No Brasil, 36% dos brasileiros entre 18 e 24 anos fazem parte do grupo "nem-nem"Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Ao terminar o Ensino Médio ou a faculdade, a busca pelo primeiro emprego costuma ser o próximo passo. Sem experiência profissional, o sonho de ingressar no mercado de trabalho pode representar um desafio para os mais jovens. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 36% dos brasileiros entre 18 e 24 anos fazem parte do grupo “nem-nem” — aqueles que não conseguem nem emprego, nem continuar os estudos. Com a falta de oportunidade, uma das saídas encontradas para conseguir trabalho são os Programas de Jovem Aprendiz e Trainee.
A carioca Maria Vitória, de 19 anos, aponta o programa como uma chance de ter experiência. “Por eu só ter o Ensino Médio e nunca ter trabalhado, o jovem aprendiz foi uma opção pelo meu nível de qualificação”, explica. O especialista em carreiras Roberto Recinella afirma que toda experiência é válida e que “no mínimo haverá aprendizado humano”. “No mercado, a gente costuma dizer que as pessoas são contratadas pelas habilidades técnicas, mas são demitidas pelas habilidades comportamentais”, destaca.
Segundo ele, as funções mais ocupadas por profissionais sem experiência são: auxiliar administrativo, garçom, atendente, vendedor, auxiliar de produção, auxiliar de serviços gerais, recepção, telemarketing, self-service e fast food.
De acordo com uma pesquisa realizada com 208 mil jovens egressos do Programa Aprendiz Legal no fim de 2022, 68% dos que passaram pelo programa conseguiram empregos no mercado formal. Na mesma época, o estudo apontou que havia cerca de 460 mil jovens aprendizes no Brasil.
Outra opção encontrada por quem tem pouca experiência são as vagas de trainee, que também são oferecidas por grandes empresas. Recinella diz que essa oportunidade é a “cereja do bolo” por ter a função de descobrir futuros gestores e pessoas com características de liderança. No entanto, trata-se de um processo de seleção muito concorrido, podendo chegar a 1 vaga para 200, 500 ou até 1000 candidatos, afirma.
Dicas dos recrutadores
É possível montar um bom currículo mesmo sem experiência profissional. Para isso, explica Recinella, é preciso, além de preencher todos os dados corretamente, adicionar experiência em outras áreas. “Você pode colocar todos os cursos que já fez, habilidades que usou em voluntariado, por exemplo, acrescentar situações que viveu e mostraram a sua atitude, seu conhecimento, suas habilidades ou até se já trabalhou como freelancer. Lembre-se que o currículo é como se fosse o trailer de um filme, que determina se você vai ver ou não. Nesse caso, o currículo vai servir para o recrutador pensar se a entrevista vale a pena”, diz.
Se a área do candidato for ligada à criatividade —como marketing ou publicidade, por exemplo —, vale fazer algo que saia do lugar comum, afirma o especialista. Mas o fator mais importante é nunca mentir no currículo, aponta. Segundo ele, outro erro muito comum é enviar um currículo generalista para várias empresas diferentes.
No dia da entrevista, as dicas para quem quer se sair bem são: chegar antes do horário, para não correr o risco de atraso; ser honesto; não ficar ansioso; não mentir e não enrolar o entrevistador.
A parte visual também é importante. “Você será analisado desde que entra pela porta da empresa. Por isso, vá com pouco perfume, unhas cortadas, cabelo penteado, e vestido de acordo com o ambiente da empresa, o famoso dress code.”
Como dica extra, Recinella sugere pedir ajuda para amigos e familiares: “São pessoas que querem seu bem, então ficarão felizes em ajudar. Além disso, é possível aprender com os erros”.
O que é o Jovem Aprendiz?
Criado pela Lei 10.097, o programa é uma iniciativa federal que tem o objetivo de incluir o jovem no mercado de trabalho. O texto legal prevê que a carga horária seja entre quatro e seis horas diárias, podendo chegar a oito em alguns casos. O candidato deve ter entre 14 e 24 anos, e a contratação deve ocorrer de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). No caso de pessoas com deficiência, não há limite de idade.
Todas as empresas de médio e grande porte devem completar o quadro de funcionários de 5 a 15% com jovens do programa. A remuneração é baseada no salário mínimo. De acordo com o site vagas.com.br, no ano de 2023, o pagamento varia de R$653 a R$1.581, dependendo da função e da carga horária exercida.

O que é o programa de trainee?
O trainee é o cargo ofertado por uma empresa que busca treinar e capacitar profissionais para que eles exerçam cargos de liderança no futuro. Comparado a outros salários de pessoas que ingressaram no mercado de trabalho sem experiência, a remuneração do trainee costuma ser bem acima da média. O treinamento das empresas pode durar de um a dois anos. De acordo com o site vagas.com.br, o salário do trainee no Brasil costuma variar de R$ 4 mil a R$ 6 mil. Para participar, é necessário ter se formado há, no máximo, dois anos.
As principais características para quem quer conseguir uma vaga são: saber trabalhar em equipe; ter uma boa comunicação; apresentar atividades curriculares e ser proativo.
Vagas abertas no Rio
Jovem aprendiz
SBT
Área: Administrativa;
Local: Centro do Rio;
Para se inscrever, acesse o site.
Renner
Área: Administrativa e logística;
Local: Santa Cruz; Centro de distribuição Renner;
Para se inscrever, acesse o site
Trainee
Instituto Infnet
Áreas: Comunicação Social, Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Marketing, Relações Públicas, Letras, Administração e outras correlatas;
Local: Centro do Rio;
Para se inscrever, acesse o site.
Ternium: Trainee
Áreas: Administração, Ciências Contábeis, Comunicação Social, Ciência da Computação, Economia, Engenharias em Geral, Psicologia, Sistemas da Informação e áreas correlatas;
Local: Santa Cruz;
Para se inscrever, acesse o site.
* Matéria da estagiária Alexia Gomes, sob a supervisão de Marlucio Luna