Melhora da economia, queda da Selic, queda na inflação e diminuição no desemprego devem aquecer mercado de imóveisÉrica Martin/Agência O DIA
Publicado 04/03/2024 05:00 | Atualizado 05/03/2024 16:03
Rio - As perspectivas do mercado imobiliário carioca para este ano são animadoras. De acordo com especialistas da área, a previsão para 2024 é que as negociações de compra e venda de imóveis aumentem em relação a 2023. Entretanto, a redução da taxa Selic não é sentida de maneira imediata. Em janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou a redução da taxa básica de juros, a Selic, para 11,25%, um corte de 0,5 ponto percentual. A medida influencia na porcentagem de juros cobrados nos financiamentos imobiliários. Logo, se ela cai, tomar crédito, fazer empréstimos e financiamentos fica mais barato.
"Ainda não é possível observar os efeitos da redução da Selic no mercado de compra e venda de imóveis do Rio. A expectativa é que isso aconteça a partir do segundo semestre de 2024 ou ainda em 2025, quando conseguiremos calcular tanto o acumulado quanto a variação mês a mês", explicou a economista do DataZAP, Ana Carolina Tedesco. 
O gerente de Dados do Grupo QuintoAndar, Thiago Reis, engrossa o coro dos especialistas que acreditam que os efeitos da Selic serão sentidos de maneira mais lenta. "Com o ciclo de redução da taxa Selic, o mercado deve ser impactado positivamente — e, paulatinamente, nas transações de compra e venda de imóveis”, afirma.
Apesar de estatisticamente os efeitos da Selic ainda não serem perceptíveis, para o empresário Eduard Fernandes, que recentemente comprou um apartamento em Copacabana, na Zona Sul do Rio, após o anúncio da redução da taxa de juros, o financiamento ficou mais viável.
"Esperei dois anos e meio para fechar o financiamento, pois antes os bancos não estavam aprovando. Nem quem possui uma estrutura financeira maior conseguiria arcar com o valor do financiamento com a taxa que estava. A vantagem da espera foi que consegui juntar dinheiro e dar uma entrada maior, além de ter fechado com juros menores", relata.
Eduard Fernandes esperou dois anos para financiar um imóvel e garante que redução da taxa Selic diminuiu juros bancários - Arquivo pessoal
Eduard Fernandes esperou dois anos para financiar um imóvel e garante que redução da taxa Selic diminuiu juros bancáriosArquivo pessoal
Já o empresário Fábio Vaz também espera que a redução da taxa Selic o ajude a pagar juros menores. Ele pretende pegar um empréstimo ou recorrer a um financiamento para bancar a compra de uma residência depois de ter a casa em que morava na Pavuna alagada no temporal que atingiu a cidade e matou 12 pessoas em janeiro deste ano. "Prefiro pegar um empréstimo do que mexer no fundo de reserva da empresa e conto com o gerente do banco para me auxiliar com relação quais taxas são mais ou menos vantajosas", revela. 
Fábio Vaz contará com ajuda do gerente do banco para decidir qual a melhor forma de adquirir o bemArquivo pessoal
Número de imóveis a venda aumentou
De acordo com o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis do Rio de Janeiro (SecoviRio), atualmente na cidade há 136.260 imóveis disponíveis para venda. Em janeiro do ano passado, a oferta era de 118.646. Os bairros mais procurados para compra de imóveis são Barra da Tijuca, Copacabana, Tijuca, Recreio e Botafogo. Essas áreas apresentam tendência de valorização nos próximos meses. "Onde há a maior procura, acaba sendo os locais que mais valorizam, devido a demanda", informou a instituição em nota enviada a O DIA
O head comercial do QuintoAndar no Rio de Janeiro, Eduardo Alves, explica que a procura por imóveis na Zona Sul se destaca devido à sua localização privilegiada e infraestrutura consolidada. "A baixa quantidade de lançamentos nessa região, que é bastante saturada e com poucos terrenos disponíveis para novos empreendimentos, também contribui para alta procura dessa região", diz. 
Ainda segundo a SecoviRio, o primeiro bimestre de 2024 foi o melhor dos últimos dez anos quando se trata de venda. Até o dia 27 de fevereiro, foram realizadas 7.281 transações de venda contra 5.092 em janeiro de 2023. Apesar do crescimento, a instituição credita os bons resultados a diversos fatores, além de apostar que "com a melhora da economia, queda da Selic, queda na inflação e diminuição no desemprego, a tendência é melhorar ainda mais".
Área do Porto Maravilha deve ganhar destaque
Apesar dos bairros da Zona Sul e Oeste serem os mais procurados quando o assunto é compra de imóveis, há outras regiões da cidade que vem ganhando destaque. Méier e Tijuca são dois bairros da Zona Norte que figuram entre as localizades mais disputadas desta região, aponta Alves. 
De acordo com o especialista, a região do Porto Maravilha também deve ganhar destaque nos próximos anos por causa dos investimentos que vem recebendo. "Os eixos de interesse na cidade estão bem estabelecidos e nada indica, nos próximos meses, que isso deve se alterar. No entanto, no médio e longo prazo, há algumas mudanças interessantes. A região do Porto Maravilha tem um grande potencial nos próximos anos, principalmente pelos investimentos que  em recebido. A conclusão do Terminal Intermodal Gentileza e as demais infraestruturas da região pode atrair ainda mais interessados. A região do Centro da cidade, dentro das áreas do Reviver Centro, também tem potencial no longo prazo, principalmente com as obras de requalificação em diferentes edifícios da região", conclui.
Confira os bairros com o m² de venda residencial mais caro 
Leblon R$ 23.120
Ipanema R$ 21.651
Lagoa  R$ 16.289
Urca R$ 16.084
Gávea R$ 15.733
Jardim Botânico R$ 14.992
Barra da Tijuca R$ 12.524
Botafogo R$ 12.187
São Conrado R$ 12.163
Humaitá R$ 12.077
Fonte: Centro de Pesquisa e Análise da Informação do Secovi Rio
Bairros com o m² de venda residencial mais barato
Turiaçu R$ 2.223
Pavuna  R$ 2.508
Santa Cruz R$ 2.610
Cosmos R$ 2.637
Inhoaíba R$ 2.661
Guadalupe R$ 2.742
Bangu R$ 2.897
Praça Seca R$ 2.941
Thomas Coelho R$ 2.948
Jardim América R$ 3.011
 Fonte: Centro de Pesquisa e Análise da Informação do Secovi Riosinonimo de procurada
Publicidade
Leia mais