Presidente do Banco Central, Campos NetoMarcelo Camargo/Agência Brasil
Questionado sobre as críticas do governo Lula à atuação do BC ao longo deste ano, Campos Neto voltou a citar a polarização política no Brasil e reforçou que é necessário respeitar o resultado das urnas.
"Entrou um novo presidente que tem opiniões sobre juros. Mas a história vai mostrar ao longo do tempo que as decisões do BC foram técnicas. O BC parou de subir os juros muito perto das eleições. O resultado do que foi feito está aí", completou o presidente do BC.
Campos Neto disse ainda que em nenhum momento pensou em sair do BC, apesar das críticas até pessoais. "As decisões não são tomadas só pelo presidente. Se eu saísse do BC, estaria colocando em risco o avanço institucional da autonomia", acrescentou.
No começo do mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma queda de 0,50 ponto percentual dos juros básicos, para 13,25% ao ano, o que surpreendeu uma parte do mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais "parcimoniosa", de 0,25 ponto porcentual. O colegiado sinalizou ainda a manutenção do ritmo de cortes nas próximas reuniões.
Abertura para discussões
O presidente do Banco Central repetiu que teve até o momento apenas uma conversa com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda no ano passado, antes da posse presidencial
"Estou sempre aberto para discutir com o presidente ou qualquer membro do governo a qualquer momento. Converso muito mais com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas estou sempre aberto", afirmou Campos Neto.
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