É obvio que, se essa é a única alternativa para se evitar novas tragédias, temos que nos acomodar vendo o caos nosso de cada dia correr o risco de aumentar violentamente. A interdição da autoestrada Grajau-Jacarepaguá vai provocar congestionamentos iguais ou maiores pelos quais hoje passam os moradores da Barra da Tijuca e de São Conrado que dependem de uma única via de escoamento, a autoestrada Lagoa-Barra, uma vez que a Avenida Niemeyer segue interditada desde de maio.
Aliás, sobre a Autoestrada Lagoa-Barra, também paira uma ameaça de interdição. Não podemos esquecer do recente desmoronamento que ocorreu sobre o Túnel Acústico. Desde o início do autal mandato até hoje, a média anual de investimento é de aproximadamente R$ 88 milhões por ano, o que equivale a 19% do que era anteriormente investido (veja o gráfico).
Só esse dado já é suficiente para entendermos o porquê da necessidade de se interditar as vias de circulação. É importante lembrar que a prefeitura havia prometido entregar as obras emergenciais da Niemeyer concluídas até novembro, mês que estamos entrando. Aparentemente será difícil cumprir a promessa. Até o momento não temos notícias de quando serão concluídas.
Por que essa indefinição? Uma obra emergencial dessa importância necessita de um planejamento minucioso e detalhado. Não aceita improvisações. As empresas contratadas precisam ter as garantias contratuais asseguradas e os pagamentos dos serviços realizados religiosamente efetuados. Será que isso ocorre?
Pelo que conseguimos apurar, em consulta ao Portal “Rio Transparente” (atualizado em 30/10), dos R$ 40,9 milhões das obras contratadas, as empresas receberam o equivalente a 13,62%. Como conduzir essas obras, de alto grau de dificuldade, em ritmo compatível com a necessidade da população sem que as empresas tenham recebido o equivalente ao que já foi executado?
Mesmo que ocorra um atraso na entrega, as empresas merecem nosso agradecimento, pois estão investindo fortemente, sem receber do poder público, a contrapartida devida.
*Presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Estado do Rio de Janeiro (AEERJ)