Nesta segunda-feira, 10, presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentou ao Congresso a PEC dos Precatórios e o novo Bolsa FamíliaDivulgação/Ministério da Economia
"Todos os precatório de pequeno valor, abaixo de R$ 66 mil, sempre estarão fora da regra de parcelamento", reforçou o documento.
A Economia detalhou ainda que são apenas 47 precatórios com valor individual acima de R$ 66 milhões. Já os precatórios de valor intermediário somam 8.771, que serão parcelados quando o montante ultrapassar a disponibilidade de 2,6% da Receita Corrente Líquida (RCL) anual.
De acordo com a pasta, a proposta permitirá o pagamento à vista de todos os precatórios de até R$ 455 mil em 2022. "Apenas 3.3% (8.771) de um total de 264.717 atingidos pelo parcelamento", destacou a Economia.
O documento aponta ainda a criação de um "encontro de contas" com devedores da União, incluindo Estados e municípios. Ou seja, o governo poderá os precatórios de dívidas com a União.
A proposta, que parcela o pagamento de dívidas judiciais do governo com empresas, servidores e beneficiários da Previdência, abrindo espaço no Orçamento de 2022 para turbinar o Bolsa Família em ano eleitoral, foi enviada na segunda-feira ao Congresso.
O secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, repetiu que o governo quer parcelar os pagamentos justamente para respeitar o teto de gastos. "É uma âncora fiscal importante. É um precedente ruim tirar uma despesa dessa magnitude tirar do teto. No limite, poderíamos voltar para ideias do passado que não eram boas, como tirar a Previdência do teto para solucionar um problema. Mas a solução foi fazer a reforma (do INSS)", avaliou.
Bittencourt lembrou que, como precatórios não estão na alçada do Executivo, não há como se fazer uma reforma nessa despesa. "O que o governo tem a fazer é executar as coisas com correção para não ser condenado nas discussões judiciais. Uma vez que a Justiça tenha dado ganho de causa (nos precatórios), cabe ao governo fazer um fluxo de pagamento condizente com as normas fiscais. Isso que a gente está propondo com a PEC", concluiu.
Funchal reconheceu que o governo foi pego de surpresa com o volume de precatórios de quase R$ 90 bilhões em 2022, mas alegou que, mesmo se o montante tivesse sido previsto com exatidão, não caberia no teto de gastos do próximo ano.
Bittencourt argumentou que não há como prever quando o Judiciário irá inscrever cada um desses precatórios, para que eles tenham que ser incorporados de fato ao orçamento. "Talvez tenha um ponto em que a gente tenha pecado, que é explicar para a sociedade como os precatórios entram no processo orçamentário", Bittencourt. "Colocamos no anexo de riscos fiscais, mas sem materialidade do prazo de suas execuções, de quando vão entrar no Orçamento", alegou.
O procurador-geral substituto da PGFN, Cristiano Neuenschwander Lins de Morais, afirmou ainda que alterações processuais deram maior efetividade às medidas em massa, dificultando uma projeção para esses valores a cada ano. "Sempre há espaço para melhorias, mas é simplista apontar dedo e dizer que é falha. Mesmo que essa previsão fosse feita, não alteraria o teto, e o problema seria o mesmo", concluiu.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.