Em período de chuva, as ruas viram lagos; na época de tempo seco parece uma tempestade no deserto: só poeira - fotos Ricardo Cassiano
Em período de chuva, as ruas viram lagos; na época de tempo seco parece uma tempestade no deserto: só poeirafotos Ricardo Cassiano
Por MARTHA IMENES
O rally enfrentado por quem precisa percorrer as ruas do Distrito Industrial de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, parece estar chegando ao fim. Após uma reunião na Associação das Empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz e Adjacências (Aedin), que pôs na mesma mesa representantes de grandes indústrias da região, como Gerdau, Ternium, Cladtek e Fábrica Carioca de Catalizadores (FCC), com o presidente da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), Fábio Galvão; na quarta-feira foi a vez de representantes da Prefeitura do Rio estarem na região. Os grupos, em dias distintos, viram de perto o perigo que é trafegar pela ruas do distrito e ouviram os problemas enfrentados pelas empresas.

Antes sem solução alguma, o Distrito Industrial de Santa Cruz agora tem duas possibilidades: a Codin se comprometeu a levar o pleito da associação ao Departamento de Estradas e Rodagem (DER) e ajudar na captação de recursos junto ao Ministério de Desenvolvimento Regional e a Prefeitura do Rio garantiu que na próxima semana começarão as obras de recapeamento asfáltico de todas as ruas. De acordo com fontes, o secretário municipal de Infraestrutura e Habitação, Sebastião Bruno garantiu que em 20 dias as intervenções, de forma paliativa, estarão concluídas. A operação tapa-buracos vai começar pela Av. Átila Temporal na terça-feira. Por conta disso, a via será interditada.

R$ 22 MILHÕES
Um estudo de viabilidade técnica da Aedin mostra que são necessários R$ 22 milhões para revitalizar todo o distrito. "Obras são vitais para a região, que há 50 anos não passa por revitalização. "Os distritos foram criados em 1970 e de lá para cá não passaram por melhorias", afirmou Fábio Galvão, na segunda-feira. E acrescentou: "Convênio firmado entre a Codin e o DER agora permite que sejam feitas ações nas regiões antes restritas aos municípios".

Para agilizar os trâmites, a Aedin entregou ao presidente da Codin o estudo, que tem, inclusive, a parte de urbanização. "Vou levar o projeto ao DER", garantiu Galvão.
Fábrica da Fiocruz
E para impulsionar ainda mais a região, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai instalar a maior fábrica de vacinas da América Latina no Distrito de Santa Cruz. O Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde vai ocupar uma área de 580 mil metros quadrados e terá capacidade de produção de 120 milhões de frascos de vacinas e biofármacos por ano.

Vacinas contra meningite, hepatite e tríplice bacteriana, que atualmente são importadas, vão passar a sair do polo. O acordo prevê a construção de nove prédios e a inauguração está prevista para 2023 e deverá gerar cinco mil empregos diretos. O complexo será responsável por toda produção de vacinas da Fiocruz, inclusive a de covid-19, quando for aprovada.
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Precariedade das ruas afasta investimentos
A saída de indústrias e a dificuldade de atrair investimentos para a região por conta da situação precária das ruas, que padecem com falta de asfalto, iluminação, calçamento e, consequentemente, de segurança, foram os pontos destacados pelo presidente da Aedin, Pedro Gonçalves de Matos, que é superintendente da Casa da Moeda do Brasil.

"As indústrias instaladas aqui geram empregos para a região, arrecadam milhões em impostos, e temos condição de ser o principal polo industrial do estado. Já tivemos 20 indústrias aqui, agora temos 14", adverte o presidente da associação.

Mas, complementa, para que isso aconteça é necessário que haja contrapartida dos entes públicos. Para se ter uma ideia, a região recolhe R$ 260 milhões em impostos anualmente.

14 empresas e mais de 15 mil empregos
Mais de 15 mil empregos diretos e 2,5 mil terceirizados, 14 grandes indústrias, 550 ônibus para transporte de funcionários diariamente, 800 caminhões em trânsito diário e cerca de dois mil veículos de passeio. Estes são alguns dos números do Distrito Industrial de Santa Cruz.

O polo, que deveria ter uma boa contrapartida dos entes públicos, está largado à míngua: falta iluminação adequada, calçamento e, principalmente, asfalto, as ruas têm verdadeiras crateras.

É comum ver caminhões quebrados, ainda com as cargas que deveriam ser escoadas da região, carros de passeio com pneus e suspensão avariados pelo caminho, trabalhadores com rostos e roupas cobertos de poeira amargando a longa espera do coletivo, que sumiu do distrito.

Os problemas vêm sendo relatados pelo jornal O DIA, que em 22 de junho e 28 de agosto esteve na região. Nesta última data, máquinas da Prefeitura do Rio "brotaram" na via principal. Passada uma semana foram retiradas do local. Mas agora, segundo fontes, o secretário Sebastião Bruno, garantiu que as obras vão ocorrer.