Onyx LorenzoniMarcos Corrêa / PR / Divulgação

Diante das indefinições em relação ao Auxílio Brasil, programa do governo que pretende substituir o Bolsa Família, o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, minimizou o cancelamento do evento que ocorreria na terça-feira, 19, para lançar o incentivo e criticou as preocupações do mercado financeiro quanto ao arranjo que bancará os gastos com o benefício.
"O Auxílio Brasil tem previstos para o Orçamento do ano que vem R$ 36 bilhões. Se eventualmente precisar mais R$ 30, ou mais R$ 20, ou mais R$ 40 bilhões para dar essa assistência às 17 milhões de famílias, a minha pergunta é: o Brasil em 2020 gastou R$ 700 bilhões e não teve nenhuma crise no mercado, para gastar, talvez, 5% disso, nem isso, menos do que isso, nós vamos ter crise no mercado? Não faz sentido", afirmou o ministro em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta quarta-feira, 20.
De acordo com Onyx, os melhores desempenhos nas bolsas registrados após o cancelamento da cerimônia de lançamento foram uma questão "episódica", motivada pela "falta de compreensão". Por outro lado, segundo ele, a queda nas bolsas quando se divulgou a composição do benefício, incluindo uma parte extrateto, se explica porque, às vezes, "as pessoas que 'orientam' o mercado ou têm uma compreensão equivocada, ou não tiveram todas as informações devidas, ou têm algum outro interesse".
Para tranquilizar o mercado, Onyx disse ainda na entrevista que "não vai ser feito nada que vai colocar em risco as contas brasileiras". Ele pediu para que se tenha "serenidade e equilíbrio". "O governo está tranquilo, sereno, não vai ser feito nada que vai colocar em risco as contas brasileiras", destacou. "Nenhum governo teve tanto respeito pelas regras fiscais", disse, acrescentando que existe no Brasil uma "narrativa" para afetar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro.
As indefinições em relação ao programa, que promete um pagamento de R$ 400 para famílias vulneráveis, estão ligadas principalmente ao seu custeio. Entre os arranjos econômicos para viabilizar o auxílio, está o pagamento de uma parte do valor com recursos fora do teto de gastos, possibilidade que preocupa a equipe econômica. Na entrevista, Onyx não chegou a falar de onde viria o dinheiro para viabilizar o programa, mas declarou que estão sendo feitos estudos sobre o tema que devem ser concluídos ainda nesta quarta-feira.

De acordo com o ministro, o governo está trabalhando "fortemente" pelo benefício. Apesar da preocupação sobre os gastos, o ministro afirmou que a equipe econômica está trabalhando para garantir fontes "respeitando os princípios do equilíbrio do teto de gastos e buscando sempre a melhor recuperação para a economia brasileira".

Segundo ele, essa falta de fontes disponíveis é porque o orçamento brasileiro é "ultraengessado". "E isso é um equívoco que nós, pela prevalência das ideias socialistas no Brasil pelo perfil dos governos esquerdistas que nos antecederam, acabamos engessando desnecessariamente o orçamento brasileiro", avalia. "Então a margem de flexibilização é muito estreita."

Em defesa do Auxílio Brasil, o ministro afirmou que o benefício será "completamente diferente" do Bolsa Família, que, na sua visão, era utilizado como uma "pescaria eleitoral". De acordo com Onyx, o atual programa proposto será uma "rampa de acesso social", em que dará às pessoas a possibilidade de ter uma "manutenção da família, mas estimuladas a dar passos à frente", com objetivo de dar "independência".