BB, na gestão Novaes, vendeu carteira para banco criado por Guedes - Agência Brasil
BB, na gestão Novaes, vendeu carteira para banco criado por GuedesAgência Brasil
Por MARTHA IMENES
Pechincha, substantivo feminino, que quer dizer benefício expressivo e significante; vantagem, barganha, lucro obtido de maneira inesperada e/ou imerecida. No caso do banco BTG Pactual, desembolsar R$ 300 milhões pela carteira de empréstimo do Banco do Brasil, que tem R$ 3 bilhões a receber, foi uma verdadeira pechincha. A denúncia do negócio "de pai pra filho" foi feita pelo ex-governador e pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT-CE) em seus perfis nas redes sociais.

Na web, Ciro denunciou a negociata, que ele classificou de "roubo moderno". "Estão roubando de braçada. É um negócio absolutamente escandaloso o governo do 'seu' Jair Bolsonaro", conclui. O vídeo com do ex-governador pode ser visto em https://www.instagram.com/tv/CDPpyS1BZNO/?igshid=1vsj0cknxhz2c.
Denúncia do ex-governador Ciro Gomes foi feita no microblog Twitter - Reprodução do Twitter


A transação do BB, que é estatal, com o BTG Pactual, fundado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, pode ter sido o estopim para o pedido de demissão do presidente da instituição Rubens Novaes. O BB nega. Em entrevista, Novaes afirmou que "não se adaptou à cultura de privilégio, corrupção e compadrio de Brasília".

Fake news
Só para lembrar: além da venda de créditos por quase 10% do seu real valor, o BB é investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por gastos em publicidade em sites que divulgam notícias falsas. O caso levou à suspensão dessas propagandas do BB em blogs, portais e redes sociais suspeitos de propagar mentiras.

Os sites e blogs, que são apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, também são alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal que investiga as fake news. Seus proprietários, inclusive, chegaram a ser conduzidos para prestar contas à Justiça e seus perfis em redes sociais foram desativados.

Respostas
Procurado pelo jornal O DIA, o BB informou que a negociação passou por licitação e que é prática comum no mercado. Salientou ainda que todas as transações são feitas com aval de um comitê e que não se trata de decisão individual. Já o BTG Pactual disse que não vai comentar o assunto.
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Senador quer ouvir ex-presidente
O fato de o BB estar no centro de polêmicas nos últimos meses, como a das fake news e o negócio com o BTG Pactual, fez o Senado acender a luz amarela. A afirmação de Rubens Novaes de que o banco precisa de renovação para enfrentar a inovação no mercado e que ele não se acostumou com os esquemas de Brasília, preocupou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que quer ouvir o ex-executivo.
"Trata-se de colocação que traz enorme preocupação, pois pode indicar que grupos criminosos estão interessados em avançar sobre o gigantesco patrimônio do BB, assim como pode evidenciar que o senhor Rubem Novaes tomou conhecimento de tentativas de práticas de corrupção na sua gestão", disse.
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