51% dos pais afirmam que dão mesada para seus filhosPixabay

"Na volta a gente compra". A famosa frase, comumente usada por mães e pais para evitarem comprar produtos que seus filhos pediram, revela como os adultos costumam esconder a verdade das crianças quando o assunto é dinheiro.
A educadora financeira Luciana Ikedo afirma, porém, que é essencial falar abertamente sobre o tema com os filhos, e que a conversa pode começar desde cedo, a partir dos três anos.
"Dinheiro não é tabu e devemos falar abertamente sobre o tema, de forma objetiva e transparente sempre", aconselha a especialista.
No Brasil, 85% dos pais afirmam que ensinam seus filhos sobre a importância de ter uma vida financeira saudável, de acordo com a pesquisa Finanças Infantis, da Serasa. Apesar disso, só 65% acreditam ter conhecimento suficiente sobre finanças pessoais para passarem aos filhos.
Educação financeira: quando e como falar?
Para quem ainda está na dúvida de como abordar o tema com os filhos, Luciana afirma que a principal dica é trabalhar o assunto com transparência e, ao mesmo tempo, adequá-lo à idade e entendimento dos filhos.
Com os mais novos, a partir dos três anos, é possível inserir o tema de forma lúdica, apresentando brincadeiras e histórias relacionadas à educação financeira que possam ajudar os pequenos a irem se familiarizando com o assunto.
Conforme as crianças vão crescendo, elas podem começar a participar das conversas sobre o orçamento da família ou podem aprender a cuidar do próprio dinheiro.
Com ou sem mesada?
De acordo com a pesquisa da Serasa, 51% dos pais dão mesada para os filhos, contra 49% que não dão. Dentro do grupo dos que dão mesada, o principal motivo, citado por 49% dos entrevistados, é ensinar o filho a lidar com o próprio dinheiro.
As mesadas são, de fato, uma das estratégias para educar os filhos financeiramente. Com o próprio dinheiro, as crianças podem aprender a poupar, planejar uma compra e, a depender da idade, investir.
Isso não significa que as famílias que não têm o hábito de darem mesada aos filhos ficam sem opções, já que há outras formas de ensinar as crianças a cuidarem do dinheiro. Luciana aconselha que os pais podem, por exemplo, inserir os pequenos nas conversas sobre dinheiro que envolvem todo o orçamento familiar.
Confira alguns exemplos:
- Orçamento familiar: na hora em que os pais estiverem organizando as contas da família, as crianças podem ser convidadas a participarem, contando quais são seus objetivos (brinquedo que querem comprar ou lugar que querem visitar, por exemplo), e ouvindo dos pais quais são as limitações financeiras da família;
- Lista de compras: outro momento para envolver as crianças é na hora de fazer a lista de compras do supermercado, ajudando os pequenos a entenderem como gastar menos, abordando quantidades e valores;
- Contas de consumo: os pais também podem mostrar para os filhos os gastos com água, luz e gás, por exemplo, incentivando as crianças a diminuírem o consumo para poupar dinheiro.
Todas essas conversas, reforça Luciana, devem ir evoluindo gradualmente de acordo com a idade e nível de entendimento dos filhos.
"Quando incluímos as crianças nestes processos, temos a oportunidade de presenteá-las para a vida toda. A vida é feita de escolhas, e trilhar um caminho em detrimento de todos os outros possíveis será mandatório", comenta a especialista.