Por Luiz Fernando Santos Reis*
Estamos a 45 dias das eleições municipais quando deverão ser eleitos um total de 5.570 prefeitos e as respectivas Câmaras de Vereadores. Será que algum desses municípios têm um cenário parecido com o do Rio? A cada dia, vemos mais manchetes que destroem a esperança de vislumbrarmos um futuro promissor. Governador afastado pela Justiça e sofrendo um processo de impeachment. Governador em exercício também vítima de buscas. Secretários de Estado presos.
Ao olharmos para o Município do Rio, que sempre foi um exemplo de orgulho em sua gestão, não podemos esquecer de nomes como Negrão de Lima, Marcos Tamoio, Cesar Maia que, entre outros, fizeram uma transformação na cidade e, dessa forma, tinham exposição na mídia por suas realizações em prol do bem-estar dos cariocas. Hoje, vemos na mesma mídia que as matérias que deveriam ser políticas se assemelham muito mais a crônicas policiais. O que aconteceu com o Rio para chegar a esse estado de degradação?

O carioca perdeu o orgulho de sua cidade, quer seja na esfera estadual quer seja na municipal. Deixamos de ser o centro de inteligência do país para sermos alvo de chacotas. O município está quebrado e aplicando mal e sem transparência os parcos recursos que têm. Dívidas na Saúde provocam caos no atendimento à população; além disso temos escolas públicas fechadas e em processo de deterioração, conservação da cidade deficiente, bueiros e galerias de águas pluviais entupidas, ruas esburacadas e mal iluminadas. No entanto, a prefeitura, quase que diariamente, cria “créditos suplementares” para “revitalização de obras de pavimentação e drenagem em vários espaços, urbanização de assentamentos informais, urbanização de comunidades carentes e revitalização de espaços públicos”.
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Sem dúvida programas meritórios, se não faltassem 90 dias para o término do mandato da atual gestão e esses programas não estivessem voltados para fins eleitorais enquanto faltam recursos, com acima dito, para projetos muito mais importantes para população.

Agora é a nossa hora de julgar os candidatos, analisar o passado de cada um, verificar o que apresentam como programa de governo, saber se as metas planejadas são factíveis ou só eleitoreiras, principalmente considerando a situação das finanças da Prefeitura que o vencedor do pleito vai encontrar. Não podemos cair na ilusão da oferta de grandes realizações. Não existem recursos para isso. Temos que focar em Saúde, Educação e manutenção/conservação da cidade. Não podemos ser iludidos por belos discursos, muitas vezes vazios. Temos um exemplo recente em nosso estado de que é preciso ter muito juízo para resgatar a qualidade de vida em nossa cidade ou não teremos como salvar o Rio.



*Presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj)