Luís Eli Efi da Silva, diretor da Cufa NY - Divulgação
Luís Eli Efi da Silva, diretor da Cufa NYDivulgação
Por VIVIANE FAVER

NOVA YORK (EUA) - A Central Única das Favelas (Cufa) promete agitar os meses mais quentes em Nova York, nos Estados Unidos, com programas voltados à inclusão social e aprendizado de jovens e adultos por meio das artes. Em abril, início da primavera, a Cufa Bronx vai realizar um pool de atividades ministradas por professores voluntários que ensinam capoeira, dança, artes, grafite, música e esportes. As atividades são resultado da parceria entre a Cufa de NY, situada no Bronx, e a Organização Não-Governamental (ONG) Wham, que fica no Harlem, ambas em Nova York.

A exemplo do programa realizado em 2017, o Saturday Program, que esse ano leva o nome Ode to the Bronx (Tributo ao Bronx), será realizado no Centro Cultural Andrew Freedman Home, que fica na 1125 Grand Concourse, Bronx -NY. O programa, que começa em abril, é destinado a jovens e adultos. E, segundo o diretor da Cufa de Nova York Luís "Eli Efi" da Silva, o programa não é somente para crianças, mas sim para toda família, com atividades que vão desde capoeira, dança, artes, grafite e música.

"A nossa ideia sempre foi que pais e mães participassem das atividades com os filhos. Muitas vezes o problema familiar não é só com o jovem, ele abrange toda família. Por isso é importante essa integração", avalia Eli Efi. "Em outras ocasiões percebemos que alguns jovens, por serem reprimidos dentro de casa, apresentam dificuldade de se expressar e isso cria uma distância muito grande entre pais e filhos", acrescenta.

Todos os participantes ganham certificado na conclusão dos cursos. O projeto que vai para sua terceira edição, começou em 2017 com 85 participantes. A maioria africanos e latinos, moradores do Bronx e arredores. Vale lembrar que a Cufa está em NY desde 2015.

CAMPEONATO DE FUTEBOL

O segundo projeto agendado para este verão, que em Nova York começa em junho, é o campeonato infantil de futebol. Em um primeiro momento a disputa será no jardim do centro cultural, onde funciona o escritório da Cufa.

“Pretendo no futuro fazer intercâmbio com crianças daqui e do Brasil. E realizar a Taça das Favelas - que é um projeto que funciona na Cufa do Brasil - aqui com a final no Yankee Stadium”, sonha o diretor da Cufa NY, que quando chegou nos EUA foi professor de futebol numa escola pública e seu time ganhou três vezes.

O principal desafio na Cufa de NY é conseguir fazer com que esses projetos de verão se tornem permanentes. Para isso eles ainda correm atrás de suporte de alguma fundação ou uma resposta de um sponsor em potencial.

Segundo o diretor da Cufa, a ONG não recebe ajuda de custo do Brasil e todos os programas no momento são feitos por voluntários e doações. As famílias participantes trazem comidas feitas por elas como pagamento das aulas.

O sonho de Luís "Eli Efi" da Silva é um dia poder oferecer um programa de música para crianças com aulas de violino, piano e produção musical, exigindo em troca, que elas tenham notas boas na escola. "O evento é uma oportunidade para a Cufa exportar e democratizar o acesso internacional à sua tecnologia social única no mundo. Além disso, será possível importar novas idéias e gerar debates sobre o papel da cultura popular, do esporte comunitário, do empreendedorismo social e do empoderamento de moradores de favelas e periferias como armas poderosas contra o preconceito social e a discriminação racial”, diz Luís.

ARTIST MOVEMENT

Eli Efi foi responsável por iniciar, em 2017, o “Artist Movement”, movimento de inclusão social onde os participantes têm aula de artes para crianças, cursos de DJ's e "open mic", aquela batalha onde rappers mostram suas rimas, para futuros MC's.

Ele diz que o programa do ano passado teve um gosto especial: crianças vindas do Foster Care (entidade que cuida de crianças afastadas dos pais, na maioria presos pela imigração) participaram do Artist Movement. "Algumas crianças já estavam meses sem ver os pais. Por isso, as elas criaram um apego com o programa e quando falamos que íamos terminar elas choraram tanto que decidimos estender o programa até cinco meses. O término foi bem difícil e me tocou muito", finaliza.

Antes da Cufa, Luís, que já tem cinco álbuns de hip hop lançados no Brasil com grupo DMN, já fazia trabalho social dando aula de percussão e futebol para crianças. Com o convite da Cufa Brasil viu a oportunidade de fazer o mesmo em Nova York.

A Cufa está presente em 27 países e hoje se consolida como uma das maiores organizações de jovens, oriundos das favelas no mundo, mobilizando de forma direta cerca de 80 mil pessoas por ano. Entre eles crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

SERVIÇO

CUFA BRONX NY

LOCAL: Andrew Freedman Home

1125 Grand Concourse, Bronx, NY 10452

Contato: cufabronxnyc@gmail.com

 

Edição de Martha Imenes

 

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