O percentual de entrevistados que afirmaram ter comprado algum produto falsificado nos últimos 12 meses caiu pela metade na comparação com o ano anterior: 9,2% ante 19.6%, respectivamente
O percentual de entrevistados que afirmaram ter comprado algum produto falsificado nos últimos 12 meses caiu pela metade na comparação com o ano anterior: 9,2% ante 19.6%, respectivamenteDaniel Castelo Branco/Agência O Dia
Por O Dia
Um levantamento do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec-RJ) revela que quase 80% da população fluminense admite já ter comprado algum produto pirata na vida (77,9%). Porém, esse consumo apresentou uma expressiva queda em 2020 diante das restrições impostas pela pandemia do coronavírus. O percentual de entrevistados que afirmaram ter comprado algum produto falsificado nos últimos 12 meses caiu pela metade na comparação com o ano anterior: 9,2% ante 19.6%, respectivamente.

Segundo o levantamento, realizado entre 25 e 27 de novembro do ano passado, as medidas adotadas para a contenção da pandemia impactaram diretamente o comportamento dos consumidores. Com a restrição da circulação de pessoas, o fechamento das fronteiras do país e o funcionamento parcial do comércio, a facilidade para encontrar itens ilegais caiu significativamente. Enquanto em 2019 37% dos entrevistados dizia que comprava os produtos ilegais porque eles eram fáceis de encontrar, em 2020, esse percentual despencou para 6,5%. Já em 2019, a pesquisa mostrava que o comércio de rua havia sido a principal forma de aquisição dos produtos piratas.

Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade, considera o dado ainda preocupante. “A queda está muito relacionada a um fator atípico e pontual, que foi a pandemia. É importante que sejam tomadas medidas que diminuam a demanda e a oferta do produto ilegal, tornando-o menos atrativo para o consumidor, além de uma real conscientização e uma mudança efetiva de comportamento da sociedade que aceita o produto ilegal, seja ele pirata, falsificado ou contrabandeado”, aponta.

Vismona ainda ressalta o vínculo criminoso que o produto ilegal tem com o financiamento do crime organizado. “O dinheiro desses produtos não gera empregos, não contribui com qualquer investimento na sociedade, ao contrário, abastece o crime nas cidades brasileiras”. Segundo a pesquisa, apesar do alto consumo do ilegal, a população tem consciência sobre os prejuízos do mercado pirata para o país. Ao todo, 96,2% dos entrevistados sabe que pirataria é crime e 79% concorda que a compra de produtos piratas afeta negativamente a economia do Estado. Para 63,9%, o consumo do ilegal favorece o aumento da violência e da criminalidade.

Preço baixo é o que atrai

Para a maioria dos entrevistados (69%), o preço baixo é o principal atrativo para a compra do produto pirata em relação ao original - 64,1% apontaram os impostos elevados como o grande motivo para a mercadoria original ser mais cara; percentual subiu 23% em relação a 2019. Questionados sobre a razão para abandonar o ilegal, a baixa qualidade do produto pirata foi o principal motivo para 32,9 % dos entrevistados.

Entre os produtos ilegais em comercialização no Rio de Janeiro, chamam atenção indústrias brasileiras produzindo verdadeiras cópias das marcas de cigarro ilegais paraguaias – justamente as líderes de mercado, segundo dados do Ibope. Um exemplo é a paraguaia Gift – contrabandeada e a mais consumida no RJ -, com 28% de mercado. Além desta, o consumidor carioca encontra as cópias Gift, G Gift e Club One. Todas trazem similaridades nos rótulos, identidade visual e embalagem do produto paraguaio.

Segundo o presidente do FNCP, Edson Vismona, trata-se de uma estratégia de crescimento de fabricantes brasileiras diretamente ligada à cópia de marcas do contrabando para confundir o consumidor. “Estas indústrias estão atuando de modo ilegal não só pelo plágio, mas pela venda abaixo do preço mínimo estipulado por lei, de R$ 5. É ilegal e imoral”, aponta Vismona.
Ao todo, o cigarro ilegal no RJ tem 41% de mercado. O cigarro é o principal produto contrabandeado para o Brasil e o mais apreendido pela Receita Federal.