O valor pago em supermercados cresceu 15,5% em relação a outubro de 2020, enquanto as transações tiveram um acréscimo de 19%Pixbay
A representatividade é bastante expressiva – o valor gasto na categoria é 52% maior que o segundo lugar, as lojas de departamentos. E a liderança no consumo acontece não apenas no montante total gasto, mas também no número de transações, que vem aumentando ao longo do ano. Em relação a outubro de 2020, o valor pago em supermercados cresceu 15,5%, enquanto as transações tiveram um acréscimo de 19%.
Apenas em São Paulo, os gastos com supermercado aumentaram 25% em relação a outubro do ano passado – e a diferença não reflete apenas o aumento dos preços: o número de transações também cresceu, sendo 29,5% maior este ano em relação ao mesmo mês de 2020.
Para essa faixa, a inflação é puxada, em grande parte, pela alta em alimentos básicos como batata (23,6%), açúcar (47,8%) e proteínas animais como carnes (19,8%), aves e ovos (28,9%) e leite e derivados (8,8%). Para os consumidores, o impacto no bolso é notável, explica Christiano Arrigoni, economista e professor do Ibmec.
“A inflação de alimentos deixa menos espaço para esse consumidor comprar outros itens, como, por exemplo, roupas. Alguns deles podem acabar aumentando o seu endividamento no cartão para manter um determinado padrão de consumo ou evitar uma queda mais drástica. Esse aumento no uso do cartão pode, um pouco na frente, levar essas famílias a terem maior dificuldade financeira”, pontua.
Para Fabio Andrades, economista, planejador financeiro e CEO da escola Eu Me Banco, um dos motivos que explica essa alta nos preços em supermercados e, principalmente nos alimentos, é a demanda. Com a implementação do auxílio emergencial, o gasto com os alimentos cresceu, ao contrário da oferta interna de alimentos no país.
“O Brasil optou por continuar exportando, ou seja, vendendo alimentos para fora. Isso diminui a oferta, porque se ele mantivesse boa parte da produção no país, ele teria uma oferta adequada em relação à demanda”, afirma.
Sobre o aumento de transações com o cartão de crédito em supermercados, é importante considerar também a mudança na rotina dos brasileiros com a pandemia. Com o home-office, por exemplo, o hábito de fazer as próprias refeições contribui para esse índice, explica Andrades. Ainda para o especialista, a tendência é de haja queda nesse índice com o retorno das atividades presenciais em 2022.
“Uma pessoa que faz as compras no supermercado e organiza os ingredientes para o almoço e o jantar, vai gastar menos do que gastaria comendo em um restaurante todos os dias, mas vai gastar mais em supermercados”, indica Andrades.
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