Abonos trabalhistas podem ser caminho para quitar dívidas
Mas especialistas indicam que endividados devem fazer um planejamento financeiro antes de utilizar benefícios como o PIS/Pasep ou o saque-aniversário do FGTS; confira outras orientações
Endividamento afeta mais de 63 milhões de consumidores, segundo o Mapa da Inadimplência 2021 - Reprodução
Endividamento afeta mais de 63 milhões de consumidores, segundo o Mapa da Inadimplência 2021Reprodução
Rio - A crise econômica, o desemprego e a inflação em alta vêm abalando a vida financeira dos brasileiros. Para se ter uma ideia, o endividamento afeta mais de 63 milhões de consumidores, segundo o Mapa da Inadimplência 2021, divulgado pela Serasa. Mas, se você está nesta situação, a renda extra pode ser um meio para recuperar o fôlego, pagar as dívidas e ficar no azul. Confira a seguir as orientações dos especialistas para sair do sufoco com segurança.
Segundo a educadora financeira e fundadora do Instituto Soaper, Aline Soaper, o PIS/Pasep pode ser uma boa fonte de renda extra para ajudar a reduzir as dívidas. No entanto, para usar o abono salarial de forma inteligente, vale a pena se organizar financeiramente: "Saber qual valor da dívida e fazer um plano para usar esse dinheiro para sair do vermelho", indica Aline.
Para ter acesso ao benefício, o trabalhador deve estar inscrito no PIS/Pasep há pelo menos cinco anos, ter recebido remuneração mensal média de até dois salários mínimos durante o ano-base, ter exercido atividade remunerada para Pessoa Jurídica durante pelo menos 30 dias, consecutivos ou não, no ano-base considerado para apuração, além de ter seus dados informados pelo empregador (Pessoa Jurídica) corretamente na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)/eSocial.
Os pagamentos vão começar a ser liberados na próxima terça-feira, 8, aos trabalhadores do setor privado e no dia 15 aos servidores públicos. Para consultar o benefício, o funcionário pode entrar no site www.caixa.gov.br/abonosalarial e seguir os passos indicados. É preciso ter o número do PIS (PIS/Pasep) em mãos.
Outra opção para sanar os débitos pode ser o saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Mas a educadora financeira lembra que esse dinheiro não é extra, "ele reduz o valor que está sendo reservado para o FGTS, e em caso de demissão, o trabalhador não poderá sacar o valor total dos depósitos". Aline adverte: "Por isso, é um remédio que ameniza o problema, mas pode gerar outro depois, no momento que a pessoa mais precisa".
Os trabalhadores nascidos em fevereiro que quiserem aderir ao saque-aniversário já podem solicitar o benefício pelo aplicativo FGTS, no site https://www.caixa.gov.br/beneficios-trabalhador/fgts/, no Internet Banking Caixa ou nas agências do banco. E quem já fazia parte da modalidade de retirada anual de recursos do fundo e faz aniversário em fevereiro está apto para sacar neste mês.
Para o especialista em Finanças e planejador financeiro, Marlon Glaciano, os benefícios trabalhistas podem ser utilizados como boas alternativas para quitação de débitos, mas ele reforça que este não é o papel principal deles. "O ideal é fazer uma análise das dívidas em aberto, entendendo qual é a taxa de juros de cada uma. Busque uma renegociação para reduzir o custo e utilize este dinheiro extra dos benefícios para pagar", orienta.
Como organizar a vida financeira
Antes de partir para as opções de renda extra, o consumidor precisa ter em mente a sua realidade financeira. Então, ele pode fazer um levantamento de todos os custos e avaliar o que pode ser reduzido, controlando, principalmente, as despesas pequenas do dia a dia que consomem grande parte da renda, conforme recomenda a educadora financeira Aline Soaper.
Se a ideia é aumentar a receita, o consumidor pode, por exemplo, "levantar um valor extra vendendo coisas que estão paradas em casa e podem se transformar em dinheiro para quitar essas dívidas", opina Aline. "Fazer serviços extras com objetivo de ter uma renda extra para sair do vermelho", finaliza a especialista.
O especialista em Finanças Marlon Glaciano considera que o mais importante para sair do vermelho já no início do ano será entender e conhecer o seu cenário financeiro atual. Ele dá mais uma dica: "Gastar bem é mais importante do que ganhar muito. Faça uma lista simples de todas as suas despesas com o nome e o valor e, logo após, categorize as mesmas como obrigatórias e não obrigatórias. Comece os ajustes pelas não obrigatórias", recomenda.
Glaciano aponta que a regra básica para organizar a vida financeira será utilizar o seu dinheiro com sabedoria e qualidade. "Para isso, separe 100% da sua receita numa ciranda onde até 70% do valor você utilizará para as suas despesas básicas e lazer, 20% para investimento e 10% para proteção como o seguro de vida, por exemplo", finaliza.
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