Clientes precisam avaliar os custos de seguro e tarifa, além dos juros, para ver se vale a mudança - Divulgação / Banco do Brasil
Clientes precisam avaliar os custos de seguro e tarifa, além dos juros, para ver se vale a mudançaDivulgação / Banco do Brasil
Por Marina Cardoso
Rio - Com a constante queda na taxa básica de juros da Selic - neste ano a projeção é 4,5% ao ano, menor patamar da história, uma modalidade vem se tornando a saída para os endividados. Nesse cenário, a portabilidade de um banco para o outro fica atraente e a migração possibilita uma série de vantagens. Entre elas melhores condições de empréstimo e diminuição no valor das parcelas. Porém, os especialistas alertam para a necessidade do cliente saber negociar para cortar as despesas financeiras. 

Em novembro do ano passado, o Banco Central (BC) registrou um total de 486.959 pedidos efetivados, o maior nos últimos três anos. Esse número é quase quatro vezes superior se comparados com os 130.769 do mês de novembro 2016.
A portabilidade pode ser feita de clientes com conta-corrente ou conta-salário e também por todas as linhas de crédito, inclusive as mais caras - cartão de crédito e cheque especial. Segundo o diretor-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a migração é mais vantajosa nos casos de créditos a longo prazo. "É o caso do financiamento imobiliário. No caminho, com taxa de juros menores, qualquer redução dará uma economia muito grande no bolso do consumidor", avalia.  
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O professor de MBA em Finanças Pessoais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pedro Leão Bispo, afirma que antes de migrar para outro banco, os clientes precisam avaliar todos os custos e não apenas a taxa nominal de juros. "A pessoa precisa ter o cuidado de colocar tudo na ponto do lápis, pois ela não arcará só com a dívida. É necessário calcular o Custo Efetivo Total (CET) para saber sobre os valores de seguro, tarifas e o IOF. Dessa forma, se os valores forem muito maiores para o cliente não valeria a pena mudar de banco", explica. 
BANCOS 
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Questionadas pelo O DIA para saber como funciona a portabilidade, o Banco do Brasil afirmou que todas regras e condições estão normatizadas pelo BC. "No caso de empréstimos e financiamentos, é condição básica para a portabilidade que a taxa de juros seja menor do que na operação original". 
Para solicitação da portabilidade para o BB, no caso de crédito consignado, os clientes podem utilizar o aplicativo BB via celular. Para as demais linhas de empréstimo e financiamento, podem procurar uma das agências do Banco.
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Já no banco Bradesco, a portabilidade de crédito é analisada caso a caso. O objetivo é sempre manter o cliente e oferecer condições adequadas ao seu orçamento.
 
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Débitos no crédito imobiliário e cartão ficam menores
Para mostrar na prática como funciona a migração de um banco para o outro, o professor de Finanças do Ibmec/SP Daniel Carrasqueira de Moraes fez simulações. No exemplo de um banco A, com financiamento imobiliário de R$ 660 mil, em 420 meses, a parcela atual estaria em R$ R$ 1.742,42. Caso o cliente migre para um banco B, a parcela cairia para R$ R$ 1.161.37, queda de 33,34%, com juros de 4,25%, metade do primeiro caso.
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"A migração vale quando a taxa é mais baixa. Mas, além disso, é preciso lembrar que ao mudar o cliente vai arcar novamente com o ITBI e a avaliação. Este último pode negociar com o banco para abaixar o máximo possível", alerta Moraes. 
No caso do cartão de crédito, com saldo devedor de R$ 1,5 mil, no banco A com juros de 10,48% a mensalidade sai a R$ 157,20. Se faz portabilidade para o banco B com juros a 4,22%, cai para R$ 63,30, diferença de R$ 40,27%.
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"Isso quer dizer que para ter valores menores deve brigar por juros menores e estar em um banco que o ofereça. Também não pode ficar exposto no rotativo. O relacionamento com o cliente vai ser um definidor na negociação", conclui.