Se o aplicativo for compartilhado, isso massificará o conhecimento dos trabalhadores e produzirá, em pouco tempo, uma forte onda de resistência à reforma”, avalia Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese.
Pela calculadora é possível verificar, por exemplo, que uma mulher que tem hoje 40 anos e 20 de contribuição em regime de CLT, ao invés de se aposentar com benefício integral aos 57 anos e quatro meses, como estabelece a regra atual, terá que permanecer no mercado de trabalho até os 68 anos e nove meses se a PEC 287 for aprovada no Congresso. O que dará 11 anos e quatro meses a mais de trabalho.
Para obter a aposentadoria proporcional, essa mesma pessoa, que poderia ter o benefício aos 49 anos hoje, terá que trabalhar até os 65, ou seja 15 anos e 3 meses a mais.
Associação questiona gastos com propaganda pró-reforma
Os gastos do governo com a propaganda sobre a Reforma da Previdência veiculada na mídia serão questionados. O presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), Vilson Romero, sugeriu a dois parlamentares — senador Paulo Paim (PT-RS) e Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) — que investiguem os gastos com publicidade do governo para promover a mudança no sistema previdenciário.
A entidade diz que o dinheiro que está sendo aplicado na campanha poderia servir para dar suporte à Previdência. A mesma solicitação foi levada ao Dieese, segundo a Anfip, com base na Lei de Acesso à Informação.
Romero contesta os elevados gastos publicitários feitos pelo governo Michel Temer, com outdoors em aeroportos e comerciais de TV em horário nobre para “convencer o público a aceitar prejuízos contra si mesmo”.
"Queremos saber os gastos ‘No Minuto da Previdência’, em outdoors e frontlights nos aeroportos e em outros locais. Para depois calcularmos quantos Benefícios de Prestação Continuada (BPC) ou benefícios rurais se pagaria com isto”, explica Romero.