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Por RENAN SCHUINDT

Rio - A Polícia Civil de São Paulo não descarta a hipótese de pedir uma acareação entre o atacante Neymar e a modelo Najila Trindade Mendes de Souza, que acusa o jogador de agressão e estupro. O objetivo é acabar com as contradições nos depoimentos sobre o vazamento da conversa e de fotos íntimas da moça. No início da noite de ontem, a modelo deixou a 6ª Delegacia de Defesa de Mulher, em Santo Amaro, na zona Sul da capital paulista, em direção a um pronto socorro, na mesma região. Carregada pelo advogado e com o rosto coberto por um casaco, Najila precisou ser levada para um hospital, após se sentir mal. O assessor e o técnico de informática citados por Neymar, como os responsáveis pela montagem do vídeo no qual se defende da acusação, também serão chamados para depor.

A modelo chegou na delegacia por volta de 11h55, ao lado de seus advogados e de uma funcionária, que também foi ouvida pelos policiais. A mulher, que não teve o nome revelado, estava com a modelo quando o boletim de ocorrência foi registrado. Um dos objetivos da delegada Juliana Bussacos e dos investigadores da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), do Rio, era tirar dúvidas sobre a história contada por Najila na semana passada, além de terem acesso na íntegra ao vídeo que mostraria a suposta agressão cometida por Neymar. Esta foi a quinta intimação destinada à modelo, que não atendeu às quatro chamadas anteriores.

Em alguns momentos da oitiva, a modelo teve dificuldade para relatar o ocorrido. A pedido da delegada, apenas mulheres foram autorizadas a permanecer na sala de depoimentos: outras duas delegadas e uma escrivã. Najila precisou responder se havia autorizado a divulgação de suas fotos íntimas e também se elas foram enviadas para outra pessoa. No decorrer da conversa, a modelo se queixou do estresse psicológico e relatou estar com a pressão baixa. Na parte da tarde, funcionários da delegacia chegaram a comprar comida para que ela pudesse se alimentar. Por volta das 18h, Najila saiu da delegacia carregada no colo pelo seu advogado, Danilo Garcia de Andrade, sem dar entrevistas. Cercada pela imprensa, ela foi levada pelos próprios policiais até o Hospital do Grajaú, na mesma região.

Outro questionamento feito pelos investigadores se refere ao laudo médico particular apresentado por Najila para comprovar as agressões. O médico Luiz Eduardo Campedelli, que assina o laudo médico da modelo, registrou "arranhaduras, hematomas em absorção e estrias em região de ambos os glúteos". A avaliação foi feita no dia 21 de maio (seis dias após o suposto estupro). O médico afirmou que seu lado não continha imagens. Mas Najila apresentou fotos das escoriações juntamente com o laudo. Se for comprovada a adulteração, a modelo pode ter de responder por fraude processual.

A polícia também ouviu a profissional responsável pela limpeza do apartamento onde Najila morava. Os investigadores pediram informações sobre uma possível tentativa de arrombamento que teria ocorrido no apartamento da modelo, na noite da última terça-feira. Esse teria sido o motivo que Najila utilizou para não comparecer à intimação de quarta-feira.

Na quinta-feira, Neymar prestou depoimento na DRCI, na Cidade da Polícia, no Rio. Segundo o jogador, ele teve ajuda de um assessor e de um técnico de informática para montar o vídeo no qual se defende da acusação. O jogador foi ouvido por cerca de 1 hora e 30 minutos no inquérito que investiga suposto vazamento de imagens íntimas.

O boletim de ocorrência foi registrado há uma semana, em São Paulo. Najila acusa Neymar de ter sofrido estupro em Paris, para onde viajou a convite do atleta, em abril. No documento, ela afirmou que o jogador estava aparentemente ‘alterado’ e, após conversarem e trocarem carícias no hotel onde ela estava hospedada, o jogador se tornou agressivo e ‘mediante violência, praticou relação sexual contra a vontade da vítima’.

Já o jogador justificou que apenas gravou a parte do vídeo onde explicava toda a situação para o público e não tinha total conhecimento do restante do material que seria acrescentado. Neymar também permitiu que a polícia acessasse o conteúdo inteiro da conversa entre ele e a modelo. Não houve, no entanto, a apreensão do aparelho.

Responsabilidade em rede social

Na opinião do advogado Carlos Feijó, especialista em Direito Civil, Neymar pode responder pela divulgação das imagens, mesmo que não tenha sido ele quem tenha feito as postagens. "Se ele é o dono da conta e autoriza terceiros a usarem esse perfil, ele (Neymar) tem responsabilidade sim", afirma. O jurista diz que a única forma de não ser penalizado é provando uma invasão à sua rede social. "Precisa ter provas que conta foi invadida. Que usaram de forma indevida, para essa finalidade".
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De acordo com Feijó, é preciso verificar se a publicação teve o intuito de prejudicar a modelo. "O agente responde pelo ato que pratica. É uma mídia social com capacidade de propagação gigantesca, qualquer conteúdo que se posta pode virar algo nocivo", finaliza.

Medo de represálias

Em entrevista ao SBT, concedida na quarta, Najila Trindade, disse que tem medo de morrer por estar envolvida em uma polêmica com uma personalidade. Segundo a modelo, nos últimos dias ela tem feito uso de calmantes e revelou ter sido ameaçada. "Coisas estavam rolando atrás de mim. Nas minhas costas. Pessoas planejando minha morte. Eu entrei em uma psicose horrível. Eu fiquei com a sensação que poderiam me matar. Eu me sinto pressionada pelas pessoas por trás da carreira dele. As coisas chegam em ligações, mensagens", afirmou.

 

Quebra de contrato

Preocupada com a repercussão do caso, a NR Sports, detentora exclusiva dos direitos de exploração comercial da imagem, nome e marcas de Neymar, desde 2006, enviou uma nota à imprensa desmentindo o fim do contrato com o jogador. No entanto, a empresa confirmou que vai adiar o lançamento de algumas peças publicitárias.

"Esclarecemos que não houve rompimento de nenhum contrato atualmente em vigor após a divulgação da grave acusação contra o atleta. Em conjunto com alguns parceiros e patrocinadores a NR Sports está suspendendo algumas campanhas diante da gravidade das injustas acusações e, sobretudo, da categoria de marcas endossadas. A marca informou ainda, que os demais parceiros decidiram não alterar o rumo das campanhas. E que "as equipes jurídicas estão com uma força tarefa para abreviar a conclusão dos procedimentos policiais e comprovar a sua inocência". A empresa diz que em breve tudo será esclarecido e que todas as evidências convergem para a conclusão de que Neymar foi vítima de calúnia.
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