Por Marina Cardoso

Para quem costuma usar a caderneta de poupança como fonte para investimento, é bom se preparar e pensar em outras alternativas neste ano. Com os juros da Selic, a taxa básica da economia, em queda e no menor patamar da da história (4,5% ao ano), o sinal de alerta acendeu: a aplicação financeira mais tradicional renderá abaixo da inflação pelo segundo ano seguido.

Em 2019, a caderneta rendeu 4,26%, contra inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que foi de 4,31%. Já para este ano, o cenário não será diferente, pois de acordo com as projeções do relatório "Focus", divulgado pelo Banco Central (BC), a estimativa de inflação é de 3,6%, enquanto a caderneta deverá render apenas 3,15%, caso os juros básicos não mudem.

Para quem guarda dinheiro na caderneta, o momento é de buscar novas formas que garantam que o dinheiro não perderá para a inflação. Entretanto, migrar para outras aplicações, como fundos de investimento, é um processo que exige atenção, pois há uma série de fatores que devem ser levados em conta.

"O investidor deve considerar valor da taxa de administração dos fundos, segurança, o prazo que pretende manter o recurso investido, tributação e o produto financeiro que está escolhendo. Na seleção de onde e no que investir, o investidor deve pensar sempre na combinação de risco e retorno. Normalmente, quanto maior o ganho almejado, maior o risco assumido", afirma o professor de finanças do Ibmec Gilberto Braga.

Normalmente, os investidores tendem a migrar para o Tesouro Direto. "É considerado muito seguro pois é aplicação em títulos da dívida pública brasileiro. É como se o investidor estivesse emprestando dinheiro para o governo federal, que é, por definição, o melhor pagador do país", afirma.

Além do Tesouro Direto, os fundos imobiliários e as Letras de Câmbio Imobiliária (LCI) e Letras de Câmbio do Agronegócio (LCA) também são muito procuradas, junto com os fundos de renda fixa e o Certificado de Depósito bancário (CDB).

Braga avalia que fora a poupança, todas as alternativas sofrem a incidência do Imposto de Renda e muitas não têm a garantia do Fundo de Garantia de Crédito (FDC). "O fundo é uma espécie de seguro que indeniza o investidor em até R$ 250 mil, se houver algum problemas com o emissor, banco ou título", explica.

Aplicação ganha das taxas de administração maiores
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Diante dessa situação, o diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, afirma que os bancos vão ter que reduzir a taxa de administração cobrada pelos fundos. "Só assim vão garantir a permanência dos clientes nas instituições financeiras".
Oliveira acredita que por conta do acontece, o governo deve mexer nas regras da poupança que vale 70% da Selic mais TR, quando a taxa de juros fica está a baixo de 8,5% ao ano. "É preciso pensar que a poupança é boa para habitação, que movimenta a economia, e modificando a norma aumenta a rentabilidade da caderneta", explica.
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A Anefac fez comparação entre a poupança e os fundos de investimento. Com a Selic em 4,5% ao ano, a caderneta só é vantajosa no curto prazo, no caso de fundos com taxas de administração baixas, e de longo prazo, em fundos com taxas mais altas. Com índice de administração de 1% ao ano, por exemplo, a caderneta empata com os fundos de investimento quando o resgate ocorre em até seis meses e perde depois disso.
Para taxas de 1,5%, a poupança rende mais que os fundos para resgates em até um ano, empata com retirada entre um e dois anos e perde quando leva mais de dois anos para saque.
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Com taxas de 2% ao ano, a caderneta ganha dos fundos quando o resgate leva entre um e dois anos e empata depois desse prazo.
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