Pagamento de dívida marca uma nova fase na recuperação judicial da LeaderDivulgação

“Já é Natal na Leader Magazine.” O jingle que faz parte da memória dos fluminenses — e uma das marcas registradas da rede varejista, que atualmente se chama apenas Leader — ganhou ainda mais importância neste início de dezembro com a celebração de um acordo para quitar as dívidas da empresa com a Inova, grupo responsável pela recuperação judicial. O valor dos débitos era de R$ 1,6 milhão. A função do administrador judicial é atuar como uma espécie de braço direito do juiz do processo. O pagamento é visto pelo mercado como a sinalização de que o resgate da companhia vem se consolidando.
A dívida preocupava os credores, pois se referia a um dos custos básicos de empresas em recuperação judicial. A Leader não pagava a Inova desde fevereiro. Em maio, um grupo assumiu o comando da varejista e implementou uma série de medidas para resgatar a saúde financeira da companhia, que se encontrava à beira da falência. Levantamento de débitos e de acordos não cumpridos, inclusive de natureza trabalhista, foram renegociados. A nova direção colocou o plano em prática para saldar dívidas da ordem de R$ 1,6 bilhão, herdadas dos antigos controladores.
No processo de repactuação das dívidas iniciado em maio, foram celebrados novos acordos com a Light, proprietários de imóveis onde funcionavam filiais da varejista, ex-funcionários e fornecedores. De acordo com fontes que participaram das negociações, a prioridade da nova gestão no primeiro momento foi manter em dia os salários dos empregados das seis unidades em operação, garantindo receita e fluxo de caixa.
Ex-gigante do varejo aposta em expansão
A Leader chegou a ter 160 lojas em sete estados — a maior parte no Rio de Janeiro. Fundada em 1966 no município de Miracema, a rede cresceu e se transformou em uma referência do varejo fluminense. No entanto, a partir de 2016, a empresa começou a enfrentar sérias dificuldades financeiras. O processo de fechamento das lojas e o acúmulo de dívidas quase levaram a varejista à falência. Em maio passado, com a chegada dos novos controladores, a situação começou a mudar.
Os acordos renegociados preveem a quitação das dívidas até 2028. O grupo controlador acredita que em até sete anos todos os passivos financeiros herdados da antiga gestão serão pagos. O mercado e os credores envolvidos na recuperação judicial voltaram a ter acesso aos balanços da Leader — o que não ocorria desde julho —, o que dá mais tranquilidade a quem tem valores a receber e aos próprios consumidores.
Com seis unidades em operação, a Leader aposta na expansão para garantir fluxo de caixa e manter os pagamentos de acordos judiciais, fornecedores e funcionários em dia. Uma fonte que teve acesso aos planos de reestruturação da rede diz que a ideia dos atuais controladores é chegar ao fim de 2025 com algo em torno de 70 lojas abertas. A retomada do crescimento começou em setembro, com a reinauguração da filial de Bonsucesso, na Zona Norte carioca.