Rio - A divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) — o conjunto de riquezas produzidas pelo país — de 2016, de menos 3,6%, confirmou o que todo brasileiro já vem percebendo, de que a crise econômica é realmente muito mais grave do que se imaginava. Considerando o encolhimento do PIB também em 2015 também, verifica-se que o Brasil encolheu em dois anos 7,2% em termos econômicos.
O estrago pode ser medido pelo índice de desemprego em 12%, pelo aperto nos orçamentos familiares, pelas taxas de juros altas e pela inflação com seus aumentos dos preços, que chegou a ultrapassar a barreira dos 10% acumulados em 12 meses, em meados do ano passado.
Quando se mede a economia em termos de dinheiro, o IBGE apurou que o Brasil de dezembro de 2016 vale a mesma coisa que valia o Brasil de dezembro de 2010. A recessão fez com que perdêssemos tudo o que tínhamos avançado nos até 2014. Ou seja, todo o esforço de quatro anos foi perdido em apenas oito anos.
Esse dado é crucial para que se entenda que governos, mesmo bem intencionados, que conseguem alcançar e distribuir inicialmente progresso e riqueza, acabam terminando por gerar o retrocesso e a pobreza quando abandonam a rigidez das teorias econômicas por uma aventura populista de perpetuação do poder.
Também chamou a atenção as declarações do Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de que a recessão já acabou e de que o PIB negativo de 2016 já era passado e que ele estava olhando somente para frente.
Na verdade, há consenso entre os economistas de que a economia vai crescer em 2017. Mas isso não o autoriza a tratar com certo desprezo os estragos da recessão.
O PIB deste ano deve ser algo próximo a 0,5% de crescimento. Logo, muito longe de conseguir recuperar o retrocesso da economia nos últimos dois anos. Para zerar a pedra do que perdemos será necessário esperar até 2019 ou 2020. A frase de efeito seria dizer que teremos uma década econômica praticamente perdida.
Gilberto Braga é professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral