Não devemos torcer para que bancos ganhem menos, mas para que a economia em geral melhore - O DIA
Não devemos torcer para que bancos ganhem menos, mas para que a economia em geral melhoreO DIA
Por Alex Campos

Aqui vai mais um comentário da série "parem de falar mal do lucro". O lucro dos maiores bancos no Brasil foi de 60 bilhões em 2015. Caiu para 50 bilhões em 2016, mas voltou a se aproximar dos 60 bilhões em 2017. Só com tarifas de serviços, BB, Itaú, Bradesco e Santander lucraram 23 bilhões. Daí que os bancos parecem realmente imunes a qualquer crise política ou colapso econômico. E o que isso significa? Isso é bom! Em qualquer lugar do mundo, incluindo a Groenlândia e até no Brasil, isso é bom!

Para muita gente, é um desaforo o sistema financeiro acumular recordes, enquanto o setor produtivo passa sufoco. Mas tudo o que um país dilacerado por três anos de recessão NÃO PRECISA, especialmente no setor produtivo, é de um sistema financeiro também dilacerado. Fraca ou forte, o que a economia necessita é de bancos robustos, com resultados sólidos e balanços solventes. Não tem essa de "se a economia vai mal, os bancos também deveriam ir mal". Ainda bem que vão muito bem pois do contrário o pior seria muito pior.

Se os juros não caem, se as tarifas são abusivas, se as cobranças são extorsivas, cabe ao governo federal, via Conselho Monetário Nacional, corrigir as distorções. Se o governo, via CMN, não faz isso, cabe a você escolher outro governo, a quem caberá escolher outro Conselho.

A gente não deve torcer para que os bancos ganhem menos, a gente deve torcer para que a economia em geral melhore, volte a crescer e cresça mais. Assim como a gente não deve torcer para que um parente rico fique pobre, porque isso não resolve a vida de ninguém só piora a de todo mundo.

Enfim, odiar o banqueiro, desprezar o lucro e demonizar o capitalismo não vai aumentar o seu salário... nem o meu.

DESAFIANDO A MATEMÁTICA E A LÓGICA
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A economia brasileira sempre desafiou a matemática e a lógica, em benefício da dúvida e da incerteza. Os juros bancários continuam firmes e fortes, nas galáxias, contra o nosso dinheirinho fraco e frouxo, na poeira do chão, por vários motivos. Os bancos alegam que o risco é alto, que o compulsório é alto, que a inadimplência é alta, que a intermediação é alta... e tudo isso é verdade. Mas, de fato, a soma de tudo isso não justifica o abismo entre a margem estelar de ganhos e o piso histórico da taxa Selic (6,75%), do Banco Central.
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OFERECENDO JUROS INDECENTES
No entanto, o mal maior pela resistência dos bancos em acompanhar com mais rapidez a redução da Selic tem outro culpado: (sim, ele mesmo) o governo. Com rombo superior a R$ 200 bilhões, as contas não fecham. Daí que o governo precisa se financiar junto aos bancos, vendendo títulos públicos pelos quais o Tesouro Nacional vai oferecer e pagar juros indecentes mais pornográficos do que cenas de sexo explícito no filme da Sessão da Tarde. Nessa transação, onde o Tesouro se endivida no sistema financeiro usando dinheiro dos impostos, o governo sempre entra com a cara, e o contribuinte sempre entra com... a coragem.
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TEIMANDO E FINGINDO NÃO ENTENDER
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Daí que é curioso ver que segmentos importantes da sociedade teimam ou fingem não entender que a solução para reduzir os gastos, os impostos e os juros passa por dois caminhos inescapáveis.
Primeiro, não reeleger políticos irresponsáveis, incompetentes ou delinquentes.
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Segundo, enfrentar uma reforma da Previdência capaz de liquidar regalias, privilégios ou prerrogativas especialíssimas. Você pode não confiar no que eu digo agora e continuar confiando no que dizem os sindicatos que sempre apoiaram os presidentes, os governadores e os prefeitos que quebraram o sistema. Quem não acredita em mim agora, não tem problema. Vai acabar acreditando no dia em que o dinheiro da aponsenatadoria parar de entrar na conta.
Bom domingo e boa sorte!
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