Publicado 01/08/2021 12:54
A Seleção Brasileira Masculina de Futebol está voando em campo nas Olimpíadas de Tóquio. Mas já parou pra pensar quantas batalhas esses atletas tiverem que superar para chegar à Terra do Sol Nascente? Titular da camisa 5, Douglas Luiz é um desses exemplos de superação. Cria do Complexo da Maré, comunidade da Zona Norte do Rio, o volante descobriu o esporte por entre projetos sociais e, hoje, não só celebra sua trajetória de sucesso, como inspira a garotada e busca retornar ao país com uma medalha de ouro no peito.
"É muito especial poder ter saído da favela e estar aqui representando todo aquele pessoal que acreditou em mim, representar minha família, o país e todos os apaixonados por futebol. Tenho muito orgulho de falar que sou cria da Maré. Me sinto honrado por estar aqui. Nem nos meus melhores sonhos acreditava nisso, mas nunca desisti", diz ele em conversa com o MEIA HORA, diretamente de Tóquio, entre um jogo e outro.
A estreia, segundo ele, teve um gostinho especial. Afinal, vencer a Alemanha com vitória de 4 a 2 foi o suficiente para espantar o fantasma do 7 a 1 da Copa de 2014. "Acabou superando todas as expectativas, foi um inicio muito bom. A gente vai trabalhar para crescer na competição", ressalta o carioca, que também celebra a vitória contra o Egito, e o avanço nas quartas de final. "A gente demonstrou que veio com força, para brigar pela medalha. Temos time e qualidade para isso. Vai ser uma grande Olimpíada", celebra.
E foi através do amor pelo futebol que Douglas Luiz viu sua vida se transformar e as oportunidades de vencer na vida se tornarem reais. Os primeiros passos foram num projeto da Vila Olímpica da Maré em parceria com o Flamengo. A partir dali, o atleta, de 23 anos sentiu o gostinho do esporte e nunca mais parou. "Tenho muito agradecer a favela de onde em vim. Foram muitos momentos até chegar a peneira do Vasco, onde assinei meu primeiro contrato e comecei a ganhar meu dinherinho. Joguei muita bola sem receber um real. A gente faz por amor, me sentia livre e feliz dentro de campo", relata ele, que passou pelo Madureira e Vasco até chegar ao Manchester City e, atualmente, defender o Aston Villa, da Inglaterra.
E mesmo rodando o mundo, Douglas sempre que pode retorna à comunidade. Uma espécie de combustível para ele. "Existem pessoas de muito valor na favela, mesmo não tendo muitas oportunidades. A vida que a gente leva é um pouco triste por lá, mas a gente é honrado. Me considero um vencedor. Tenho orgulho de onde eu vim, de voltar lá e ser um exemplo: as crianças me abraçam, as tias me beijam, os caras apertam minha mão. Isso é incrível, É mostrar que há possibilidade para vencer", decreta.
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