Rio - O impacto de R$ 1,7 bilhão gerado pelo Rock in Rio na economia carioca, em apenas sete dias de festival, foi uma sólida demonstração do potencial na geração de empregos, com destaque para o setor de serviços. Com média de 78% de ocupação da rede hoteleira, segundo a secretaria de Turismo do Estado, o setor abriu uma porta para vaga temporária de garçom para Fabiano Carvalho, de 26 anos, em um hotel em Copacabana, Zona Sul.
Feliz com a volta ao mercado de trabalho, Fabiano sonha com a contratação definitiva e indica o caminho de possibilidades iniciado em outubro, mês que tradicionalmente inicia as contratações temporárias para o fim de ano, em especial no setor de comércio e de turismo. Para efeito de comparação, o Rock in Rio gerou 25 mil empregos. Com a chegada 457 mil turistas, setores como o de Fabiano contrataram.
"Estava desempregado há algum tempo e consegui voltar ao mercado em setembro. A cidade estava cheia de turistas de vários lugares. Isso ajudou muito. Outros colegas também conseguiram oportunidades. Tudo começou com uma vaga provisória, mas espero ser contratado. Não vai faltar trabalho. As festas de Ano Novo estão chegando e o Rio vai receber muitos turistas", disse Fabiano.
Puxado pela informalidade, a taxa de desemprego caiu no estado do Rio. De acordo a pesquisa divulgada em setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a redução foi de 14,9% para 12,6%. Diretor executivo do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ), João Gomes vê com otimismo a projeção para a retomada econômica do Rio, aquecida pelas contratações temporárias em diversos setores.
"Temos uma pesquisa chamada 'Visão do Empresário', que mede situação presente e futura. Na futura, temos perguntas que compõem indicadores como emprego futuro por parte dos empresários que planejam contratações. Após pico atingido em julho deste ano houve uma desacelerado um pouco, desde março de 2021, há uma clara tendência de elevação. Pelo momento, vejo com otimismo esse movimento até o fim do ano, pois o indicador citado mantém um patamar positivo para contratações", avaliou João Gomes.
A melhora da perspectiva do próprio consumidor após o movimento do mercado contratante criar um cenário de retomada após os prejuízos acumulados ao longo da pandemia, em especial no estado do Rio, que amargou a última colocação saldo geral de empregos no país em 2020. Impulsionado pelo setor de turismo e de eventos, os números melhoraram no último trimestre de 2021.
"Esse movimento vem ganhando musculatura em 2022. As pessoas estão mais confiantes em consumir em datas favoráveis por conta da desaceleração da inflação, da taxa de juros... Essa fotagrafia é positiva, mas temos que observar se a tendência será consolidada nos próximos números, principalmente em 2023", concluiu Gomes.
Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro (ABRH-RJ), Lucia Madeira, destaca a tradição do último trimestre no aumento da demanda de vagas temporárias. Além de datas comemorativas como Dia das Crianças, Black Friday, Natal e Ano Novo, a gestora aponta a Copa do Mundo do Catar, que será disputada entre 20 de novembro e 18 de dezembro, como um fator que promete "esquentar" ainda mais a demanda no setor de alimentação (bares, restaurantes e mercados) e de bens de consumo na venda de eletrodomésticos. Lucia indica o "caminho das pedras" para quem busca oportunidades.
"O trabalho temporário é uma porta de entrada para o primeiro emprego e pode levar à conquista de vagas efetivas. Para chegar nessas vagas vale acompanhar os sites de empregos, de empresas de contratação temporária e os de empresas de comércio e serviços. É importante falar com sua rede de contatos, amigos, colegas que você tem interesse em emprego temporário. Shoppings, supermercados e farmácias costumam anunciar as vagas nas próprias lojas. Portanto, circule", disse Lucia Madeira.
Dados da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) revelaram que o mês de agosto superou a contratação de trabalhadores temporários no país. O setor da Indústria, impulsionado pelo Dia das Crianças, garantiu a performancepositiva:248.560 vagas temporárias, melhor resultado para o mês desde a série histórica, iniciada em 2014. Portanto, a expectativa para o fim de ano é otimista na geração de vagas temporárias, diretamente impulsionada pela redução da inflação.
"É importante frisar que há vagas temporárias, mas que muitas vezes faltam candidatos para ocupá-las. Os trabalhadores devem estar atentos às oportunidades, com destaque para mão-de-obra operacional nas cidades do interior”, concluiu o presidente da Asserttem, Marcos de Abreu.
Para quem precisa de orientação para aumentar as chances de conseguir uma oportunidade, a gerente de Empregabilidade do Senac-RJ, Fernanda Centurion, sugere dicas valiosas para os candidatos em busca do primeiro emprego ou de reinserção no mercado, mesmo que em vagas temporárias. Confira abaixo:
- Antes da entrevista, pesquise sobre a empresa e o segmento em que ela atua. Destaque suas conquistas anteriores, apresente números e exemplos práticos que ressaltem suas habilidades e competências.
- Além das habilidades e técnicas de vendas, é preciso ter uma boa relação interpessoal e no relacionamento, tanto com os clientes, quanto com os colegas de trabalho.
- Mostrar-se engajado, proativo e responsável, respeitar horários, compreender a dinâmica de trabalho da equipe e da empresa e estar aberto a novos aprendizados. Esteja atento ao cenário, proponha soluções e melhorias.
- Tenha uma postura profissional e cautelosa também no ambiente digital O que se fala em redes sociais pode ter uma repercussão diferente da esperada. Nunca fale mal da empresa onde trabalha ou dos antigos empregadores.
- Independentemente de ter conseguido a colocação, mantenha-se ativo e estude sempre. Há muitas opções de cursos gratuitos e on-line disponíveis. A educação continuada, com foco na qualificação profissional, é a chave para manter-se ativo e impulsionar sua empregabilidade.
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