Tarifas e juros podem transformar o cartão de crédito no vilão do orçamento domésticoReprodução: redes sociais
Para avaliar todos os custos que podem estar atrelados à utilização de cartões de crédito, a Proteste analisou 72 deles, entre as modalidades básico e diferenciado (com programas de benefícios), de 17 instituições financeiras: Banco do Brasil, Banrisul, Bradesco, BV Financeira, C6 Bank, Caixa Econômica Federal, Digio, Inter, Itaú, Losango, Neon, Next, Nubank, Original, PAN, Santander e Trigg.
Principal causa de nome sujo
É preciso ficar atento aos perigos para quem não consegue pagar a fatura. Dados recentes da Serasa – empresa para consultas a restrições a créditos — mostram que, entre os 70,5 milhões de inadimplentes no país, 31,6% deles se devem a dívidas pelo uso do cartão de crédito, causa campeã no ranking dos negativados. E, em comparação a fevereiro de 2022, houve um aumento de 3% no número de pessoas que não conseguiram saldar seus débitos.
Segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor de 2022, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), nos últimos dez anos a proporção de endividados no cartão avançou 11,4 pontos percentuais, passando de 75,2% para 86,6%. No Rio e em São Paulo, a situação é a mesma, como mostra a Pesquisa Proteste sobre endividamento, de 2022 — 74% dos entrevistados dessas cidades citam o cartão de crédito como o motivo de negativarem seus nomes. O mesmo percentual se repetiu na terceira edição dessa pesquisa, em abril de 2023.
O responsável por esse cenário que afeta as famílias brasileiras é uma pequena sigla: CET, que significa Custo Efetivo Total e reúne todos os encargos, tributos, taxas e despesas de um crédito. O problema é que, antes da contratação de um cartão, o consumidor tem muita dificuldade de saber quanto pagará de CET se atrasar o pagamento. Isso só fica claro depois, vindo na fatura.
Dessa vez, o CET mais alto encontrado foi de 836,29% ao ano, nos cartões do banco PAN para quem usar o crédito rotativo, que é quando o consumidor não consegue fazer o pagamento total. O mais baixo ficou com o cartão Nubank Gold, com 289,60% ao ano. “Mesmo assim, é um valor alto demais. Os juros praticados no cartão de crédito no Brasil são os maiores comparados a qualquer outra taxa vigente no mercado”, alerta Rodrigo.
Outro tipo de juro que compromete as finanças é o do parcelamento da fatura, que é quando o cartão dá a possibilidade de parcelar o valor total que deveria ser pago. “Essa é uma maneira de o consumidor não entrar no rotativo. Porém, encontramos juros de até 657,68% ao ano, no cartão Next Visa internacional. Por isso, também não aconselhamos que se faça esse tipo de parcelamento”, sugere.
Há mais dois juros que devem ser evitados: o do parcelamento de compras (podem chegar a 274,10% ao ano, no Banrisul Mastercard básico) e da função saque com o cartão de crédito (o maior CET neste estudo foi de 759,64% ao ano, no Banrisul Gold, Standard e Classic). Assim, o ideal é parcelar as compras apenas quando não são cobrados juros pela loja e evitar sacar dinheiro, porque o valor que será pago pelo empréstimo – já que seu cartão não é débito, e sim de crédito – será bem alto. E ainda é cobrada uma tarifa, que pode chegar a R 18,90 (saque nacional nos cartões do Bradesco) e a R 50 (saque no exterior pelo cartão da BV Financeira).
Mas, na hora da adesão a algum cartão que ofereça anuidade zero, é importante observar dois aspectos. O primeiro é que alguns só são isentos nos 12 meses iniciais, como foi visto com Santander Dufry Platinum e Banrisul Mastercard (Gold, Standard e Platinum). E o segundo é que alguns atrelam essa isenção a alguma condição, como a utilização mensal do cartão com um valor mínimo. Isso acontece com Mastercard Libre (do Banrisul), Bradesco NEO Platinum e Santander SX. “No mês em que o consumidor não atingir os gastos estabelecidos para a isenção da anuidade, será cobrada a parcela mensal referente à anuidade do cartão”, orienta o especialista Proteste.
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