Rio - Em um ano marcado pelo distanciamento social em razão da pandemia do coronavírus, a tradicional distribuição de doces de São Cosme e Damião neste domingo não corre risco de ficar de fora do calendário dos cariocas. Mesmo com a covid-19, devotos dos santos se preparam para a entrega das sacolinhas, mas cuidados redobrados para não ocorrer aglomeração e evitar contaminação. Para garantir a alegria da criançada, as famílias precisam pesquisar preços, pois em algumas lojas os valores aumentaram. Para quem deixou para a última hora, O DIA fez levantamento em lojas especializadas em produtos típicos da data e constatou que é possível encher 50 saquinhos desembolsando cerca de R$ 72 com os principais doces que agradam os pequenos.
Na UFA Atacadão, em Quintino, por exemplo, grande parte dos preços dos produtos foram mantidos este ano em comparação com os de 2019. "Tivemos aumento de 6% em poucos itens, já a maioria dos doces conseguimos deixar o mesmo preço por ter receio por conta da pandemia. Dessa forma, queremos atrair o cliente que não deixa de montar os saquinhos. Muitos deles têm a questão da religiosidade e vão distribuir mesmo com o coronavírus", explica Julio Cesar de Matos, diretor comercial da UFA Atacadão.
Na Saara, no Centro do Rio, os lojistas perceberam a diminuição no número de consumidores procurando por doces para montar os saquinhos dos santos. De acordo com Diogo Nascimento, responsável pela unidade da Casa do Biscoito, na Rua Buenos Aires, a queda foi brutal.
"Este ano está sendo um absurdo a diferença, cerca de 80% a 90% na queda na procura. Depois do Dia das Mães e Dia das Crianças, São Cosme e Damião é o nosso principal evento. Por conta disso, nós resolvemos manter os mesmos preços do ano passado, já que vindos da fábrica não tivemos reajuste", afirmou Diogo Nascimento.
TRADIÇÃO SERÁ MANTIDA
Nem mesmo a pandemia impediu os planos da professora Marília Barcelos, 38 anos, e de sua mãe de montarem os tradicionais saquinhos para distribuir pelas ruas de Encantado, na Zona Norte.
"Há mais de 15 anos temos a tradição de entregar no bairro. Mesmo com os problemas deste ano, fizemos questão de entregar. Notamos alguns preços altos, mas mesmo assim não desistimos de comprar", explicou.
A veterinária Karina França, 29, vai optar por entregar os doces embalados para não correr risco de contaminação. "É uma tradição, não é? Não vou deixar de fazer, mas vou seguir todas normas para evitar riscos e, claro, sem aglomeração também", garante.
