Consórcio ou financiamento: especialistas explicam o que levar em consideração na hora de escolher a forma de pagamento de um imóvelFreepik

Rio - A conquista da casa própria é um sonho para muitos brasileiros. Ao menos 18% das pessoas que vivem de aluguéis no país, o equivalente a 13,3 milhões de locatários, desejam ter um imóvel próprio, aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). Mas qual é a melhor forma de se comprar um imóvel: consórcio ou financiamento?
Para o advogado especialista em Direito Imobiliário, Leandro Sender, cada uma das modalidades possuem suas vantagens e desvantagens e cabe ao consumidor analisá-las para verificar qual delas se encaixa melhor em sua situação financeira. Entretanto, ele destaca que o financiamento é melhor para aqueles que querem usufruir logo do imóvel, já o consórcio é mais indicado para quem não tem pressa.
"Essa questão vai variar de acordo com o interesse de cada consumidor. O principal ponto a ser analisado consiste na urgência em se obter o imóvel ou se há possibilidade de aguardar. Caso o consumidor precise de um imóvel para residir em caráter imediato, o consórcio não é uma alternativa viável. Por outro lado, nos casos em que não existe essa necessidade, o consórcio pode ser uma opção interessante", diz Sender.
Ainda segundo o advogado, apesar do financiamento possibilitar adquirir o bem de uma forma imediata, por outro lado ele é mais burocrático que um consórcio, pois exige do interessado uma série de documentos e requisitos. "No financiamento, o banco faz uma análise de crédito e verifica se existe alguma restrição em seu nome. Já o consórcio possui um nível burocrático menor para entrar. Além de não exigirem valor de entrada ou parcelas intermediárias, e também de não terem cobrança de juros. Já a desvantagem é a incerteza de quando se receberá o imóvel", pondera Sender ao lembrar que no consórcio o consumidor depende do sorteio ou da oferta um lance para se contemplado mais rapidamente. 
Outro ponto do consórcio destacado como negativo por Sender é a cobrança do fundo de reserva, que consiste em uma garantia para cobrir eventuais inadimplentes. "Sempre existe o risco deste fundo não ser suficiente para sanar a mora integral, o que poderá gerar um grande risco aos demais consorciados. Nesta situação, é provável que a administradora do consórcio convoque uma reunião para deliberar sobre a situação, sendo certo que muitas vezes ao final do grupo há rateio de saldo credor proveniente desse fundo de reserva", explica.
Já o CEO da Start Investimentos, Eric Labes, chama atenção para um outro fato: quanto maior for a taxa Selic, maior será o custo do financiamento bancário. "Nesse caso, o consórcio começa a ser mais vantajoso, pois como ele não tem juros, só a taxa de administração, a modalidade fica mais competitiva", opina. Tal visão é comprovada por dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), no qual é possível verificar um aumento de 18,3% entre janeiro e setembro deste ano no número de consócios. 
Por fim, Leandro Sender lembra que, caso o consumidor opte pelo consórcio, é preciso verificar se a empresa está autorizada pelo Banco Central para realizar este tipo de negociação. "Já, na hipótese de optar por um financiamento, é recomendável pesquisar instituições que ofereçam taxas de juros mais baixas", recomenda.