No caso do cartão de crédito, houve uma elevação de 0,77%, passando a taxa de 13,06% ao mês (336,22% ao ano) em outubro para 13,16% ao mês (340,87% ao ano) em novembroMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Taxa de juros sobe em novembro e chega ao maior patamar desde dezembro de 2019
Percentual para pessoa física passou de 6,25% ao mês (106,99% ao ano) em outubro para 6,31% ao mês (108,40% ao ano) no mês de novembro
A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) identificou nova alta nas taxas de juros de todas as linhas de crédito em novembro, como o cheque especial e cartão de crédito. O percentual para pessoa física passou de 6,25% ao mês (106,99% ao ano) em outubro para 6,31% ao mês (108,40% ao ano) no mês de novembro. Com isso, se tornou a maior taxa de juros desde dezembro de 2019.
A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou uma elevação de 0,06 ponto percentual no mês (1,41 pontos percentuais no ano) correspondente a uma elevação de 0,96% no mês (1,32% em doze meses).
No caso do cartão de crédito, houve uma elevação de 0,77%, passando a taxa de 13,06% ao mês (336,22% ao ano) em outubro para 13,16% ao mês (340,87% ao ano) em novembro. Com o aumento do percentual, o cartão de crédito apresentou um cenário ainda pior do que a média das linhas de crédtio, sendo a maior taxa de juros na modalidade desde agsoto de 2017, quando atingiu 13,36% ao mês e 350,32% ao ano.
No cheque especial, houve uma elevação de 0,53%, passando a taxa de 7,54% ao mês (139,24% ao ano) em outubro para 7,58% ao mês (140,31% ao ano) em novembro. A taxa deste mês é a maior desde dezembro de 2019, quando atingiu 11,57% ao mês e 272,02% ao ano.
No empréstimo pessoal de bancos, houve uma elevação de 1,39%, passando a taxa de juros de 3,59% ao mês (52,69% ao ano) em outubro para 3,64% ao mês (53,58% ao ano) em novembro. A taxa deste mês é a maior desde maio de 2019 (3,66% ao mês – 53,93% ao ano).
No CDC – Bancos Financiamento de automóveis, houve uma elevação de 5,95%, passando a taxa de 1,68% ao mês (22,13% ao ano) em outubro para 1,78% ao mês (23,58% ao ano) em novembro. A taxa deste mês é a maior desde outubro de 2018 (1,79% ao mês – 23,73% ao ano).
De acordo Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos e pesquisas da Anefac, as elevações acontecem por causa de uma série de razões, que ele lista a seguir:
"Aumento dos juros futuros, expectativa de novas elevações da taxa básica de juros frente a uma inflação maior, pela provável elevação dos índices de inadimplência, anúncio das elevações dos impostos das instituições financeiras da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) em 2021 e, ainda, a elevação das alíquotas dos depósitos compulsórios anunciado pelo Banco Central em 22 de novembro, que elevou as mesmas de 17% para 20% de forma a reduzir a liquidez do sistema financeiro de forma a combater a inflação", afirma ele.
Oliveira entende que essa provável inadimplência pode ocorrer por causa do fim das carências nos empréstimos (pausas e carência nas negociações de dívidas), desemprego elevado, fim do pagamento dos auxílios emergenciais, elevação da inflação e seus efeitos na renda e maior seletividade dos bancos na concessão de crédito.
Para os próximos meses, o diretor executivo de estudos e pesquisas da Anefac acredita que, tendo em vista a piora do cenário econômico com maior risco de crédito e da elevação da inadimplência, bem como com as prováveis novas elevações da taxa básica de juros (Selic) frente a uma inflação maior, a tendência é de que as taxas de juros das operações de crédito continuem subindo.
O que fazer para não virar uma bola de neve?
Nesse cenário de aumento da taxa de juros, a portabilidade de um banco para o outro e a migração para uma linha de crédito mais em conta podem ser a saída para as dívidas não virarem uma bola de neve na vida dos consumidores.
A portabilidade pode ser feita de clientes com conta-corrente ou conta-salário e também por todas as linhas de crédito, inclusive as mais caras - cartão de crédito e cheque especial. "A migração é mais vantajosa nos casos de créditos a longo prazo. "É o caso do financiamento imobiliário. No caminho, com taxa de juros menores, qualquer redução dará uma economia muito grande no bolso do consumidor", avalia Oliveira.
Pedro Leão Bispo, professor de MBA em Finanças Pessoais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explica que, antes de fazer a portabilidade para outro banco, os clientes precisam avaliar todos os custos e não apenas a taxa nominal de juros.
"A pessoa precisa ter o cuidado de colocar tudo na ponto do lápis, pois ela não arcará só com a dívida. É necessário calcular o Custo Efetivo Total (CET) para saber sobre os valores de seguro, tarifas e o IOF. Dessa forma, se os valores forem muito maiores para o cliente não valeria a pena mudar de banco", recomenda ele.
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