Índice mede expectativa de vida, nível de educação e parâmetro de vida Divulgação
Relatório da ONU aponta queda de Índice de Desenvolvimento Humano no Brasil
IDH fica em 0,754; país cai 3 posições em relação a 2020, quando marcou 0,765
O Brasil caiu de posição e agora é o 87º país do mundo no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O dado foi apontado pelo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2021/2022, divulgado nesta quinta-feira, 8, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O índice mede a expectativa de vida, o nível de educação e o parâmetro de vida dos países do mundo.
O documento mostra que o IDH do Brasil ficou em 0,754, entre 191 países, o que indica queda de três posições em relação a 2020, quando o país ocupou o 84º lugar com o IDH de 0,765.
O Programa afirma que o Índice de Desenvolvimento Humano caiu de maneira consecutiva em dois anos, 2020 e 2021. O caso ocorre pela primeira vez desde sua criação, há 30 anos.
Durante anos, o índice aumentou de forma sustentável. No entanto, a queda se iniciou em 2020 e prosseguiu com em 2021, "apagando as conquistas dos cinco anos anteriores", afirma o relatório.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), uma série de crises sem precedentes, principalmente a pandemia de covid-19, provocou um retrocesso de cinco anos no progresso da humanidade.
"Isto significa que morremos mais cedo, estamos menos educados, nossas rendas estão em queda", disse o diretor do PNUD, Achim Steiner, em entrevista à AFP. "Apenas sob três parâmetros, você pode ter uma ideia de por que tantas pessoas estão começando a se sentir desesperadas, frustradas, preocupadas com o futuro", explicou.
Um dos principais motivos do retrocesso mundial é a pandemia de covid-19, aponta o relatório. Além de várias crises que não deram tempo de recuperação para várias populações, como políticas, econômicas e ambientais.
"Nós já tivemos desastres antes. Já tivemos conflitos antes. Mas a confluência do que estamos enfrentando agora é um grande revés para o desenvolvimento humano", disse Steiner.
O retrocesso é global e afeta mais de 90% dos países do mundo, segundo o estudo. Suíça, Noruega e Islândia permanecem no topo da lista de Desenvolvimento Humano, enquanto Sudão do Sul, Chade e Níger aparecem nos últimos lugares.
Enquanto alguns países começaram a recuperação da pandemia, muitas nações na América Latina, África subsaariana, sul da Ásia e Caribe ainda não haviam se recuperado quando surgiu uma nova crise: a guerra na Ucrânia. Embora as consequências da invasão russa da Ucrânia para os alimentos e a segurança energética não tenham sido calculadas até o momento no índice deste ano, Steiner afirma que "sem nenhuma dúvida as perspectivas para 2022 são sombrias".
Um fator que contribui consideravelmente para a recente queda do Índice de Desenvolvimento Humano é a redução global da expectativa de vida, que passou de 73 anos em 2019 para 71,4 anos em 2021. O principal autor do relatório, Pedro Conceição, descreveu a redução como "um choque sem precedentes", recordando que alguns países, incluindo os Estados Unidos, registraram quedas de dois anos ou mais.
O relatório também descreve como as forças de transformação, como as mudanças climáticas, a globalização e a polarização política, apresentam um nível complexo de incerteza "nunca visto na história da humanidade", o que provoca sentimentos crescentes de insegurança.
O documento apresenta uma nota positiva ao afirmar que os avanços podem ser conquistados com o foco em três áreas principais: investimentos em energia renovável e preparação para futuras pandemias, seguros para absorver os impactos e inovações para fortalecer a capacidade para lidar com futuras crise.
"Falando francamente, as transformações que precisamos agora exigem que adotemos as métricas do futuro: baixas emissões de carbono, menos desigualdade, maior sustentabilidade", relata Steiner.
O diretor pediu ainda uma reversão na recente tendência de queda na ajuda ao desenvolvimento dos países mais vulneráveis. Continuar por este caminho seria um "erro grave" e "subestima o impacto que isso tem em nossa capacidade de trabalhar juntos como nações", afirmou.
*Com informações da AFP
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