Vendas do segundo semestre serão importantes para confirmar a recuperação do setor de eletrodomésticosInternet/Reprodução
Vendas de eletroeletrônicos registram alta de 13% no primeiro semestre
Apesar da alta, o nível de atividade industrial do setor ficou abaixo do registrado no mesmo período de 2019
Os seis primeiros meses de 2023 registraram resultados positivos para a indústria nacional de eletroeletrônicos, que fechou o primeiro semestre com crescimento nas vendas de 13% em relação ao mesmo período do ano passado. Conforme o levantamento da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), que monitora os indicadores de comercialização da indústria para o varejo, foram vendidas 44,02 milhões de unidades nos seis primeiros meses de 2023 ante às 39,07 milhões de unidades registradas no mesmo período do ano anterior.
A entidade, no entanto, ainda enxerga os resultados com cautela. A principal incerteza por parte dos fabricantes é se este ciclo positivo irá se manter no segundo semestre ou se os resultados refletem estritamente um forte movimento de reposição de estoque pelo varejo, visto que o segundo semestre de 2022 trouxe volumes muito baixos.
"Se o segundo semestre se mantiver dentro da média histórica de desempenho do segmento, podemos prever um crescimento anual entre 4% e 6% em relação à 2022", afirma o presidente executivo da Eletros, Jorge Nascimento.
Ainda segundo a Eletros, o cenário macroeconômico será determinante para que o setor termine 2023 com razões para comemorar. "Defendemos uma queda responsável da taxa de juros, para podermos recuperar as perdas recentes e avançarmos para um novo ciclo econômico mais positivo do que os dos últimos meses" complementa.
Retrospecto ruim
O crescimento contínuo do setor em 2023, registrado a partir de janeiro, interrompeu um dos piores ciclos históricos do setor que vinha registrando 18 meses de quedas consecutivas, que tiveram como consequência altos níveis de ociosidade.
Apesar das 44,02 milhões de unidades vendidas no primeiro semestre de 2023, o nível de atividade industrial do setor de eletroeletrônicos ficou abaixo do registrado no mesmo período de 2019, em que foram comercializados 47,13 milhões de unidades de produtos pelo setor.
Em 2022, o desempenho da indústria de eletroeletrônicos foi particularmente ruim. O volume produzido no ano passado projeta um retrocesso de mais uma década. "Em algumas linhas de vendas como a de televisores, por exemplo, o volume ficou semelhante ao registrado em 2017", pontua.
Juros impactam nas vendas
Para a Eletros, a redução na taxa de juros é um dos principais obstáculos para a retomada das vendas no setor. "Com maior estabilidade na inflação, nos custos das matérias-primas e do frete, reduzir os juros passa a ser uma prioridade para todo o setor produtivo", destaca Nascimento.
Conforme o executivo, a alta nos juros impacta especialmente nas vendas dos produtos de grande porte, como geladeiras, fogões e máquinas de lavar roupas, por exemplo, que são vendidos majoritariamente financiados. O mesmo acontece com televisores. "As dificuldades no acesso e o custo do crédito prejudicam a indústria e o varejo", complementa.
Reforma Tributária
A Eletros considera positivo o impacto da Reforma Tributária na redução do Custo Brasil a partir de um modelo mais simples, mais eficiente e menos burocrático.
No entanto, a entidade aguarda a votação do tema no Senado e definições sobre o percentual que será adotado no IVA nacional e uma discussão mais aprofundada sobre os impactos do corte dos benefícios fiscais nos Estados da federação.
Presente em 11 estados brasileiros, a Eletros defende que a Reforma Tributária preserve a atratividade de algumas políticas de incentivos fiscais para unidades federativas que possuam níveis de competitividade diferenciados por estarem distantes geograficamente dos principais centros de consumo e de produção.
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