Aeroporto do GaleãoDivulgação/Infraero

Rio - Um estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) aponta que a coordenação entre o Aeroporto Santos Dumont (SDU) e o Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão – GIG), além de garantir a competitividade, pode gerar incremento de R$ 4,5 bilhões por ano no Produto Interno Bruto (PIB) fluminense.
Na avaliação dos participantes do evento “Hub Econômico – Reconectando o Rio com o Brasil e o Mundo”, realizado nesta sexta-feira, 20, pela Firjan, é imprescindível que a concessão do SDU, a ser realizada em 2022, garanta coordenação com o Galeão. Essa foi a principal questão debatida durante o encontro virtual.
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De acordo com a federação, a falta de coordenação pode diminuir voos para passageiros e para o transporte de cargas, aumentar custos, reduzindo a competitividade do estado do Rio e do país. Segundo a Firjan, a previsão é de que nos próximos dias seja aberta consulta pública sobre o processo de concessão.

“Somos favoráveis a que o Santos Dumont tenha uma administração privada. O que somos radicalmente contra é que se estabeleça um modelo de concessão desse aeroporto que não leve em consideração a visão conjunta dos dois ativos, Santos Dumont e Galeão, que maximize o resultado para a economia do estado do Rio. Somos radicalmente contra uma visão míope que promova uma concorrência fratricida entre duas estruturas aeroportuárias de nosso estado", destacou o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira.
O presidente da federação também propôs a criação de um grupo de trabalho do hub aeroportuário com políticos, empresários e formadores de opinião para aprofundar a discussão: “É preciso haver um esforço de diálogo, de compreensão sobre o que estamos falando de forma prioritária”.

Julio Talon, vice-presidente da Firjan e presidente da GE Celma, maior empresa de reparo de motores aeronáuticos da América Latina, localizada em Petrópolis e Três Rios, ilustrou como a falta de voos afeta a operação de empresas no Rio de Janeiro: “Oitenta por cento das nossas importações e exportações entram e saem de aeroportos de fora do estado”.
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A GE Celma é responsável por 50% das importações e 60% das exportações fluminenses. Talon relatou que, em 2019, metade das peças importadas veio em “barriga” de avião de passageiro. Mas, hoje, com a diminuição desses voos, esse tráfego somou só 8% no Rio. Mais de 90% estão chegando em aviões cargueiros que pousam em São Paulo. “A aviação de passageiros é fundamental para alavancar a produtividade da indústria do estado e do país. Quando fortalecermos esse hub aeroportuário, esse jogo vira!”, aposta Talon.

O governador Cláudio Castro reforçou: “O Rio de Janeiro pode ser um grande catalisador de logística para toda a América Latina. Assim, poderemos aumentar o número de voos, a presença no Rio e, através da indústria, outros setores podem crescer também”.

O estudo da Firjan ressalta que o fluxo total de passageiros no Santos Dumont e no Galeão é de, em média, 20,6 milhões por ano. Abaixo de 30 milhões, referências internacionais apontam a necessidade de coordenação operacional pelo poder público, o que não ocorre no Rio.
“A Firjan destaca que a falta de coordenação e o aumento de voos no Santos Dumont, a partir da concessão, podem fazer com que o Galeão perca voos domésticos, essenciais para a viabilidade de voos internacionais, já que são necessários, em média, seis voos domésticos para cada voo internacional”, informa em nota.