Em abril, os consumidores enfrentaram dificuldades para encontrar arroz, feijão e leiteInternet/Reprodução
Falta de produtos básicos nas prateleiras dos supermercados atinge maior alta do ano
Indisponibilidade de alimentos nas gôndolas se deve, sobretudo, aos custos elevados, segundo estudo da Neogrid
São Paulo – As gôndolas dos supermercados estiveram mais vazias em abril, segundo o Índice de Ruptura, estudo que a Neogrid — empresa de tecnologia e inteligência que desenvolve soluções para a gestão da cadeia de consumo — realizado mensalmente em conjunto com a Horus. Durante o mês, os consumidores enfrentaram dificuldades para encontrar marcas de produtos básicos, como arroz, feijão e leite.
O levantamento, que analisa dados da malha Neogrid, que reúne as maiores redes de varejos e indústrias do país, e mede a falta de itens nas prateleiras, fechou em 13,5% no último mês, o que representa uma alta de 0,6% em relação a março e o maior índice de 2023 até o momento. Se comparado com o mesmo período de 2022, o crescimento da ruptura foi de 2,2%.
“Além das condições climáticas, que tornam o custo de produção mais alto e impactam no aumento do preço dos produtos, existe um fator econômico de comportamento do consumo que reflete nas estratégias de abastecimento do varejo. Com a alta inflação e a redução do poder de compra do consumidor, o varejo se torna mais cauteloso com a reposição, e acaba comprando menos da indústria. Isso gera um efeito de ruptura, mas não quer dizer que os produtos não estejam disponíveis nas gôndolas, e sim que o Varejo está dando preferência a produtos de alto giro com ticket médio menor”, afirma Robson Munhoz, diretor da Neogrid.
Cesta básica mais cara
Segundo dados da cesta de consumo Horus/FGV, o preço do leite integral aumentou em 7 das 8 capitais pesquisadas em abril. As maiores elevações foram observadas em Belo Horizonte (7,8%), São Paulo (2,9%) e Rio de Janeiro (2,1%). A média do litro de leite sofreu variação de 4,4% em abril em relação a março, passando de R6,24 para R6,52.
“A oferta limitada de leite no campo, devido ao clima adverso e pela saída de produtores da atividade no ano passado, tem impactado no preço do produto e de seus derivados. Isso fez com que os supermercadistas deixassem de comprá-lo, causando uma supressão de 18,4% do alimento”, comenta Luiza Zacharias, diretora de novos negócios da Horus.
Outros alimentos com ruptura elevada no mês de abril foram o arroz (15%) e o feijão (17,7%), que tiveram alta de preço de 9% e 14%, respectivamente, entre janeiro e abril. Enquanto a semente conhecida por ser fonte de ferro subiu em todas as oito capitais pesquisadas pela Cesta de Consumo Horus/FGV em abril, tendo atingido alta de 6,3% em Belo Horizonte e de 6,2% em Fortaleza, o aumento do preço do arroz teve variação de 1,5% em Salvador. Um dos motivos apresentados pela Horus é a migração dos agricultores para o cultivo de milho e soja, que estão alcançando recordes de exportações.
Já o café, que também faltou nas gôndolas pelo quarto mês consecutivo, chegando ao patamar de 13,6%, registrou uma queda de 1,2% no preço em relação ao mês anterior, mas, mesmo assim, o valor médio do quilo foi de R 47,41.
Recuo da ruptura
Por outro lado, as bebidas lácteas e de soja, que, em março, ocupavam, respectivamente, a primeira e quinta posições no estudo da Neogrid, apresentando 19,1% e 11,9% de indisponibilidade, tiveram uma redução de cerca de 3% de ruptura. Mas a categoria com maior diferença de presença nas prateleiras foi a de eletrodomésticos, que, em março, apresentava 18,4% de falta e, em abril, 14,5%.
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