Estudo analisou dados do mercado digital brasileiro, incluindo sites, apps e contas digitais de janeiro a junho de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020Reprodução/Pexels

Um estudo da OLX e do AllowMe, plataforma de proteção de identidades digitais desenvolvida pela Tempest, identificou um dos principais golpes aplicados no comércio eletrônico no primeiro semestre deste ano: golpe do falso pagamento. A fraude respondeu por 42% dos casos, seguido por falsa venda (25%) e roubo de dados (23%).
O golpe do falso pagamento ocasionou prejuízo estimado em cerca de R$ 6 milhões e tem nos eletrônicos os produtos mais visados, representando 78% dos casos. Celulares aparecem em primeiro lugar na lista, com 47%, seguido por videogames (19%) e computadores (13%), facilidade no transporte, valor e facilidade de repassar esses produtos são os principais pontos que os colocam no topo do ranking.
"Mesmo com um maior investimento por parte das empresas nas soluções de segurança e a tecnologia como uma aliada nos modelos de prevenção de fraudes, os fraudadores atuam principalmente na falta de conhecimento dos usuários sobre os processos de compra e venda eletrônica para aplicar a engenharia social e enganá-los. Por isso, a educação digital é fundamental para que as pessoas possam identificar comportamentos suspeitos e se protejam das investidas dos golpistas", explica Beatriz Soares, diretora de Produto e Operações da OLX.
O golpe do falso pagamento é uma atualização do antigo golpe do "envelope vazio", quando o fraudador apresentava um comprovante de depósito no caixa eletrônico, mas não colocava o dinheiro no envelope e o valor não era computado pelo banco. Com a predominação das transações bancárias digitais, hoje o fraudador faz um falso comprovante de depósito com os dados da vítima e o envia por e-mail ou aplicativo de mensagem, fazendo a pessoa acreditar que o valor já foi depositado e entregue o produto da venda. Quando a vítima percebe o golpe, o fraudador já está com o produto e deixa de responder as mensagens.
O estudo analisou dados do mercado digital brasileiro, incluindo sites, apps e contas digitais de janeiro a junho de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020, em uma base de cerca de 20 milhões de contas abertas em plataformas online.
Comportamento do fraudador

Os golpes são praticados por associações criminosas que se articulam em rede, criam inúmeras contas falsas (utilizando dados válidos de pessoas) e tentam atrair o maior número de vítimas - seja com anúncios, seja com abordagens para comprar itens anunciados por clientes legítimos.

A proporção de uso em relação a e-mails válidos e que caíram em vazamentos recentes de dados é muito maior: em uma amostragem de mais de 10 mil contas falsas, 173 foram abertas fazendo uso de e-mails comprometidos.

Quando observado os horários com maior atividade criminosa na internet, o senso-comum de "hackers atacando na calada da noite" também cai por terra. Três em cada quatro atividades criminosas ocorrem entre meio-dia e meia-noite, enquanto a madrugada corresponde a somente 18% das tentativas de golpe.

"Prevenir fraudes não é uma tarefa que deve ocorrer somente no momento em que há uma transação financeira ou um pagamento, mas ao longo de toda a jornada digital do cliente em uma plataforma - e isso vale para empresas e também para usuários. Enquanto os principais players do mercado investem em soluções de alta tecnologia para detectar e barrar atividades suspeitas, usuários devem também estar atentos a possíveis investidas fraudulentas - seja em relação a promoções extremamente irrecusáveis em troca de dados cadastrais ou na hora de efetuar um pagamento (por boleto, cartão de crédito, transferência bancária ou PIX)", destaca Gustavo Monteiro, managing director do AllowMe.

Como se prevenir

O falso pagamento ocorre principalmente na transação de venda de um item, por isso, manter as conversas nos chats das plataformas de compra e venda, não passar dados pessoais - como email, celular e conta bancária -, e só entregar o item após a confirmação do depósito são essenciais para não cair nesse tipo de golpe.

Confira as principais dicas:

- Negociar sempre pelos chats das plataformas de compra e venda e evite aplicativos de mensagem. Fraudadores preferem ambientes digitais onde não poderão ser rastreados e não gostam de deixar rastro de suas atuações.

- Consumidor recebeu um comprovante de pagamento por mensagem ou e-mail? Desconfiar, conferir diretamente no banco ou na carteira digital se o valor já foi computado, e ainda checar o status da transação na plataforma onde está negociando.

- Só entregar o produto após a confirmação do pagamento

- Desconfiar de compradores apressados, pois essa é uma das táticas utilizadas para que a pessoa entregue o produto antes da confirmação do pagamento.

- Ficar atento aos e-mails recebidos dos sites. E-mails oficiais da empresa normalmente usam o nome da marca e não informações genéricas ou domínio de e-mails gratuitos.

- Empresas também costumam ter o WhatsApp verificado, quando aparece um selo de confirmação que aquela conta é idônea. Se não tiver o selo, desconfiar.